quarta-feira, 28 de março de 2007

Obras em Casa


Ora aqui está o belo trabalho dos pedreiros na minha casa...
Proporcionam-me o “Serviço Despertar” ao som do martelo e do berbequim às 8 horas em ponto, partem-me a casa toda e no final do dia ainda têm o desplante de se despedirem, com um sorriso nos lábios, dizendo “Até amanhã”.
Perante tais resultados, só me apetece responder dizendo “Continuação do bom trabalho”.

P.S.: Oh papá, se era para destruir a casa dizias-me que eu fazia-te de borla;)

segunda-feira, 26 de março de 2007

Desemprego em Enfermagem: uma bomba silenciosa.


O desemprego é actualmente um dos maiores flagelos em Portugal, sendo transversal a diferentes áreas profissionais mas, mais recentemente, à enfermagem.

Efectivamente, tenho sentido que os portugueses têm uma opinião favorável à situação profissional dos enfermeiros portugueses, referindo que a enfermagem possibilita diversas saídas profissionais, ainda denotando a ilusão que também apresentava no ingresso do curso. Mas a situação inverteu-se, pois aquilo que era uma realidade há cerca de quatro anos atrás, é um miragem que se tornou em pesadelo para os milhares de enfermeiros que se licenciaram no ano lectivo 2005/2006 que, tal como eu, vivem situações de desemprego incapacitante ou emprego instável.

Passados 16 anos dos meus 23 anos de vida actuais dedicados à formação literária e profissional, deparo-me com uma situação de oito meses de desemprego, registados precisamente hoje. Durante este período de tempo, disponibilizei os meus serviços profissionais para diversas instituições de saúde em Portugal e candidatei-me a uma série de concursos para reserva de recrutamento que se arrastaram no tempo e sem oferecerem garantias de admissão a curto-médio prazos, tanto para mim, como para os inúmeros candidatos que se acumulavam nas filas de espera de entrega de candidaturas. Cheguei a escrever um artigo no “Jornal de Enfermagem” três meses depois do final do curso para uma maior sensibilização por parte das entidades competentes, no entanto, julgo não ter surtido o efeito desejado.

Além disso, tentando aliar a procura incessante de emprego com a formação contínua, consegui rentabilizar o imenso tempo disponível em áreas temáticas que me oferecessem alguma utilidade e contributos pessoais e profissionais, numa tentativa de libertação do vazio interior típico do papel de desempregado.

Consegui também aperceber-me dos sinais dos novos tempos, compreendendo a crescente importância e delegação de competências no sector privado da saúde em Portugal, dirigindo-me pessoalmente às respectivas instituições da minha área de residência, sendo o meu esforço “recompensado” por respostas negativas às minhas solicitações. A experiência profissional tão desejada por mim constituiu nestes momentos um pré-requisito do qual não dispunha e que, com respostas similares, não a conseguiria tão depressa como pretendido.

Também me dirigi pessoalmente à região de Lisboa, a cerca de 200 km da minha casa em Coimbra, ao aperceber-me que as oportunidades nesta região seriam maiores. Contudo, verifiquei que a falta de enfermeiros nos serviços é acompanhada pela excessiva morosidade nos processos de autorização de ingresso de novos enfermeiros nos serviços de saúde, por parte das Administrações Regionais de Saúde.

Mais recentemente, após a minha inscrição no Centro de Emprego, a minha dignidade bateu quase no fundo e enviei um pedido para um estágio profissional não remunerado num dos Hospitais de Coimbra, reconhecendo que seria um acto injusto e provocatório para a enfermagem. Injusto, porque 16 anos de dedicação na minha vida não perspectivaram um ingresso profissional nestas condições, e provocatório para a enfermagem, porque seria um motivo de arrastamento deste problema em vez de ser mais uma solução, no entanto o desejo de adquirir experiência profissional e de (re)adquirir competências em enfermagem falaram mais alto. Surpreendentemente, este pedido não foi aceite por uma questão de reorganização de princípios institucionais, deixando-me ainda mais desgostoso pelas situações de empregabilidade dos enfermeiros portugueses. Mal vai o país que não protege novos licenciados, nem de graça...

Sendo assim, continuando a assistir ao fecho de serviços de saúde como as Urgências e as Maternidades, à crescente transformação dos Hospitais Públicos para Entidades Públicas Empresariais (E.P.E.) tendo em consideração os lucros económicos, à significativa diminuição de admissões de novos licenciados em enfermagem nas instituições de saúde, à existência de contratos precários na enfermagem e à continuação do ingresso de milhares de pessoas neste curso, pergunto: O que estamos à espera para inverter esta situação? Esta mensagem é um dos meus contributos actuais e, como eu, há milhares de enfermeiros que aguardam pela explosão da bomba do desemprego em enfermagem nos meses de Junho e Julho, aquando da certificação da maioria de novos enfermeiros. Sem soluções profissionais para os licenciados de 2005/2006, acredito que muito poucos serão os novos licenciados de 2006/2007 empregados a curto prazo. Com a consciência desta situação, menores serão os candidatos a enfermagem, piores serão as condições dos assistentes docentes nas escolas de enfermagem e a extinção da enfermagem pode começar aqui.

Fico a aguardar por uma reacção mobilizadora por parte da Ordem dos Enfermeiros e do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, continuando a insistir na procura da minha oportunidade profissional e na defesa dos direitos dos meus colegas.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Carta para o meu pai


Os desabafos sentimentais são uma das provas da frontalidade, verdade e abertura humana e como prova disso deixo em baixo o desabafo revelador do amor que sinto pelo meu pai. Mesmo sendo um desabafo íntimo exposto num espaço público, nunca é demais nem inconveniente dizer que gostamos de alguém...

"Papá:

Já percebemos que o ser humano é marcado pela sua individualidade e que há pessoas que têm mais diferenças que outras, sendo natural que pai e filho também reflictam essas diferenças.


De facto, temos algumas características diferentes e acredito que, por vezes, sou incompreensivo e injusto contigo. A verdade é que podemos analisar os defeitos alheios com maior naturalidade e espaço para a sua correcção, e eu tenho sido possivelmente demasiado intolerante com os teus defeitos e não valorizo as qualidades que possuis.


Desta forma, recordo-me do aconchego que fazias à roupa da cama quando ia dormir, das horas de espera que suportavas à porta da escola ou da explicação, das consolas de jogos que me oferecias só para me veres feliz, das partidas de Damas que jogávamos e que dificilmente ganhava, das caminhadas que partilhávamos à beira-mar, do bem-estar que me proporcionavas e proporcionas...


Mais recentemente, recordo-me da paciência que tens comigo na fase de desempregado em que me encontro, das brincadeiras que temos em família, principalmente com a mamã, do carinho que manifestas para a Bia lembrando-me dos meus tempos de criança e, sem dúvida, das brincadeiras que tenho contigo, soltando o meu lado bem disposto (e quiçá de criança) e encavalitando-me em ti, deixando-te coberto de beijos e abraços. A tua reacção exterior é reservada, no entanto acredito que sentes um calor interior muito agradável que a minha proximidade e sensibilidade pode verificar, conseguindo sentir um coração mole, inseguro mas muito feliz com a presença dos filhos que ama.


Muito obrigado por seres assim, obrigado por seres meu pai, obrigado por alimentares a alegria da minha vida e proporcionares a estabilidade e felicidade no seio familiar e caso não te lembres, hoje é o teu dia e tal como nos outros dias quero dizer-te que “Gosto Muito de Ti”, acompanhado por um beijo de admiração na testa e um abraço de conforto para ambos. Obrigado Papá...

Gonçalo"

domingo, 18 de março de 2007

O orgulho de ser sportinguista



Ser sportinguista é ser diferente, é ter esforço, dedicação, devoção e glória e acreditar que, com trabalho e humildade, a juventude pode representar a maturidade e oferecer grandes alegrias aos seus adeptos. Ontem foi mais uma delas:

F.C. Porto – 0 Sporting – 1 Mai Nada:)

sexta-feira, 9 de março de 2007

Fresquinhas & Caricatas

Fonte: aqualandpetsplus.com

"Iguana sem pénis vai ser pai de 160"
“O iguana Mozart, que há um mês comoveu a comunidade internacional depois de ter parte do pénis amputado por causa de uma erecção permanente, vai ser pai. O jardim zoológico onde vive informou que as fêmeas Truus, Pepita, Bianca e Johnny estão grávidas. Trus, por exemplo, já depositou 46 ovos. Agora, sem pénis, resta a Mozart acalmar os seus instintos primitivos e, como futuro pai, passar os dias “lagarteando” pelo zoo. Segundo os tratadores do aquário de Antuérpia, na Bélgica, onde Mozart mora, engravidar quatro companheiras ao mesmo tempo é um facto raro (pelo menos entre iguanas).”
(Fonte: Jornal “24 Horas” 09/03/07)

Fonte próxima d’ “O Sabor Da Palavra” esteve lá, acompanhou de perto a Operação “Descanso do Guerreiro” e assistiu a uma manifestação à porta de iguanas desesperadas dizendo: “Ó Sô Doutor, tire-lhe a dor mas não lhe tire o inchaço”. No final, ainda soubemos que engravidar quatro companheiras ao mesmo tempo também é um facto raro no ser humano.

Sugestão de (Re)Leitura


“(...)Esta sua nova história reúne um homem e uma mulher cujas vidas tinham aparentemente sem sentido, após dolorosas perdas sentimentais. Theresa, divorciada e mãe de um adolescente, é colaboradora de um jornal onde escreve sobre relações entre pais e filhos. Garrett é professor de mergulho e vive na orla costeira, onde possui um magnífico veleiro restaurado por ele e pela falecida mulher. Aquilo que vai fazer com que as suas vidas se cruzem e lhes dará um novo, inesperado, sentido é uma série de mensagens que ele lança ao mar em garrafas seladas. Cartas pungentes de amor e saudade... Durante umas férias passadas à beira-mar, Theresa virá um dia a encontrar uma dessas garrafas. Obcecada pela estranheza do achado, começa uma busca que a levará a tentar descobrir a verdade acerca de um homem e das suas memórias. Um romance empolgante, emocionalmente intenso, que trata com grande delicadeza a força e a fragilidade das grandes paixões.”
(Contracapa do Livro “As Palavras Que Nunca Te Direi”)


Uma história que merece o facto de ser um best-seller e a menção pelos seus leitores, tal como faço neste momento.

Independentemente de já terem assistido ao filme ou lido esta obra, aconselho-vos a ler ou reler esta história intemporal como o amor, uma história que me transportou para a realidade em diversas situações. Desta forma, recordei-me das dificuldades sentidas nas relações à distância, de amores reais que tive e tenho o prazer de acompanhar, do amor perdido por uma amiga minha e, após um final inesperado e deveras emocionante, o retrato de uma lição de vida e de amor.

“As Palavras Que Nunca Te Direi” são palavras reveladas se a expressão acompanhar o coração, o perdão terá de ser uma realidade constante na vida humana e o amor será a felicidade da pessoa amada, mesmo que esse amor seja transportado para outro coração.

Um romance envolvente e intenso indicado para quem ama ou deseja amar, representando as asas para a experiência de um grande amor e um investimento duradouro na biblioteca caseira. Espero que gostem tanto ou mais do que eu gostei.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Dia da Mulher: o justo reconhecimento.


Um dia um professor virou-se para o meu grupo de estudo e afirmou que as mulheres são muito sacrificadas perante os “selvagens dos homens”, tendo reflectido e compreendido a intenção das suas palavras.

De facto, dizem que as mulheres são o sexo fraco, contudo, o que dizer das pessoas que começam a sua adolescência por terem dores menstruais/monstruais, passam 9 meses das suas vidas com o(s) filho(s) no ventre, muitas vezes em condições desgastantes, sofrem sufocantemente nos períodos de dilatação e expulsão no parto e, no momento em que acreditam que a família será uma estrutura de apoio e de bem-estar, ainda têm de regressar a casa vindas do trabalho para suportar a família nas tarefas domésticas? No mínimo, é uma questão de justiça reconhecer o grande valor que as mulheres têm na vida humana, pois contribuem como factor determinante para a sua génese, crescimento e desenvolvimento.

Assim, como por detrás de uma grande mulher, há sempre um grande homem e vice-versa, os homens terão de elevar-se ao nível das mulheres e constituírem um complemento justo da natureza feminina, dissipando o machismo e egoísmo.

Acredito que cada homem moderno já aderiu ou está em vias de aderir a esta nova filosofia relacional, ignorando as tradições seculares e preconceitos sociais, e constituindo um elemento de igual valia e disponibilidade para a partilha de tarefas e decisões. Com esta nova mentalidade, o sexo masculino tornar-se-á mais justo, o sexo feminino reforçará os seus laços sentimentais com maior disponibilidade, e os “selvagens dos homens” serão a excepção à regra.

Em suma, no dia da mulher, dedico este texto a todas as mulheres que marcam e marcarão um traço especial na minha vida, em especial à minha mãe, agradecendo-lhes a sua existência e desejando-lhes as merecidas felicidades.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Colóquio sobre Futebol “À Conversa Com...”


Fui informado acerca de um mês que se iria realizar este colóquio sobre futebol no Colégio de Quiaios tendo como prelectores dois jovens senhores do futebol português, Mister Paulo Bento e Mister João Carlos Pereira.
Na altura não me lembrei que coincidiria com o dia do jogo da 2ª mão da Liga dos Campeões que opunha, entre outros, as equipas do Chelsea e do Futebol Clube do Porto. No entanto, na vida há momentos em que se devem estabelecer prioridades e a minha prioridade ontem passou pela grande oportunidade de marcar presença num colóquio sobre futebol.
Este encontro estava marcado para as 20h30m, no entanto, apenas começou uma hora mais tarde, uma vez que o Mister Paulo Bento tinha tido uns problemas na sua viatura na viagem para Quiaios. Más-línguas (inclusive a minha;)) não perderam tempo para associar este atraso ao jogo Chelsea-FC Porto a decorrer na mesma altura.
Após um pedido de desculpas da organização, o colóquio começou sendo explicado que seria repartido por três temáticas (modelo e sistema de jogo; transições de jogo; preparação de um jogo) e entre cada uma delas existiria um espaço de tempo para debate e colocação de questões aos prelectores.


Modelo e Sistema de Jogo

Relativamente a este tema, Paulo Bento referiu que “não há apenas um modelo de jogo para cada treinador” e que este depende de vários factores como a cultura do clube, os objectivos do clube, as ideias do treinador e os jogadores que tem à disposição. Acrescentou que o modelo de jogo consiste na forma como a equipa actua nos 4 momentos de jogo: processo ofensivo, processo defensivo, transição defesa-ataque e transição ataque-defesa, sendo depois de definido, treinado numa vertente teórica e prática.
Quanto ao sistema de jogo, referiu que pessoalmente não tem preferência por nenhum, tendo actuado em 4-3-3 nos juniores do Sporting, em 4-4-2 losango como sistema habitual no futebol profissional do Sporting, e 3-5-2 ou 3-4-1-2 como sistema alternativo. Justificou estas opções por acreditar que “quem deve mandar no sistema e modelo de jogo são os jogadores”, dando mais importância à dinâmica implementada no sistema e modelo de jogo.
Por sua vez, João Carlos Pereira não acrescentou muito mais, reforçando que a definição do modelo de jogo deve considerar a cultura do clube, os objectivos e ambições do clube, as estruturas de apoio, exigindo uma definição das regras de funcionamento, a criação de um modelo de treino e clarificação das funções de cada elemento técnico.
Referiu ter trabalhado em diversos sistemas de jogo como o 3-5-2, 3-4-3, 4-4-2 e 4-3-3, sendo este último o seu preferido apesar de realçar a importância da dinâmica para cada sistema de jogo. Para finalizar este tema, declarou que não é um grande adepto de encaixar o seu sistema no do adversário, mas que às vezes faz sentido, necessitando de ter sempre um plano B.

“Num sistema de jogo privilegia-se o momento ofensivo ou defensivo?”
P.B.: Pensa-se no modelo de jogo para as duas situações. É importante conhecer os jogadores pois, por exemplo, com 4 avançados no plantel não é natural actuar em 4-3-3 ficando três avançados de fora cada jogo, sendo necessário retirar o maior rendimento de cada jogador.

“Quais as características dos médios-interiores no seu sistema de jogo?”
P.B.: Sem dúvida que o jogador mais ofensivo é o 4º elemento do meio-campo, tendo sido já utilizados vários jogadores como médios-interiores porque os adversários também são diferentes, podendo os jogadores pelas suas características diferentes adaptar-se à mesma posição consoante esse adversário. Há jogadores que tem maior capacidade ofensiva nessa posição como é o caso do Nani, e outros que tem mais capacidade defensiva como é o caso do Paredes. Por exemplo, com o Paredes permite-se um maior equilíbrio defensivo com a saída dos laterais. Quanto às características destes jogadores, necessitam de chegar à área adversária, dar largura à equipa, ter capacidade técnica e ter uma boa meia-distância.

“Quais as zonas de pressão? Como se adaptaria se actuasse em 4-3-3 e o seu adversário em 4-4-2 losango?”
P.B.: Primeiro que tudo temos de definir as zonas onde se quer pressionar e onde não se quer pressionar. Perdendo a bola até à linha de meio-campo há quase 100% segurança e é importante que nessa zona de perda não haja risco, e estarmos preparados para reagir o mais rápido possível. A jogar em 4-3-3 contra 4-4-2 losango, subia um dos laterais e baixava um dos extremos do lado contrário, é a tal adaptação ao adversário neste caso em termos defensivos.


Transição defesa-ataque e ataque-defesa

Para João Carlos Pereira, o fundamental é o equilíbrio da equipa, devendo existir uma grande eficácia no momento em que se perde a posse de bola e, recuperando a mesma, sair com eficácia, rapidez e aproveitando as debilidades do adversário.
Paulo Bento reforçou a palavra “equilíbrio” como sendo uma palavra fundamental nestes momentos de jogo. Na transição defesa-ataque, deve-se aproveitar a desorganização do adversário tentando não perder o equilíbrio, podendo ser feita esta transição de duas maneiras: ataque rápido ou contra-ataque; posse de bola, quando não é possível ataque rápido de forma a manter os equilíbrios. Por sua vez, na transição ataque-defesa, deve-se recuperar a bola rapidamente, retardar a circulação de bola do adversário ou, em último caso, a defesa em linhas mais baixas. Concluiu dizendo que depende sobretudo dos jogadores à disposição, porque se “tenho jogadores muito rápidos não preciso de ganhar a bola tão rapidamente e retardo assim a circulação ao adversário. No entanto, se tenho jogadores com capacidade técnica e que jogam bem em espaços reduzidos, faço a pressão mais alta.”
Nesta altura, João Carlos Pereira recordou um recente jogo de pré-temporada Benfica-Juventus, em que a Juventus aniquilou o sistema adversário através da pressão zonal, referindo que a Juve pressionava de forma a que os centrais do Benfica tivessem as linhas de passe fechadas e apenas pudessem jogar entre si até que perdessem a bola num passe longo, de forma a manter a segurança defensiva. Aludiu também ao facto do Arsenal actuar com uma pressão zonal semelhante e reconheceu o grande mérito do Barcelona em actuar assim, aliando a grande qualidade na posse de bola devido à qualidade técnica dos seus jogadores.

“Que tipo de transição defesa-ataque o Sporting actua preferencialmente?”
P.B.: O fundamental é a chegada à baliza advsersária o mais rapidamente possível, e o Sporting não joga em contra-ataque porque tem poucos jogadores com essas características, usa prefrencialmente a pressão alta. No entanto, no jogo em Leiria com 10 jogadores, fomos à procura de transições mais rápidas baixando e juntando as linhas, não podendo fazer pressão alta.
J.C.P. A equipa tem de definir momentos de pressão e zonas de pressão. Não há equipa nenhuma que actue sempre em ataque continuado porque depende dos momentos do jogo, podem existir situações prementes de contra-ataque, sendo que a pressão numa zona fora da zona de pressão pode ser despoletada por três situações de jogo: mau domínio de bola, passe atrasado e jogada lateral.


Preparação de um jogo

João Carlos Pereira comparou a preparação de um jogo com o corte da barba, “ podem existir várias maneiras de cortar a barba, pode-se cortar primeiro do lado direito ou do lado esquerdo, mas, tal como a preparação do jogo, qualquer das maneiras está correcta”. Depois de referir que começava a preparação do jogo na Segunda-Feira de manhã para analisar o advsersário e que dava folga na Terça-Feira, deu aquilo a que eu chamo a gaffe da noite. Assumiu em público que alterou o modelo de jogo, que tinha sido preparado durante a semana antes de um jogo contra o Sporting, durante o aquecimento da equipa. Sendo eu um mero observador atento do futebol e acompanhante de uma equipa de júniores de futebol, acredito que esta mudança numa altura de grande concentração para a equipa poderá ser um motivo de desorientação e suicídio para a mesma.
Pelo contrário, Paulo Bento referiu que habitualmente dava folga na Segunda-Feira e que iniciava a preparação ao jogo nas Terças-Feiras, aplicando exercícios para a forma de jogar da sua equipa e do seu adversario, fazendo uma abordagem ao jogo pelo conhecimento do adversário e do seu posicionamento nos diferentes momentos do jogo. Em situações de muitos jogos, trabalha mais os aspectos defensivos e de posicionamento para anular o adversário, uma vez que os aspectos ofensivos exigem ter bola e um trabalho mais prático. Costuma anunciar a equipa no dia do jogo e nunca na véspera e referiu ainda que o trabalho do treinador é até ao jogo (principalmente) e no intervalo do jogo, uma vez que é difícil passar a mensagem durante o mesmo, porque os gritos do treinador não são ouvidos e as mensagens que se possam dar a um jogador para transmitirem à equipa sofrem variadas interferências pelo meio.

"Costuma preparar intensamente os lances de bola parada durante a semana?"
P.B.: O que é para si preparar intensamente?(risos da assistência) Há duas maneiras de preparar um jogo, através de um trabalho analítico/específico ou segundo uma situação de jogo, sendo esta a minha preferida. Na situação analítica coloca-se uma estrutura defensiva e outra ofensiva para um trabalho mais específico mas a receptividade dos jogadores é menor, há uma maior desmotivação e não há nenhum treino que se apresente perto da realidade do jogo. Penso que foi Benítez que disse que tinha ganho a Champions por grandes penalidades mas sem as preparar no último treino antes da final, porque as situações são diferentes, nomeadamente a pressão do público.

“Digo isto porque nos últimos jogos o Sporting teve inúmeros cantos sem marcar um único golo...”
P.B.: Também tivemos jogos com a Naval, Marítimo e Estrela da Amadora em que decidimos os jogos através de bolas paradas e na altura fomos criticados por marcarmos golos apenas desta forma, no fundo há situações em que treinando-se de forma semelhante os lances saem com mais ou menos frequência, mas claro que devemos estar atentos.

“Trabalha para a equipa considerando os picos de forma dos seus jogadores?”
J.C.P.: Antigamente começava-se a preparar um jogo grande 15 dias antes, dando uma tareia física aos jogadores para que chegassem ao jogo grande numa forma física considerável. No entanto, esquecia-se que entre esses 15 dias existiam outros jogos importantes em que a equipa surgia mais lenta e adormecida, sendo criticada nessas alturas pela quebra física dos seus jogadores. Com os estudos que tem sido feitos, acredito que o futebol deve ser encarado como uma prova de regularidade e não devemos trabalhar para ter picos de forma.

“Não seria preferível adoptar uma posição mais distante durante o jogo, trocando o banco pela bancada na visualização do jogo?”
P.B.: Nunca tive a oportunidade de assistir a um jogo da bancada mas sinto-me bem no banco, é na minha opinião o melhor sítio para ver o jogo, porque na bancada vivemos o jogo de forma emocional e no banco a atitude exige mais racionalidade. Quem grita muito do banco é sinal que não preparou bem o jogo e não é esta a minha forma de actuar.
J.C.P.: Quem não tem domínio emocional não pode ser treinador, os jogadores fazem muito dentro do campo aquilo que somos cá fora e, por isso, devemos adoptar um comportamento que a equipa necessite, acreditar para a equipa acreditar também, e dar um grito ou dar um pontapé no banco se for preciso para a equipa acordar.

Jornalista da RDP: “Não seria benéfico para a preparação da equipa ter treinos à porta aberta de forma a simular melhor as situações de jogo e a pressão do público?”
P.B.: Se eu estiver no deserto consigo, não vamos dar água um ao outro (risada geral do público)...Seria uma vantagem ter o público presente para aumentar o rendimento dos jogadores simulando situações de pressão do jogo, no entanto não posso oferecer os trunfos ao adversário e, com treinos à porta aberta, a informação seria passada cá para fora podendo colocar em causa o trabalho de uma semana.

“Como motiva os jogadores não convocados?”
P.B.:A questão da motivação é muito importante, posso dizer que no primeiro treino após o jogo, estou a assistir ao treino dos não convocados.

“Falando do futebol de formação, não seria vantajoso a existência de equipas B para fazer a transição adequada para o futebol profissional?”
P.B.: É uma ideia, no entanto pode-se formar jogadores para a equipa principal sem equipa B, podendo-se fazer isso apoiando-se no 2º ano de júniores ou emprestar jogadores a outras equipas como ponte para a equipa principal do Sporting. Moutinho surgiu da equipa de júniores, Miguel Veloso e Yannick tiveram uma passagem pela segunda divisão B, e Pereirinha esteve meio ano na Liga de Honra passando para a equipa principal. A equipa B é uma boa ideia mas não é fundamental porque, além disso, baseia-se em projectos limitativos em termos de subida de escalão e participação na Taça de Portugal. Desta forma, os jogadores emprestados encontram outras perspectivas noutros escalões e conseguem completar a sua formação técnica e física.


Em suma, foi um encontro enriquecedor apesar de sentir algumas respostas circulares a algumas questões, muitas vezes teóricas demais parecendo um curso de treinadores, e uma postura fechada dos dois treinadores quanto à definição da sua filosofia e estratégia de jogo. Talvez seja compreensível, uma vez que estávamos perante treinadores jovens, com pouca experiência e sendo um deles o actual técnico de um clube grande. Senti ainda uma diferença de postura de Paulo Bento na relação em grupo e na relação pessoal. Assim, Paulo Bento pareceu-me ser muito sério a falar com multidões, esboçando raramente um sorriso, no entanto, a nível pessoal, esboçou alguns sorrisos e ainda pousou para algumas fotos com alguns adolescentes. No final, ainda ouviu-se um adepto leonino despedir-se para Paulo Bento com a frase: “Mister, continue a acreditar, ainda faltam 30 pontos...”

sábado, 3 de março de 2007

O dia em que volto a ser bebé


Nasci em Coimbra a 3 de Março de 1984, cidade onde vivo, por volta das 19h30m (ainda a tempo de ver os Morangos com Açúcar) com pouco mais de 3 kg e com uma altura considerável, segundo rezam as crónicas.
A poucas horas de completar 23 anos (como o tempo passa...), lanço-vos um simples pedido, nada mais nada menos do que...falarem de mim:)
Apesar de não terem contactado comigo durante estes 23 anos, façam uso da vossa sinceridade e sensatez e descrevam-me nas qualidades e nos defeitos, segundo a vossa experiência comigo.
Os elogios identificarão as qualidades a manter, e os defeitos serão apresentados segundo uma crítica construtiva possibilitadora de um desenvolvimento constante na minha forma de ser e estar, aos quais estarei muito atento e reflexivo.
Em suma, adoro relações abertas e frontais, adoro falar da natureza humana sem condicionalismos e o meu desejo passa por debateram a minha natureza humana em favor de um Gonçalo mais maduro mentalmente a cada ano que passa.
Obrigado pela vossa atenção e sejam felizes como eu procuro ser:)

sexta-feira, 2 de março de 2007

Sugestão Cinematográfica: "Em Busca da Felicidade"


“Chris Gardner (Will Smith) é inteligente e talentoso mas não consegue encontrar um emprego que sustente a família. Sem conseguir suportar a pressão constante da falta de dinheiro, a mulher abandona-o e Chris fica sozinho com o filho de cinco anos. Pai solteiro, Chris continua a lutar por um emprego melhor mas acaba por aceitar um estágio não remunerado na esperança de vir a ser contratado no final por essa empresa promissora. No entanto, sem dinheiro, acaba por ser despejado do apartamento em que vive com o filho e os dois são obrigados a dormir em abrigos, estações de autocarros ou qualquer local que possa servir de refúgio para a noite. Mas, apesar de todos os problemas, Chris continua a ser um pai afectuoso e dedicado, encarando o amor do filho como a força necessária para ultrapassar todos os obstáculos.”

Fonte: http://cinecartaz.publico.clix.pt/filme.asp?id=166269

Um filme baseado numa história verídica que arrepia qualquer coração mais sensível. Acabei de o ver agora e ainda sinto o meu corpo a tremer de emoção e as lágrimas a quererem cair sobre o meu rosto, porque mais difícil que ver este filme a chorar é querer chorar e não conseguir, ficando com as emoções presas por um nó na garganta.

Este filme constituiu uma retrospectiva à minha vida familiar em que os meus pais, vindos de famílias humildes, uniram-se por amor e reflectiram esse amor pelos seus filhos, ultrapassando os sacrifícios de uma vida dura e por vezes cruel para que a felicidade familiar fosse uma realidade.

Acredito nas dificuldades que os meus pais tiveram para criar as condições de vida onde cresci e desenvolvi-me, afinal de contas os meus pais vinham de famílias simples e trabalhadoras e apenas com muito suor e noites mal dormidas conseguiram educar-me num lar com tanto amor, carinho e bem-estar.

Recordo-me das palavras da minha mãe ao dizer-me que passava turnos de enfermagem fatigantes, mas ainda assim apanhava o autocarro para casa, por vezes em dias de calor sufocante, e subia uma enorme ladeira íngreme até nossa casa com os filhos num braço e os sacos pesados no outro. E, quando chegava a casa, imagino que ainda teria de ganhar forças para educar-nos com o maior carinho possível, para que pudéssemos crescer felizes e com o maior conforto possível. Chegou mesmo ao ponto de ter de trabalhar, educar os filhos e ainda estudar ao mesmo tempo, para que o crescimento profissional pudesse funcionar como crescimento familiar.

O meu pai também trabalhava por turnos e revezava-se com a minha mãe para manter os filhos felizes, trocando por vezes benefícios profissionais pelo conforto da família, deixando de dormir para levar os filhos à escola ou, simplesmente, passar manhãs sem descanso com os filhos nas consultas médicas. Foi o meu pai que soube esperar pelos filhos horas e horas a fio no carro, muitas vezes nas noites frias, escuras e chuvosas de Inverno, apenas para que pudéssemos gozar de explicações escolares que nos permitissem um futuro risonho.

Poderia contar-vos imensas histórias de amor familiar por mim vividas, mas julgo que as melhores ficarão guardadas no meu coração até serem verdadeiramente retribuídas com amor e carinho à minha futura família. Apenas posso agradecer aos meus pais aquilo que sou hoje e, estando a um dia de completar 23 primaveras, acredito que estou no caminho correcto para a estabilidade pessoal e profissional, tendo o amor dos meus pais para transmitir e a profissão que julgo cumprir a minha missão de vida para ser feliz.

Assim, “Em busca de felicidade” constituiu a redescoberta de uma lição de vida de amor, carinho e sacrifícios em prol da estabilidade familiar, por isso espero que aproveitem tão bem ou melhor do que eu aproveitei.

Para terminar deixo-vos uma frase que resume o filme e a educação que tive: será preferível ter um pão inteiro para dar ao meu filho do que parti-lo em metades para ambos.

P.S.: Obrigado “maninha” pelo momento que me proporcionaste.