segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Balanços & Desejos!

Adeus 2012!

Foi bom enquanto durou porque mesmo os piores caminhos podem ser os melhores desvios para a felicidade. E todos os caminhos são feitos de pedras para construir o castelo da minha vida. O meu palácio!

Tudo começou com uma aventura numa casa desconhecida. O primeiro encontro com alguém numa noite de passagem de ano, na casa da sua irmã e ainda por cima com a plateia de uma família que muito menos conhecia. Sim, comigo é possível! Sou uma autêntica fera, não é minha senhora? Sinto-me em dívida contigo!

Mais tarde, conheci uma amiga. Sim, uma amiga. Tudo tão rápido que até a mim me surpreendeu. Uma miúda alta, gira, bem disposta, de sorriso inconfundível, de coração enorme e especialmente com a minha linguagem. Hoje em dia é um caso raro. E por isso ontem, no seu aniversário, decidi dizer-lhe que será para sempre a minha revelação de 2012. Miúda, o Óscar é teu!

Nesta altura, um segredo por revelar aconteceu. Mas é segredo, saberão no próximo ano!

Cansado de tanto e desgastante trabalho, aproveitei os primeiros dias de Primavera para passear com os amigos. Os destinos foram fronteira Alentejana e fronteira Minhota (só agora reparei que sou um homem fronteiriço!). Do Alentejo guardo o Engenheiro Bação, esse ícone do cálice de tinto e de um bom charuto, o aldeamento fantástico onde fiquei, a prova de vinhos na Herdade do Esporão ao pôr-do-sol e as magníficas pessoas com quem estive. Nem todos estavam disponíveis para a viagem seguinte, mas por cada leão que cairá, outro se levantará, e assim fomos para o Minho. Terra Verde, animais na estrada, local de culto religioso, Gerês magnífico, alojamento razoável, comida fraquinha, bebida para esquecer. No Minho talvez tenha bebido o meu último copo de Tinto Verde. Para uma viagem futura fica Viana do Castelo e uma pergunta: quem disse que Portugal está no lixo?

Este foi mais um ano em que a malta-dos-balneários-de-praia voltou a atacar. Desta vez, um ataque cerrado à Figueira da Foz e a Foz do Arelho. Pelo meio, mais um álbum de fotos do pôr-do-sol! Minha querida, começa a planear o próximo roteiro que o sol brilha cada vez mais!

Apresentações de livros foram imensas. Mas se querem que vos diga, tantas que não valeram uma! E uma viagem de regresso com o doce sabor da amizade. Sim, minha companheira inseparável, estive, estou e estarei contigo onde quer que estejas. Marca a próxima ou talvez não, estarei contigo por qualquer motivo desde que sejas tu!

Este foi o ano de uma visita especial. Uma visita transatlântica! Um dejá-vu mais próximo! Um dia gostaria de ser tão bom como tu. Mereces o melhor do mundo porque o melhor está destinado a quem sabe cuidar. Tal e qual aquela flor, lembras-te? Achei você no meu jardim...

Por falar em música, foi ano de Rock In Rio, Coldplay no Dragão, Scissor Sisters em Coimbra e bandas de garagem no Irish. Estou ansioso pela agenda musical do próximo ano!

Será que fui só eu que achei que o Verão passou depressa demais? E logo a estação do ano que mais gosto. O mundo está em crise mas não chegará ao meu sol. Há coisas inimutáveis!

Quando vou a ver, as estradas estão cobertas de folhas num manto castanho de digno momento fotográfico. E é nessa altura que começo a pintar as cores da Enfermagem na casa ao lado. Já dizia Ana Bacalhau que "andamos sempre uma casa ao lado", mas também no início do ano as cartas revelavam confiança na mudança. E assim fui, confiante, seguro e determinado! Aposta ganha e um a zero para a maturidade!

Se em anos anteriores o Zen tinha tomado conta de mim, este ano decidi alimentar um pouco mais o culto do corpo. Mente sã em corpo são e a minha primeira grande temporada no ginásio. Sinto-me mais forte, confiante, audaz, o desporto é cada vez mais o meu nome do meio!

No blogue, foi também o ano da mudança. A começar pelo nome após o susto do fim anunciado. Raio de Sol é a minha imagem tal e qual como o blogue! E numa recriação constante, surgiram mais contos conjuntos e a primeira grande entrevista a bloguistas. Nos contos ainda há muito por contar, porque o conto começa após um conto e feliz de quem encontra as melhores personagens para a sua história. Curioso por te  encontrar! Na entrevista, não podia existir melhor entrevistada, a minha querida amiga Raven. Já fazes parte da minha história, obrigada por existires! E por acreditar que este pode ser um caminho para o meu microfone. O sonho da locução de rádio continua, teve um revés, mas nada que afecte o talento!

E sempre com a saúde necessária para poder desfrutar de todos este momentos que me fizeram crescer e tornar-me numa pessoa melhor no final deste ano. Esta será sempre a minha maior dádiva!

Olá 2013!

Sei que serás um grande ano! Um ano de optimismo. A estabilidade após um período de transição conturbado. O primeiro passo. A mudança. A paz. O conforto. A realização. 

Sei que serás assim porque já me sussurraste ao ouvido. E o meu coração sente. E a luz aumenta. E a obra nasce!

E a primeira história será em Albufeira porque o amor é mágico. Até já!

Música: Coldplay - Hurts Like Heaven

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Verdade acima de tudo?

Imaginem que tinham um amor para viver e um(a) amigo(a) para a vida com quem já tinham tido um caso íntimo. Entre a honestidade incomodativa e a ocultação perigosa, seriam capazes de revelar a intimidade com um amigo(a) ao vosso amor? Eis a questão!

sábado, 22 de dezembro de 2012

A Minha Mensagem de Natal!

O mundo precisa do Natal, mas o Natal ainda não aconteceu!

Nesta altura as ruas da minha cidade iluminavam-se ostentosamente em celebração do Natal, a baixa da cidade reunia milhares de pessoas todos os dias em busca do melhor presente para o filho da prima do jardineiro, as músicas natalícias ecoavam e os preços eram bem mais baratos. Hoje em dia, as ruas cheiram a moscas, as calçadas estão vazias, a noite torna-se escura e medonha, ouve-se apenas o barulho das castanhas a assar e os preços estão tão elevados que parece que trabalho de graça. Isto sim, pode ser o fim do mundo! Para mim é mais uma vez o sinal para a mudança!

No passado, vivemos sobre o que não podíamos, alimentámos ilusões de riqueza, enganámos o vizinho mas principalmente enganámo-nos a nós próprios e o resultado está à vista. Um mundo desprovido de valores, completamente falido da sua honra e num amor-próprio que se confunde com o amor ao materialismo. Mas um amor não-correspondido de bolsa vazia!

Basta! 

O dinheiro acabou, já não há presentes a granel e apenas há espaço para o amor. O amor é gratuito, depende apenas de nós, surge por livre vontade e pode reerguer o mundo. Abracem-se, beijem-se, sorriam, partilhem, estendam a mão, ajudem, perdoem, aproximem-se, conheçam!  Criem, inovem e invistam no optimismo, ele conduzirá ao positivismo necessário porque nós somos capazes. Nós somos o poder. Nós somos o inimaginável com uma força tremenda. Façam do zero a verdadeira fortuna porque o amor existe! Façam acontecer o Natal! Porque o Natal é todos os dias e pode começar hoje e eternizar-se para o nosso bem. Eu e tu somos dois e o terceiro ficará contagiado com o nosso amor. Vamos acreditar! Só assim poderemos evitar as banais mensagens de "Feliz Natal!" porque o Natal deixará de existir e felizes estaremos nós. Não precisaremos de muito dinheiro, apenas o suficiente para a subsistência, e viveremos muito mais de acordo com o sentido da nossa existência. Seremos muito mais naturais e cumpriremos a nossa missão no mundo: descobrirmo-nos nas mais-valias do ser!

Este é o meu mundo, este é o meu Natal, esta será sempre a minha lição de vida. Nascendo e renascendo, sob o signo do amor, provando que o maior nascimento de todos começou há mais de dois mil anos atrás, mas que essa é a luz para o nosso renascimento. Sejamos felizes, também no Natal!

Música: Celine Dion e Andrea Bocelli - The Prayer

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

"As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade!"

Uma música no ar.
O calor de um aquecedor.
A presença distante.
O conforto de uma peça de roupa.
As palavras escondidas.
O orgulho e o caminho.

E o sol existe num dia de chuva intensa!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Polar Postcrossing 2012

Fiquei satisfeito pela minha "sorte" na escolha do amigo secreto. Mas vou manter o segredo até ao fim.

Espero que o meu blogue esteja a ser fonte de inspiração para um magnífico postal do meu amigo secreto. Mas estou curioso e, se possível, aguardo um sinal antes do postal. Pensa nisto!

Até breve! (com um sorriso)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Raven: "Acho que será uma rubrica de sucesso"


GC: O que achaste da entrevista?
R: Acho que será uma rubrica de sucesso. No meu caso o tempo é pouco, talvez pudesse ter sido mais rica com outro timing…
GC: Que sugestões fazes para as próximas entrevistas?
R: Talvez abordar mais, além da vida de cada bloguista, os seus pensamentos e crenças, algo que revele mais a alma…
GC: Quem gostarias que fosse o próximo entrevistado?
R: Acho que a Mafalda do blog Personalidade Múltipla poderá ser muito interessante…
GC: Porquê?
R: Pelo que leio ela é bem inteligente, escreve bem, tem muitos objectivos, bastantes sonhos de futuro e um passado diverso, ela fala abertamente das suas experiências.

As Curtas da Raven!


GC: Deus ou o esoterismo?
R: Depende do que entenderes por esoterismo... prefiro acreditar em destino e respeito. Deus não é um bom conceito para mim…
GC: O que te surgere o erotismo na tua vida?
R: O amor, a entrega a uma pessoa, respeitando-me…
GC: Política, que dizer?
R: Que perdeu o rumo. Criou-se uma elite que por mais que tentemos, nunca é punida. Voltamos à monarquia e a culpa é do povo, sobretudo, que reclama mas vota sempre no mesmo.
GC: Touradas?
R: Contra! Respeito é pela vida, seja humana ou animal.
GC: Maior criação da tua vida?
R: A minha própria construção. Defeituosa ainda, mas com noção do que tem de melhorar.
GC: Namoros da tua mãe?
R: Ela conheceu um homem a vida toda e ficou traumatizada. É um dos meus sonhos que ela encontre um bom senhor, que a estime e lhe devolva a alegria e a adolescência que perdeu.
GC: Mudança corporal?
R: Um peito mais pequeno e uma operação há vista que já vejo para lá de mal.
GC: Saúde?
R: Felizmente, sempre fui muito saudável e espero manter-me assim. Infelizmente, faço parte das famílias de risco do IPO e sinto sempre a ameaça constante do cancro.
GC: Videntes?
R: Já fui e acredito. Já vivi algumas experiencias reveladoras…
GC: Book sensual?
R: Bom ponto! Gostaria muito. Mas o namorado é contra, acha muito perigoso a revelação das fotos por terceiros.
GC: Mãe?
R: Ponto de preocupação. Sem experiencia profissional, sem um apoio masculino (o qual sei que ela adoraria ter)... temo muito pelo futuro dela…
GC: Pai?
R: Inexistente!
GC: Irmão?
R: Remorsos.
GC: João?
R: Aprendizagem e talvez um futuro…
GC: Homosexualidade?
R: Algo que defendo com unhas e dentes ao ponto de muita gente achar que tenho essa orientação e não quero admitir. Amor é amor, corações e carácter são únicos. Todos temos o direito de amar de igual forma, livre e sem "entendidos" a meter o bedelho.
GC: Adopção de crianças por pais homossexuais?
R: Há muitas mulheres que só porque nasceram com um útero, acham que o podem usar como se usa uma caneta que está à mão para apontar algo. Infelizmente, há tantos meninos a sofrerem sem amor, que chegam aos 18 anos e ficam sem tecto. Porque não dar-lhes um lar?
GC: Aborto?
R: A favor. Cada pessoa deve decidir sobre o seu corpo. Mas considero que a lei está mal elaborada. Aborto sim, mas com responsabilidade. Há muita gente a fazer 4 e 5 por ano. Isso já é homicídio, é brincar com a vida…
GC: Filme?
R: Alexandre O Grande.
GC: Livro?
R: Livro do Desassossego de Pessoa.
GC: Música?
R: Blackbird dos AlterBridge.
GC: Arte?
R: Toda ela expressa partes diferentes da alma de cada um. Mas prefiro a pintura.
GC: Cidade?
R: Apaixonei-me por Madrid e pela Covilhã.

Raven: "Ninguém é uma vagina ou um pénis"


GC: Em que altura da tua vida conheceste o teu namorado?
R: Em Fevereiro de 2011. Quando já tudo tinha acontecido, quando já estava só com a minha mãe, no mês em que faria 22 anos.
GC: E onde se cruzaram?
R: Destino. Ele abriu um café ao lado da minha casa. Fez amizade com a minha mãe e a minha tia. E um dia, o pai dele, em tom de brincadeira, decidiu dizer à minha mãe: "tenho aqui este moço solteiro, a sua filha também é, porque não os juntamos?". A partir dai, achei piada a brincadeira e comecei a meter-me com ele. Sempre que ia lá tomar café, mostrava-lhe o dedo anelar e dizia-lhe "decora bem o tamanho! Quero um diamante bem bonito!". E ele ria, achava-me piada.
GC: E o momento onde tudo começou foi digno de um diamante?
R: Não sei... giro foi! Tudo começou a partir desta brincadeira. Porque uma semana depois desta situação, foi o meu aniversário e ele aparece-me com um anel de diamante (dos chineses, claro) e deu-me em frente a todos os meus amigos. Morri de vergonha! Mas foi divertido. Depois, tudo surgiu num convite para sair…
GC: Tudo surgiu num instante ou foi mais um teste de paciência?
R: O beijo sim. Fiquei chocada comigo. Nunca fui assim. Na primeira saída à noite beijamo-nos. Arrependi me muito! Passei a seguinte semana a fugir dele, a evita-lo. O resto demorou. Demorou porque ele tem mais 8 anos do que eu e a confiança é algo que se constrói…
GC: O amor tem idade?
R: Não. Mas é mais difícil. O amor é amor, apaixonamo-nos por caracteres, almas. Mas cada idade traz objectivos, ambições e é difícil de conciliar. Eu própria digo sempre que não tenho um namoro, tenho um emprego! Dá muito trabalho. Uma pessoa aos 30 já deseja coisas que uma pessoa com 20 nem sonha. É preciso muita paciência e compreensão…
GC: E distância física?
R: Ui... eu acredito em amor à distancia. Agora há pessoas que não têm maturidade para tal. Não é fácil, claro que não! Mas acho que quem ama prefere ver a pessoa quatro vezes ao ano do que nunca a ter. Mas é um trabalho mais intenso, porque temos de fazer outro tipo de exercício, temos de estar sempre a inventar, temos de dar a sensação de presença em algo que está ausente.
GC: Durante a tua história de amor, o que valorizaste mais?
R: A aprendizagem. Sem dúvida. Porque a idade não é o único obstáculo. Eu e o João somos de mundos diferentes. Ele sempre foi muito mimado, os pais fazem lhe tudo, ele tem uma família extremamente unida ao ponto de eliminarem a individualidade, são um todo. Ele é muito mimoso e eu muito fria. Temos passado opostos, eu sempre muito certinha, ele sempre um badboy. Não é fácil conciliar. Brigamos muito, desafiamo-nos muito, estamos sempre em conflito, nem sempre nos compreendemos, mas ainda nos mantemos porque sabemos que com calma conseguimos. Se há amor, o resto pode ser trabalhado. Temos é de aprender a não puxar cada um para seu lado. E de há uns meses para cá estamos a conseguir...e se amanha este namoro acabar vou ficar contente porque valeu a pena. Eu ensinei o João a pensar por si próprio, a lutar, a ser mais independente. E ele ensinou me a não ser tão dura, a mostrar me mais. Comecei a chorar em frente a outros desde que namoro com ele!
GC: Casamento em vista ou uma ideia fechada e sem sentido?
R: Ideia ambígua! Eu acho desnecessário, um gasto de dinheiro para os outros verem. O amor não é material, não precisa de música e flores e convidados. Um papel e euros gastos não mudam nada. Por mim, casaria numa cerimonio espiritual bonita, só eu e ele. Mas ele não. Ele é muito materialista, adora a festa, adora a ideia da mulher com o vestido, dos amigos perto dele nesse momento importante...
Como uma relação é um conjunto de cedências, não me importo de casar com festa e fazer lhe a vontade. Mas será um dia cansativo na medida em que o acho desnecessário e sem sentido mas de todos os modos já não! Acho-me muito jovem…
GC: Falaste há pouco da exposição da tua "primeira vez" com o João no teu blogue. A polémica surge porque a virgindade tem ou não prazo de validade?
R: Claro que não! Se bem que, por algum motivo, hoje em dia a virgindade é vista como um fardo. Algo que tens de te desfazer o mais rápido possível na adolescência. Qualquer dia temos miúdos de 10 anos mais rodados que muita prostituta, meu Deus! Parece-me uma loucura. Tenho várias amigas a chegar aos 30 que se mantêm virgens. É normal. Anormal é sentir um fardo por respeitar o nosso corpo.
Não somos objectos, os órgãos sexuais não são pedaços de carne que vão apodrecer por não terem utilidade. Acho apenas que tudo tem o seu tempo, cada pessoa tem o seu momento, o Destino de que falámos há pouco. Basta sermos sensatos e respeitarmo-nos. Ninguém é uma vagina ou um pénis, somos ideias, atitudes.
GC: E filhos, muitos, poucos ou nenhum?
R: Tema polémico... Nunca gostei muito de crianças... Não as acho fofinhas e lindas, como 90% do mundo. Não lhes ligo importância. Não que as odeie ou trate mal, simplesmente não me captam a atenção.
Nunca quis ser mãe e mantenho essa posição até agora mas tenho consciência que o relógio biológico não avisa, é uma questão hormonal. E o facto da mulher ter como que um "prazo de validade" pode ser uma pressão-chave.
Não posso dizer nunca. Não me vejo a ter filhos, não me vejo a deseja-lo mas... quem sabe o que quererei aos 30 anos?
GC: Por amor serias capaz de acelerar o relógio biológico?
R: Jamais. Gerar uma vida é muita responsabilidade. Ou é algo que desejamos e temos consciência que é uma vida frágil a qual teremos de nos dedicar ou não vale a pena. Um filho muda muita coisa. Ou o temos por nós ou não temos. Não se pode gerar uma vida como se fosse uma prenda, uma vontade a que se cede. Por isso existem muitas crianças não amadas pelos pais…
GC: Qual a relação com a família do João?
R: Tema ainda mais polémico! É péssima. A família dele funciona como um todo, são tão unidos que nem há espaço para respeito. São 3 filhos, mas todos funcionam com os pais. Não tomam decisões sem haver uma aprovação dos progenitores. Têm uma empresa familiar, trabalham todos juntos. A sede da empresa é inclusive na vivenda da família. Tudo é extremamente controlado. E depois surgi eu, a incentivar o João a ir trabalhar para o estrangeiro, a pensar por si, a ter noção que tem 30 anos e necessita de ser homem e tero o seu espaço. Claro que me tornei um alvo a abater…
GC: E que posição toma o João no meio disto tudo?
R: Para ele é muito difícil. No início não via a realidade, estava absorvido por tudo aquilo. Até porque a mãe dele é uma mulher de chantagens, ou é como ela quer ou começa aos gritos a dizer que se mata. Ameaças infundadas mas às quais os filhos cedem sempre. Felizmente, as situações começaram a ser muitas, a mãe e a irmã tentavam prejudicar-me já em frente a ele e começou a ver tudo com os próprios olhos. Felizmente para mim, eles têm poucos estudos e nenhuma inteligência. Foi fácil provar que certas coisas que diziam ou faziam partiam delas. Os próprios tios paternos do João não se falam com a mãe nem com a irmã dele, e quando viram que o João estava a abrir os olhos, foram partilhando com ele atitudes e coisas passadas levadas a cabo pela mãe e irmã e ele entendeu que as queixas não vinham apenas de mim. A minha sogra tem 5 cunhados e só um lhe fala e é pouco. Têm de haver motivos! A minha cunhada é ignorada por primos e tios por alguma razão. Assim consegui ajudar o João a ver a verdade. Agora já fica sempre do meu lado mas é difícil. A família dele está em constantes esquemas, ele tem de brigar muitas vezes, é desgastante para ele.
GC: Que desejos para o futuro?
R: Profissionalmente não sei... estou muito perdida, acabei por não ter área, sou uma mera jovem com o 12º ano. Nem sei o que procurar. Gostava de ter alguma função na qual me sentisse útil e tivesse tempo para a minha estabilidade. O meu actual emprego faz-me não ter vida, passo dias sem ver a minha mãe. Amigos então, já nem sei há quanto tempo consegui ver um!
A nível pessoal só pretendo paz e harmonia, ir conseguindo avançar sem desesperos, ir pagando o meu tecto. E claro, que eu e o João consigamos ter paz porque esta relação tem inimigos de peso.

Raven: "Sou uma apaixonada por arte"


GC: Afastaste-te da família também por questões académicas. Que formação académica tens?
R: Nenhuma. Congelei a matrícula no último ano. Não foi uma época fácil... o cancro, a pressão, o meu pai, ainda tive de começar a trabalhar... comecei também a desmotivar-me...
GC: Qual era o curso?
R: História e Património.
GC: Porquê esta escolha invulgar?
R: Sempre gostei de história. Em criança até dizia que queria ser arqueóloga. Nunca vacilei na minha escolha até chegar aos 18 anos e perceber que, se grito sempre que vejo um insectozito com 2 milímetros, se calhar não é uma boa profissão para mim! Segui história e património, havia a possibilidade desse ramo também e sou uma apaixonada por arte.
GC: No entanto não foi possível acabar esta opção. O que fizeste entretanto para sobreviver?
R: O verão passado, na semana seguinte a ter congelado a matrícula, fui para Madrid. Uma conhecida minha falou-me de um casal rico que necessitaria de uma baby-sitter. Fui. Mas fui enganada. Cheguei lá e o trabalho era como empregada para uma princesa, prima do rei de Espanha. Entrei em pânico! 1º porque a minha mãe teve sempre em casa, fazia tudo, nunca cozinhei nem passei a ferro. Depois porque achei que a monarquia seria uma experiencia complicada. Mas até não...
Depois ainda tive outro emprego na área do turismo na minha cidade e agora ando a chatear pessoas porta a porta a vender Cabovisão.
GC: E que lição retiraste da aventura em Espanha?
R: Que ainda sou uma princesinha! (sorrisos) Tudo me magoava, tudo me cortava... descascar batatas para mim é toda uma obra de engenharia. Perdi o dinheiro e a pose mas não a delicadeza, a qual terei de começar a eliminar inevitavelmente. E que as pessoas também não são o que parecem, não vale a pena rótulos. A princesa tinha as suas taras, desperdiçam muito naquela casa, mas também é solidaria e simples.
GC: O que dirias aos novos emigrantes deste país?
R: Que tenham coragem e arrisquem sem dúvida. Ficar na esperança que as coisas mudem, adorar a pátria, é tudo muito digno mas não alimenta nenhum estômago. Não é fácil mas é necessário. Sou a favor de arriscar sempre!
GC: E como se vive a distância dos que mais amas?
R: Com muita pressão. No meu caso porque sou muito fria, criei uma barreira em meu redor depois do ambiente em que cresci sem demonstrações de afecto. E é difícil ser-se tão fechada quando se tem pessoas a exigir telefonemas, palavras, actos…
GC: Quem são essas pessoas?
R: Mãe e namorado.

Raven: "O meu pai nunca demonstrou nenhuma ponta de carácter"


GC: Falando do destino da tua família, como tudo começou?
R: Ui... queres que conte a minha história toda? Olha que começa antes do meu nascimento…
GC: Claro que sim, quero saber a origem da relação dos teus pais!
R: Infelizmente, há 20 anos atrás, as mães não eram tão simples e viviam à base de bem parecer, de tabus, ninguém explicava as filhas o que era o sexo. A minha mãe tinha um namorico de pouco tempo quando sucumbiu às tentações, perdeu a sua virgindade e engravidou de mim. Logo na primeira vez! É preciso pontaria e azar!
Como era comum à época, foram obrigados a casar. O meu pai não queria, odiou a ideia de deixar a juventude e dedicar-se ao papel de marido e pai. Nasci, tinha a minha mãe 19 anos acabados de realizar. 2 anos depois nasceu o meu irmão, uma criança com Trissomia 21, com problemas cardíacos e de visão. A minha mãe aceitou-o e dedicou-se sempre a ele nunca tendo trabalhado a partir do seu nascimento. Já o meu pai morria de vergonha de ter um filho diferente, nunca saía com ele, presentes de natal e aniversário eram apenas para mim, o meu irmão não existia, era algo que vagueava pela casa e que ele nem prestava atenção. Gritava-lhe muito, enervava-o. A minha mãe e eu protegíamo-lo. A família do meu pai tem e sempre teve muito dinheiro, portanto ele cresceu sem valores senão os materiais. Ele acredita que ser bom pai é ter um cartão de crédito e tudo o resto é por conta dos professores. A sociedade que eduque! Dou-te um exemplo: tinha eu 16 anos, o meu pai comprou-me uma mota. Eu nunca quis uma mota! Mas ele comprou para mostrar que era um pai incrível. Antes da mota chegar a mim, já ele tinha andado a mostra-la pelo bairro todo, ostentando o incrível pai que era. Fui a última pessoa a tocar na mota. Fui experimenta-la, caí, obviamente. Nunca tinha andado em nenhuma. Desci uma rua a alta velocidade, saltei da mota assustada, esfolei os joelhos, rasguei as calças e o meu pai apenas teve uma atitude: correu para a mota a verificar se esta estava bem. Enfim, cresci com situações destas de forma recorrente. Se tinha boas notas afirmava que seguramente era porque deveria ter copiado por alguém. Nunca valorizava nada. Tem um complexo de superioridade incrível. Se ele cair de umas escadas, é porque estas estão tortas, mal construídas. Se tu caíres é porque és um desastrado que não repara em nada nunca. Na minha casa o ambiente era este. O homem perfeito, o Deus, que dava todo o dinheiro para a casa e as encostadas, eu e a minha mãe, que ele controlava e o filho que para ele não existia.
Cresci rodeada de gritos e violência psicológica. Claramente o meu pai é um homem que necessita pisar os outros para se sentir homem e importante. Com a minha mãe era pior. A mim dava me muito dinheiro para que os vizinhos reparassem. Já com ela, dava-lhe 5€ por semana e ofendia-a se esses fantásticos 5€ não durassem a semana toda para comprar pão. Ela não podia comprar roupa nem ir beber café. Tudo durou até 2007, até aos meus 18 anos. Quando o meu pai decidiu arranjar uma amante. E o culminar foi quando se descobriu que o meu irmão tinha cancro. Nesse dia, ele abandonou oficialmente o filho que tanto o envergonhava. Ficámos sozinhas com um menino de 16 anos com Trissomia 21 e um cancro, sem carro para podermos socorre-lo caso acontecesse algo. Ficámos sós. Alias, a minha mãe ficou só. Eu estava na Universidade. Depois, o meu pai virou para mim outra faceta. Começou a dar-me dinheiro em conta-gotas, afirmando aos outros que tinha de ser, que era disciplina, porque eu gastava-lhe o dinheiro todo em borgas. Eu, que nem sou de sair e nem bebo ou fumo. Mas ele tinha de justificar-se de algum modo, afinal ele não vive sem a aprovação de terceiros.
Tive de procurar um part-time. As situações com ele repetiam-se, tornaram-se insustentáveis. Uma vez atrasaram-se a pagar no meu emprego. Eu não tinha dinheiro nem para comer. Telefonei-lhe a pedir 5€ apenas. A resposta foi: "Também não tenho". E andava ele na altura a construir uma casa de raíz para a sua amante e nessa semana ofereceu-lhe um carro. Gritava e queixava-se que gastava muito dinheiro na medicação do filho doente, mas as obras avançavam. Um dia, o meu irmão foi de urgência para Lisboa e ele não pôde acompanhar porque tinha de estar em casa à espera do electricista. Para mim foi a gota de água! Em novembro de 2010 telefonei-lhe, disse-lhe poucas e boas e informei-o que lhe daria uma prenda de natal: a liberdade total. Deixaria de falar com ele, deixaria de ter filhos e ficaria em paz. Perdi cartões de crédito, fiz questão de entregar tudo. Não quis nada mais. Saí da universidade no último ano, congelei a matrícula e regressei à minha cidade.
O meu irmão faleceu em 2010. Ele não quis contribuir monetariamente para o velório. Andamos todos, a família materna, a fazer uma vaquinha para tentar cobrir as despesas. E assim a minha vida mudou radicalmente. Perdemos a casa, ele ficou com ela, tinha dinheiro que nós não possuímos para a pagar. Eu e a minha mãe mudamo-nos, eu tive de começar a trabalhar em qualquer coisa que aparecesse, afinal só posso declarar o 12ºano. Para a minha mãe é pior. Tem 42 anos e nenhuma experiência, descontos inexistentes. A única coisa que sabe fazer é o que a vida lhe ensinou, cuidar do filho doente. E assim estamos, assim chegamos a este ponto. Uma mulher sem vida, de luto e eu perdi tudo o que conhecia para aprender a viver de outro modo.
GC: Qual a relação actual com o teu pai?
R: Nenhuma. Ainda há dois dias entramos no mesmo café e ficamos cada um em sua ponta do balcão. Ele baixa sempre a cabeça quando me vê, é incapaz de me olhar. Quero acreditar que sejam remorsos, infelicidade. Um ser humano assim não pode ser feliz. Uma pessoa que enterra uma filha viva e abandona alguém diferente à morte só pode ter um karma desastroso.
GC: Há perdão possível?
R: Não. Nunca demostrou nenhuma ponta de caracter. Já irá morrer assim.
GC: Nem uma leve esperança existe numa reconciliação futura?
R: Não. Seria sempre uma armadilha. Eu não tenho pai, é algo muito bem resolvido na minha cabeça. Cresci a sonhar com ver-me livre dele. Portanto, é algo que queria há anos. Só nunca pensei que acontecesse tudo isto.
GC: o que a tua mãe sente relativamente a tudo isto?
R: Ódio. Ela é uma pessoa muito amargurada, rancorosa. Não consegue avançar. Eu consegui estar no mesmo café que ele e não me sinto afectada, é como se não o conhecesse. Ela não, ela procura saber informações, procura irritar-se. Creio que se existisse o crime perfeito, ela já o teria matado.
GC: Como sentiste que o teu irmão viveu a indiferença do teu pai?
R: Não sei... ele nunca falou, entende-lo é muito relativo. Ele não nutria de grande proximidade pelo nosso pai mas era generoso, tentava mima-lo quando tinha oportunidade.
GC: Que lugar tem o teu irmão na tua vida?
R: Um peso na consciência. Porque ao afastar me do ambiente e ao ver a minha mãe viver só para ele, quando cheguei aos 18 e fui embora, desliguei-me muito e desliguei-me na altura em que não poderia faze-lo porque nunca tive real noção de que seria assim tão grave. Sinto me muito culpada.
GC: Que gravidade?
R: Do cancro. Era algo ainda muito distante, nunca tinha visto ninguém perto de mim passar por isso.
GC: O que lhe dirias hoje?
R: Dizer não serve de muito. Acho que o importante é fazer. Faria diferente. Tentaria não ser tão radical, não me afastar de casa por causa de um membro.

Raven: "O meu blog é um pouco uma revista cor-de-rosa"


Gonçalo Cardoso: Que expectativas tens para esta entrevista?
Raven: Que vai resultar muito bem, conheces de forma especial o interior humano e acho que saberás conduzir tudo de forma inteligente e emocional.
GC: O que achas deste tipo de iniciativas, entrevistas a bloguistas?
R: Acho que é uma ideia inovadora, pelo menos nunca a vi ser colocada em prática noutros espaços deste género e acho que ajuda a conhecer muito melhor quem está do outro lado. Muitos de nós, como eu, usamos pseudónimos e por vezes nem falamos de tudo, há sempre coisas que magoam ou que nos envergonham, que deixamos para nós. Ou então, justamente, cobertos pelo anonimato, falamos de tudo, abrimos o livro, não temos tabus e inevitavelmente, quem nos lê, imagina-nos, altos, baixos, morenos. O leitor dá-nos cara mas creio que há uma necessidade de saber mais sobre a personalidade de quem dedicamos um pedaço dos nossos dias a ler.
GC: Por falar em pseudónimos, porquê Raven?
R: Sou fã, mas muito fã, louquíssima pela série ONE TREE HILL, e quando criei o blog andava a dedicar-me a maratonas dessa série onde a equipa de Basquet do protagonista se designada Ravens. Há falta de criatividade, porque sou muito pouco imaginativa, copiei de lá o nome.
GC: E que características retiras dos Ravens para a Raven?
R: A força. Com altos e baixos, claro, que ninguém se mantém firme todos os dias.
GC: E qual a relação com o título do blogue "What Have Under The Clothes"?
R: Mais uma vez, (vão me achar tonta, mas a imaginação não nasceu de mãos dadas comigo, é evidente), tem a ver com a pergunta que uma personagem faz a uma das protagonistas, moça muito dedicada a exibir-se para evitar mostrar-se em realidade. Acho que é uma pergunta interessante que assenta que nem uma luva no mundo da blogosfera. Cada um mostra e escreve o que quer, mas será que exibem realmente a sua pele? Será que mesmo com o anonimato nos mostramos? Ou continuamos a mostrar sorrisos tapando preocupações como acontece quase sempre?
Por exemplo já tive comentários no meu blog a criticarem e a chamarem-me brejeira e promiscua por falar de sexo, sobretudo da minha primeira vez. Mas vejamos: não é algo comum a todos? Ou não é algo que se deva falar? A vida é comum a todos nós, tropeçamos todos nas mesmas pedras, porquê ignorá-las?
GC: Portanto, depreendo que te consideras uma mulher desnudada na blogosfera, verdade?
R: Sem dúvida. Acho que o meu blog é um pouco uma revista cor-de-rosa, não escapa nada.
GC: E a blogosfera em geral, como a vês?
R: Como a sociedade, tem de tudo um pouco. Também tem mentirosos, maldosos e bons corações. Há gente que acha que este poderá ser um mundo à parte, de partilha e diversão. Não sejam ingénuos. Como em todo o lado tem de tudo.
Mas claro que, bem administrada, pode ser uma fonte de conhecimento e ajuda incríveis.
GC: O que tens aprendido com a blogosfera?
R: Que a maldade não pode ser excluída de espaço algum e que há gente muito sozinha e com vontade de partilhar, que apenas necessita de um espaço, de um sorriso e de uma troca de emails. Tenho conhecido pessoas muito interessantes, por vezes com problemas semelhantes aos meus e é óptimo poder ter um conselho de quem vem de fora.
GC: Esse conhecimento já se tornou real alguma vez?
R: Sim. E adorei! Já conheci 3 bloggers, contando contigo. Foram sempre em situações diferentes, pessoas que nada têm a ver umas com as outras, mas nunca tive uma má experiencia. E lá está! Há certas coisas que lemos, que pensamos que o autor se está a referir a um certo episódio, a uma chatice (porque há quem escreva metaforicamente com medo de se abrir ao desconhecido), e no fim aquelas 3 linhas que interpretamos até têm uma longa história de luta por trás. Estes encontros permitem assim dar um rosto e uma vida ao que vamos lendo e que, inconscientemente, vai fazendo parte de nós. Quem nunca leu um blogger dizer que ia ter um dia difícil amanhã e ficou a pensar "Deus queira que corra tudo bem"?
GC: Além de mim, quem foram os outros dois bloguistas da tua vida real?
R: A rm do blog "sentir-(se) é mais que saber” e a Ritinha do "Diário de uma Ritinha".
GC: E já alguma vez tinhas tido o chamado "blind date"?
R: Não. Na minha adolescência, cometi daquelas pequenas grandes irresponsabilidades de utilizar redes sociais para falar com desconhecidos. Mas nunca aceitei encontros. Sempre tive real noção dos perigos da internet e nunca aceitei participar nisso.
GC: E encontros de bloguistas em grupo, já alguma vez tiveste?
R: Não. Gostava imenso mas nunca se proporcionou. São encontros elaborados sempre em pontos distantes de mim e torna-se dispendioso ir.
GC: Nesses encontros há vários destinos que se cruzam. Acreditas no destino das coisas e pessoas?
R: Sem dúvida! Por vezes sou criticada e vista como uma menina ingénua por esse tipo de pensamentos. Acho que a vida é cíclica, acabamos sempre por cometer os mesmos erros, a história repete-se, tudo tem um significado. Sempre notei que todas as coisas más da minha vida, por maiores e mais graves que fossem, me levavam a um patamar melhor. Mais difícil, mais sofrido mas melhor, mais independente, que formasse o meu caracter, algo que sempre tive dificuldade por ser tão inconstante. E acredito que estamos todos ligados, uma coisa má pode-me acontecer para que tu aprendas através de mim e evoluas como pessoa. Ninguém está só.
GC: Sendo assim, qual a razão para seres a primeira entrevistada nesta rubrica? Porquê esta entrevista na tua vida actual?
R: Porque tive a sorte de me cruzar contigo! E porque acho que tenho uma vida construída à base de quedas que pode ajudar ou incentivar alguém.


Entrevista à bloguista Raven!

Nos próximos textos será apresentada a primeira edição da rubrica Entrevistas a Bloguistas, neste caso, a primeira será a bloguista Raven do blogue "What Have Under The Clothes?".
Escolhi a Raven pela amizade, pela selo de qualidade na blogosfera e especialmente porque tinha o ingrediente fundamental para as Entrevistas a Bloguistas que é o seu discurso frontal e honesto, com a expressividade que a caracteriza. Bem sei que ainda sou um Eduardo Jaime (apresentador de Paradoxo da Tangência, Canal Q) mas sabia que a Raven me iria ajudar a acrescentar como um Daniel Oliveira ( apresentador de Alta Definição), para no futuro atingir o sonho de ser simplesmente Gonçalo Cardoso, entrevistador de qualidade!
Não vou falar muito da minha prestação, por agora, até para não influenciar as opiniões, vou deixar-vos a entrevista e aguardar pelas vossas opiniões e sugestões sobre a minha participação como entrevistador, e sobre a atitude da entrevistada. Boa leitura!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Acrescenta-me um Ponto: Suspense - resultado final


Está concluída mais uma rubrica "Acrescenta-me um Ponto", desta vez relativa ao tema Suspense. Um conto com uma diversidade cultural e criativa própria de vários co-autores e ao mesmo tempo com um fio condutor tão impressionante como desafiante. A história tem um fio sempre imprevisível e recheado da personalidade de cada co-autor, sem perder o sentido da trama. Há detalhes que podiam ser melhor explicados, mas a intenção não é apenas essa. O importante está conseguido, o destaque do imenso valor de uma criação em conjunto de uma história única. Juntos somos muito mais fortes. Continuemos a criar em conjunto, em qualquer momento! Obrigada pela vossa participação e boa leitura.


Lista de participantes:

1 -   Gonçalo Cardoso (O Sabor da Palavra) 
2 -   Buxexinhas (Pedacinhos de Mim)
3 -    Karochinha (O Meu Eu)
4 -    A Minha Essência (Roupa Prática)
5 -   Olívia Palito (Olívia no País das Maravilhas)
6 -   L' Enfant Terrible (L' Enfant Terrible Lx)
7 -   Utena (Os Meus Idealismos)
8 -   Alexandra Martinho (Ouso escrever)
9 -   AC (Nada de Coisa Nenhuma)
10-  Poppy (Apontamentos de Luz)
11-  Briseis (O Meu Pedestal)
12-  Teté (Quiproquó)
13-  Vítor (O Predatado) 
14-  Rogério Pereira (Conversa Avinagrada)
15-  Lídia Borges (Searas de Versos) 
16-  Maria João Martins (Pequenos Detalhes)
17-  Filoxera (Escrito a Quente)
18-  Alex (O Meu Sofá Amarelo)
19-  Marta Vinhais (Com Amor)
20-  Luz (Luzes e Luares)


E tudo começa, assim...


" Já tinha dobrado as duas da manhã. Estava a sair da emissão de rádio, incomodado com um ouvinte que alegava a minha falta de isenção jornalística. Segundo ele, apenas dava voz aos ouvintes do sexo feminino e os temas escolhidos revelavam uma tremenda homofobia. Estapafúrdio, dizia para mim! Mas, para o exterior resolvi o problema com a introdução de uma música de intervenção social. E assim, fechei o programa. Peguei na mala, desci as escadas em direcção ao parque subterrâneo e ao chegar junto do carro encontrei um segredo envenenado..."

" No seu vestido vermelho delineado na pele, ela olhava-me intensamente, recostada no capô do meu carro, como um lince que espera a sua presa. Por momentos, o meu coração parou de bater. "Voltou"... pensei angustiadamente. Fantasmas do passado e segredos escondidos no recanto mais negro do meu ser...renascidos da minha cinza. Em passos lentos, dirigi-me a ela. As palavras silenciosas do meu olhar, disseram-me para onde ela me levaria. Entrámos no carro seguindo para o local temido..."

"por ambos.
Aquela falésia onde, alguns anos antes, a tragédia se abatera sobre as suas vidas alterou os seus futuros para sempre. E todos os anos, no mesmo dia, encontravam-se antes do amanhecer, naquele pedaço de rocha que se erguia sobre o mar, numa esperança vã de expiarem os seus pecados mais profundos. Chegados ao local, saíram do carro e mais uma vez, as suas mãos encontraram-se, os seus corpos aproximaram-se e ela disse-lhe..." 

"Com a voz trémula, sussurrada, gélida, com a postura hirta e conciente do momento, Amanda  começa a debitar desenfreadamente como tudo aconteceu, naquela fatídica noite.
- "Não tive culpa! Não tive! Acredita em mim, por favor! Foi um incidente. Foi ele que escorregou da falésia, ele"! - Sedutora, mas ao mesmo tempo frágil, ela sabia exatamente como emaranhar um homem na sua teia. Sabia exatamente a palavra certa a ser usada, o gesto proveniente, o olhar mais assertivo para a ocasião. Manhosa, lança-o num envolvente abraço onde o choro compulsivo é senhor do momento. Entre soluços, mas com a voz doce, repete, incessantemente, "não fui eu"! Não fui eu"! Com o rosto apoiado no peito de Edmundo, via-se claramente o sorriso dissimulado que fazia. Ele, estava completamente rendido à fragilidade dela, mas, ao contrário do que ela pensava, que o tinha nas mãos, Edmundo, também tinha algo a dizer..."

"acerca daquela fatídica noite. Edmundo fixou o olhar na falésia e ficou em silêncio por alguns segundos, enquanto os braços de Amanda o envolviam. De repente, ficou tudo absolutamente claro na cabeça de Edmundo, as peças do Puzzle mental começavam a encaixar-se na perfeição. Lembrou-se da conversa off record que tivera com o inspector da polícia acerca do relatório da autópsia de Fred. Segundo o mesmo relatório, Fred havia ingerido uma dose substancial de whisky, confirmando assim o álibi de Amanda, de que Fred se desequilibrara e caíra daquela falésia. Porém, fez-se luz e um pormenor fulcral escapara a ambos:ao inspector da polícia e a Amanda, mas não a Edmundo..."

"Isto porque Fred não bebia whisky, sofria de doença celíaca, de modo que tudo o que contivesse glúten, o que incluía bebidas feitas de malte, não lhe passavam pela garganta. Por outro lado, a revelação que Fred fizera a Edmundo um dia antes da tragédia era de todo desconcertante, tanto mais que dizia respeito aos três, sendo que o conteúdo da mesma tivera desde então um profundo impacto em Edmundo, ao ponto de o mesmo perder parte da sua imparcialidade jornalística. Ainda assim, envolto no choro soluçado de Amanda, Edmundo era incapaz de proferir uma palavra, de partilhar com ela o que pensava, porque havia mais um elemento no jogo, uma dúvida perene que o levava a sentir-se tal como o mar revolto e sem definição, que vislumbrava no horizonte..."

"Não querendo, mas ao mesmo tempo sem conseguir parar a maré das lembranças, chegou-lhe à memória aquela noite, que hoje lhe dava o conhecimento do facto de Fred não beber whisky. Fred confessou-lhe num ousado momento de coragem que se sentia atraído por Edmundo e que isso o deixava sem saber como agir, pois nunca tinha sentido isso por um homem nenhum, já que sempre fora um mulherengo, por natureza! A convivência dos dois, muito por culpa de Amanda, o lamber das feridas causadas por esta mulher de escrúpulos nulos, tinha feito com que os sentimentos florescessem em dois homens, que mesmo nada indicando que assim fosse os levou a sentir o que para ambos deveria ser tabu. Edmundo voltou à realidade com um soluço mais audível de Amanda e quando a olhava no profundo dos seus olhos verdes deu-se conta..." 

"Do quanto aquela mulher já havia  sofrido. Fred, horas antes de falecer, havia contado a Edmundo que Amanda aos 20 anos se havia submetido a uma cirurgia de retribuição sexual. Sim, Amanda fora um menino em outros tempos, mas hoje era aquilo a que Fred e Edmundo chamavam de tentação. Edmundo olhava-a e um misto de sentimentos lhe assolavam a mente, perdera alguém que lhe era muito próximo, um amigo, mas também, um silencioso admirador. E ali, diante dos seus olhos estava a  mulher indefesa e esbelta, que soluçava e por quem ele era estupidamente apaixonado, mas que carregava tão pesado segredo. Segredo esse, que toda a sociedade condenava e condena. Edmundo, perturbado, necessitava voltar, ir ao encontro do seu pedaço de chão para meditar e montar todo aquele puzzle confuso. Suplicou-lhe: - "Amanda, necessito ir, vamos?". Amanda, para ele olhou, com o olhar fugaz e disse..."

"És um homem cruel, senão me aceitas como sou. E se assim for, sem dúvida que não me mereces. Sou especial, sou única, e estou disponível para te amar, com tudo o que tenho para te oferecer, mas jamais partilharia a minha vida ou o meu corpo com quem olhasse para para mim com desprezo ou nojo. Sendo assim, cuida-te, olha para ti, observa-te com atenção e vais reparar em todos os teus defeitos... por agora, vou apenas embrulhar-me no teu casaco, sentir o teu cheiro e o teu calor, que são presença nele e esperar que tu abras os olhos e possas ver para além do físico, do estereotipo e do preconceito, a mulher que hoje sou...estou aqui, estarei sempre aqui para ti...de braços abertos...anda, decide-te, não tenho o tempo todo..." 

"Mas na cabeça de Edmundo, cada vez mais as dúvidas e as desconfianças se instalavam. Havia demasiadas incongruências em torno daquela noite e um relatório conivente com o que Amanda lhe dizia, mas contrário ao que conhecia de Fred, que jamais poderia ter bebido whisky naquela noite. Não estavam em causa os desejos que nutria por aquela mulher, não se colocava em questão a mudança de sexo, o que lhe assolapava as ideias era tão somente o que teria sido capaz de fazer aquela mulher de escrúpulos nulos, de vermelho vestida, se soubesse o que acontecera entre eles. Não foi capaz de lhe dizer nada mais. Levou-a a casa e naquele momento só uma coisa lhe ocorria, tinha de estar com o inspector responsável pela investigação..."

"O encontro perturbador , aliado ao adiantado da hora, tinha um efeito nefasto sobre a sua lucidez. Conduzia como um autónomo, a cabeça longe, muito longe da estrada, por onde os olhos passavam. Era de noite, ainda. Para não enlouquecer durante as longas horas, que antecediam a manhã e a sua oportunidade de falar com o inspector, foi para casa, tomou um banho tão quente quanto conseguiu tolerar e, ainda com o cabelo a pingar água e a pele a fumegar vapor, sentou-se a escrever a sua versão dos factos, a sua memória dos acontecimentos, caso algo lhe acontecesse... Escreveu tudo longamente, e concluiu com a revelação do facto mais bem guardado..."

"Fred confessara-lhe o ciúme que sentia de Amanda! Sem nunca lhe ter revelado, adivinhara a paixão e o desejo que transpareciam nos olhos, quando ela aparecia em cena, naquele misto de sedução e de fragilidade que tanto o cativavam. Parou de escrever. E se...? Não, não era possível, que o amigo chegasse tão longe... Ele andava pertrurbado - os credores avolumavam-se à sua porta! - mas suicidar-se?!? Deixando no ar a suspeita de Amanda ser a culpada pela sua morte?!? Mas porquê aquelas revelações súbitas e inesperadas, poucas horas antes daquela fatídica noite? Era um plano macabro de mais para ser verdade..."

"Levantou-se, abriu as janelas de par em par e, debruçado sobre o parapeito, olhou as estrelas. Voltou para dentro, apenas o tempo suficiente para apagar a luz. Não houve luar e assim o céu ficava mais bonito. Acendeu um cigarro, deu-lhe duas baforadas e voltou a contemplar as estrelas. Com Amanda e Fred na cabeça, ia falando consigo próprio. Aos poucos foi-se descontraindo no fumo do cigarro, na tentativa de ainda se lembrar do nome das constelações. Aquela é a Ursa Maior, aquela é a Cassiopeia, aquela é o Cão Maior. Raios! Porque não se lembrou antes disso? Fez um telefonema para Irina. Ela costumava ficar com o cão de Fred quando este se ausentava..."

"A visita a casa de Irina foi demorada e difícil para ambos. A conversa parecia não ter nexo, com Irina a tentar explicar o inexplicável de aquela carta de Fred só passados três anos aparecer. Irina estendera-lhe com as mãos nervosas e foi com as mãos nervosas que Edmundo a recebera. Despediram-se com o luto nos olhos e sem uma palavra. Na rua e, depois, pelo caminho leu e releu o texto do sobrescrito cuja letra lhe era familiar. Em casa, levou um tempo tremendo até vencer o medo e abrir a carta que lhe era dirigida: Meu querido amigo, quando leres estas linhas já terei partido. Não vos julgo nem culpo. E a haver culpados, culpo a indignidade que me foi dada por uma vida que já não merece ser vivida. Não há uma só situação a explicar este meu acto, que muitos considerarão tresloucado. Foi tudo. Foi a minha incapacidade de vos amar. Foi a minha confusa sexualidade. Foram as dívidas acumuladas. Foi o desemprego e a incapacidade de encontrar alternativas. Foi a minha marginalização no partido. Foi tudo isso e ainda..."

"Fez uma pausa na leitura para macerar uma lágrima teimosa e acalmar o lamento que se contorcia no seu coração, agora que a tese do suicídio lhe parecia ganhar consistência. Pobre Fred! - pensava - Como fora possível ter chegado a tal estado de desespero sem que ele, seu amigo íntimo, se tivesse apercebido? O mundo está inquinado de indiferença. O mundo, o mundo...Mas que mundo? As pessoas são o mundo, o mundo é as pessoas e, cada uma delas, um fragmentado fraco de um todo forte, mas incompreensivelmente ignorado.
Edmundo deixou cair os olhos húmidos sobre a folha de papel que lhe ficara esquecida nas mãos e continuou a ler:
Foi tudo isso e ainda alguma coisa inominável e paralisante. Algo que não me permite lutar contra o medo. O medo da solidão, o medo de ver, de vislumbrar mais uma manhã sem esperança nem projectos...
O longo e estridente "trimmm" da campainha que subitamente encheu a casa, fê-lo estremecer. Pousou a carta na estante, entre os livros e dirigiu-se para a porta sem disfarçar um gesto de desagrado..."

"Ao abrir a porta não conseguiu disfarçar o espanto. "O Senhor aqui, Inspector Madureira?" - O inspector reparou no semblante cansado e transtornado daquele homem que lhe franqueava a entrada. "Bom dia, Edmundo! Não se assuste, estou aqui no seguimento da investigação da morte de Fred Campos, ou melhor, do homicídio do seu amigo. Temos razões para acreditar que o senhor, neste momento, corre risco de vida." - Edmundo sentiu-se perdido no meio de tantas dúvidas e revelações. Tudo lhe parecia cada vez mais confuso e surreal. "Não, não, inspector! Fred suicidou-se. Tenho aqui a carta que o comprova" - e dito isto, foi buscar a carta que tinha pousado na estante e que não acabara de ler. Madureira agarrou nela com curiosidade e leu-a demoradamente. "Onde estava esta carta?" - perguntou. Edmundo explicou-lhe como Irina a tinha encontrado, só agora, deixada por Fred dentro de um livro que ela lhe havia emprestado. "Está a ver, Fred queria suicidar-se..." "Pois queria..." anuiu o inspector."... mas temo que isso não tenha chegado a acontecer, meu amigo. Há detalhes da investigação que você desconhece e esta carta pode explicar muita coisa. Venha comigo até à Judiciária, vou precisar de si!"...

"A viagem decorreu entre pensamentos elípticos. Por muito que a memória desse voltas e mais voltas, estas iam sempre ter a duas questões: o ciúme de Fred em relação a Edmundo e Amanda e a carta de suicídio. Ou não?... Se há um momento na vida em que nos censuramos a nós mesmos, o de Edmundo foi esse preciso momento em que se deu conta que, por muito afecto que nutrisse por Fred, por muita intimidade que tenham partilhado, Edmundo não conseguia lembrar-se da caligrafia de Fred ou, sequer, se alguma vez a conhecera. Como era possível prezar alguém da forma que ele prezara Fred, que fazia com que um pouco de si tivesse morrido com ele, e não saber, sequer, se alguma vez conhecera a sua letra? Rapidamente teve de voltar ao presente, pois o velho Peugeot 306 acabava o seu percurso, junto às instalações da Judiciária..."

"E nas instalações da Judiciária, Edmundo foi confrontado com uma cópia da carta de "suicídio" de Fred. Aliás, com várias cópias. Era preciso descortinar qual era a original, mas isso era fácil para os analistas da Judiciária. Rapidamente chegaram à conclusão que a carta tinha sido escrita por... Edmundo! Mas, se a carta estava na posse de Edmundo, como teria sido possível multiplicar-se de tal maneira que apareceu nas mãos de várias pessoas ligadas ao processo? Quem era afinal o assassino? Teria sido mesmo suicídio e Fred ter-se-ia preocupado em "despistar" o seu próprio suicídio enviando cartas iguais para várias pessoas? O drama adensava-se quando..."

"O inspector Madureira voltou a entrar na sala e perguntou: "Então, o que me diz?" E Edmundo ficou sem saber o que responder... Não entendia nada; a letra era a sua, de facto. A não ser que Fred a tivesse imitado... Só podia ser isso e foi o que tentou explicar ao inspector Madureira, que abanou a cabeça e disse: "Não, meu amigo, os analistas confirmam que a letra é sua!"...

" É neste preciso momento que Amanda entra, de rompante, na sala. Deslumbrante, segura, ousada, determinada, vestida de vermelho, aproximando-se como "felino manso" de Edmundo e do Inspector.
Senta-se num cruzar de pernas, melhor que o de Sharon Stone e afirma: - "Fui eu quem matou Fred, empurrando-o para que caísse da falésia, com receio da concretização do sentimento, já  existente entre eles. Fui eu que falsifiquei todas as cartas, melhor talvez, que Alves dos Reis fez com o dinheiro. Usei estratégias e métodos, que considero arrojados, hábeis e inteligentes e que revelarei à polícia, caso me seja pedido.
Inspector, tem aqui as minhas mãos, para que as possa prender, com as argolas do "amor", assim as considero e lhes chamo. Quero apenas pedir-lhe que seja satisfeita a minha última vontade, o que foi aceite pelos  elementos presentes da Judiciária, com um aceno de cabeça.
Aproximou-se de Edmundo, envolveu-o nos seus braços ternamente, e beijou-lhe a boca, de forma lânguida, longa e arrebatadora.
Um dia, serás só meu. Um dia, serei só tua. Amo-te! "

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Entrevista a Bloguistas: Raven

A entrevista decorreu esta manhã e estará muito em breve disponível para todos. Preparam-se porque a Raven joga ao ataque! Até breve!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A moda das reclamações!

Vivemos uma época de problemas mal resolvidos, frustrações e incapacidade para controlar a ansiedade dos tempos troikianos. A expressão facial mudou, os dentes são cada vez mais amarelos, as olheiras adensam-se e as sobrancelhas caem sobre os olhos sob efeito da austeridade. Gritos e mais gritos, costas voltadas, cochichos sobre a vida alheia e a repudiante cultura do individualismo. Esta é a imagem de um país à beira de um ataque de nervos!

Integrada nesta cultura do pânico está a moda das reclamações. Elas reproduzem-se como coelhos. Agora cada vez que há um espirro há uma reclamação. Se o vizinho do último andar cheira mal dos pés, há uma reclamação. Se chover, reclama-se. Se faz sol, reclama-se na mesma. Não se sabe a quem e muito menos porquê, mas reclama-se!

Os enfermeiros não são excepção. Aliás, se há classe profissional mais apetecível são os enfermeiros. Trabalham em jornada contínua, cansam-se enquanto os outros descansam, salvam vidas como poucos, ocupam a função de dois ou mais colegas que continuam a emigrar exponencialmente, são a classe responsável pelos doentes mais tempo durante o dia e são submetidos a situações de risco em condições por vezes desumanas. O benefício é sempre superior ao prejuízo causado, mas à mínima nódoa serão rotulados de incompetentes e culpados! Uma injustiça tremenda que me aflige ainda mais do que qualquer injustiça. 

A acrescer a isto, ainda se assistem a situações de falta de comunicação e conclusões precipitadas dos reclamantes típico de um país de cegos, surdos e mudos. Não interessam esclarecimentos, interessa sangue, numa punhalada pelas costas sem dó nem piedade.

Felizmente, piedade é algo que tenho. Compreensão também, de forma a situar-me na realidade que tenho e adiar o sangue desejado. E a realidade que temos é um país de pouco amor e muito ódio e enquanto não invertermos esta tendência continuaremos a ser um país de tristes à procura da solução para os problemas da carteira. A austeridade económica chegou recentemente, mas foi apenas o reflexo da prolongada austeridade intelectual que grassa nas mentes de muitos portugueses.

Por fim, deixo uma sugestão. Em vez de reclamações, adiram à moda das gratificações. Um dia fiz uma por escrito, curiosamente no mesmo livro das reclamações (alguém sabia disto?), e posso-vos dizer que foi das noites em que dormi melhor. Obrigado pela atenção!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Mundo Estático

Uma mesa desarrumada, uma bola ao poste, as nuvens no céu, e o sol que se esconde. Várias perguntas, respostas diversas, certezas nenhumas. O presente consegue ser ausente, o risco magoa, a marginalidade prevalece e o centralismo sofre. As buzinas ecoam, vozes ao fundo elevam o descontentamento e as lágrimas caem no asfalto. Cartazes, reuniões, portas fechadas e a palavra "Não!".

Uma paragem e um pensamento.

A respiração terapêutica e um suspiro de alívio. O amor existe e a chama surgirá numa noite de lua cheia. O trabalho dá trabalho mas há faces tão redondas como vincadas. E o mundo gira quando o homem quiser. Agitar o mundo antes de usar! Ser feliz!

Música: The Gift - La Terraza

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bolinhos e Bolinhós Século XXI

Ainda sou do tempo...em que a noite das bruxas era a noite mais especial do ano dos miúdos da minha terra a seguir ao Carnaval. 

Noite de lençóis brancos à volta do corpo, uma abóbora na mão e uma vela dentro da abóbora. Muito Spooky! Depois muita farinha para espalhar pelas casas e carros por onde passávamos. À chegada às portas dos vizinhos, muita música e animação infantil, acompanhada de movimentos assustadores quando alguém aparecia à porta. Os habitantes ficavam com aquele ar enternecido enquanto viam os miúdos a divertirem-se e a cantarem os "Bolinhos e Bolinhós". No final perguntavam o que queríamos. Todos diziamos "o que puder dar...", mas no fundo o que nós queríamos era dinheiro. Malvados dos adultos que normalmente nos enchiam o saco de fruta da época (saudades daquelas romãs!), rebuçados e outras guloseimas. Dinheiro era uma raridade!

Mas os adultos tinham razão. Parece que adivinhavam o futuro que nos esperava. Hoje em dia as crianças crescem no mundo do Tio Patinhas e não atribuem significado às castanhas que os miúdos partilhavam no final da noite das bruxas, à animação que rodeava a confecção das abóboras assustadoras e ao sentido de grupo que as crianças revelavam de rua em rua. Hoje em dia o dinheiro move em grande parte as emoções das crianças e preferem passar uma noite ao computador ou a mandar SMS's do que a celebrar a noite das bruxas. Só não sei como ainda não inventaram o Facebook das Bruxas, venderia de certeza...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Apresentação de um livro!

No Sábado fui a mais uma apresentação de um livro. Mais do mesmo, diria eu! Uma primeira parte de intervenção política e social e uma segunda parte a viver da surpreendente chamada dos co-autores para se apresentarem em público. Do livro propriamente dito, nada! Como querem que compre um livro se nem o apresentam? E se esperavam que os co-autores o fizessem de uma maneira inesperada e muito menos sem o livro na mão, estavam muito enganados. Além disso, os escritores são tudo menos gente extrovertida em público. As melhores manifestações de um escritor são no papel e compreende-se que não sejam obrigados a brilhar oralmente. Para a próxima repensem a forma de divulgação da obra. E pelos vistos será dedicada ao amor, de certeza que não faltará imaginação. Assim o desejo...Sobre certezas, apenas sei que será mais um passo no caminho de um sonho de uma amiga muito especial. Para mim será chapa 5!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Teia


Era uma vez um insecto chamado Jici. E, como qualquer insecto, pousa onde gosta à distância de um voo. São asas, senhor, são asas. Mas um dia Jici é empurrado por uma rabanada de vento forte e cai na teia de uma aranha, a Mãozinhas. Bicho patudo, peludo e mudo. Com a Mãozinhas as palavras não existem, a democracia é uma miragem e a ditadura do parasitismo impera. Jici treme, barafusta, mas adapta-se ao seu novo casulo. Mãozinhas mantém-se impávida e serena, afinal de contas, o importante é o alimento.

O tempo consome Jici.

Mas certo dia, a teia negra e fria de Mãozinhas torna-se um pesadelo ainda maior. Polvinho, o primo mais afastado de Mãozinhas, surge como o novo parasita. Mas desta vez com mais pêlos, mais patas e sem qualquer tipo de expressão. Parece que veio para ficar e consumir o resto das asas.

No entanto, Jici não se conforma. Jici conhece o doce sabor da mudança. Mas não pode. Ou não sabe. Mas de uma coisa sabe. Por cada fio da teia de Mãozinhas e do Polvinho há diversas derivações. E ao longe o sol brilha e reflecte-se sobre a teia. O caminho faz-se caminhando...

(Capítulo em aberto!)

Imagem: http://www.universohq.com/quadrinhos/2010/n20052010_02.cfm
Música: The Gift - Meaning of Life

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O mistério também é meu!


Um beijo provocante num momento inesperado pode quebrar as barreiras da racionalidade e desvendar os mistérios da estranheza. Nunca se sabe tudo. Mas do nada pode-se fazer tudo. Curioso!

Imagem: http://www.google.pt/imgres?num=10&hl=pt-PT&biw=1024&bih=677&tbm=isch&tbnid=Ms0CQW0aPutifM:&imgrefurl=http://www.blogger.com/feeds/3609477297862147805/posts/default&docid=A6BhqmTGMlc1mM&imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcpn-yveLadjSHhlG2__SfLJrXPc9_IwdMmP_4MXXw64eYAjC2ZjU-SF4pTXqHZsJg4oqxhNRCQW6VlMPNTaa_RnmbpCFVwwYdwdpsEwqsRaW9BQHx_YTJu8noSuNvDC8qTkpeiQ/s400/beijo.jpg&w=400&h=313&ei=FwxjUKm0Ac-whAfe2YDgCQ&zoom=1&iact=hc&vpx=625&vpy=47&dur=379&hovh=199&hovw=254&tx=197&ty=97&sig=110441954715903621304&sqi=2&page=1&tbnh=151&tbnw=200&start=0&ndsp=15&ved=1t:429,r:3,s:0,i:76
Música: Seda - 40 graus à sombra

domingo, 23 de setembro de 2012

Flash do Sol: Pôr-do-Sol!


Final do Verão. Final do tempo quente. Final do Sol, ou talvez não. Porque o sol existe sempre, tão certo como o pôr-do-sol existir. Tão certo como eu existir. E é precisamente o pôr-do-sol que as vossas objectivas devem captar nos próximos dias. Está aberto mais um concurso de fotografia desta vez para o tema: Pôr-do-Sol. Aguardo pelo vosso melhor sunset!


As participações estarão abertas até ao dia 7 de Outubro para o mail goncalofoc@gmail.com, sendo compostas pela imagem original alusiva ao tema e, se necessário, uma legenda. De 8 a 14 de Outubro estará aberto o concurso para a imagem do tema num post dedicado a esta rubrica! A apresentação das imagens será sob a forma do anonimato na página do blogue, sendo revelados os seus autores na apresentação dos resultados.

Prova que podes ser o Flash do Sol!

P.S.: Novidade: Eu serei participante!

Imagem: http://www.massachusetts-prenuptial-agreements.com/prenuptial-agreement/what-is-a-sunset-clause-in-a-prenuptial-agreement/