quinta-feira, 27 de julho de 2006

Adeus Vida Académica...



Celebrei hoje o final da minha vida de estudante, iniciando-se uma nova etapa no mundo profissional, mais propriamente na mais bela profissão do mundo, a enfermagem...
Referi que terminei a minha vida de estudante mas não deixei de ser estudante...A vida académica já partiu mas estudante serei sempre como forma de valorização pessoal e profissional, exigindo de mim próprio uma actualização contínua de conhecimentos científicos...
Tal como o padre referiu hoje na homília da missa de final de curso, a pessoa não é uma máquina, não podemos comparar o corpo do António ao motor de um Fiat (passo a publicidade)...E nessa procura constante do ser como um todo, é necessário continuar a ser estudante, observar, escutar, ler, aprofundar conhecimentos...Desta forma poderemos compreender melhor a pessoa e defender os seus direitos, sempre que eles estiverem em perigo, utilizando os mais recentes e os velhos conhecimentos científicos...Poderemos saber estar com o doente, mostrando-lhe uma postura adequada e reveladora daquilo que, talvez, o doente mais precisa: atenção...Poderemos ser o enfermeiro que o doente precisa naquele momento, adoptando uma filosofia e uma personalidade em enfermagem que ao satisfazer o doente, também nos realizará pessoal e profissionalmente...
No fundo, utilizando o saber saber, o saber estar e o saber ser, poderemos estar mais próximos do amor ao próximo, um das características de quem tem fé, como eu...A outra, como nos indicou hoje o padre, é o amor a Deus...Mas mesmo quem não tiver fé e não ame Deus, pelo menos ame o próximo...
Em suma, desejo um início de um novo ciclo cheio de grandes momentos, momentos que me façam rir, momentos que me façam exultar de satisfação, momentos que me façam amar o próximo e a Deus...Obrigado meu Deus por teres escolhido missão tão bonita para mim representada pela profissão de enfermagem...Vou procurar cumpri-la da melhor forma....

quinta-feira, 20 de julho de 2006

A Lei do Amor II


“Ás vezes há que violentar a matéria para que se apresente a sua formusura. É à base de golpes de cinzel que um pedaço de mármore se converte numa obra-prima. Há que saber bater sem piedade, sem remorsos, sem medo de deitar fora os pedaços de pedra que impedem que a peça mostre o seu esplendor. Saber produzir uma obra de arte é saber tirar o que estorva. A criação utiliza o mesmo processo. No ventre materno, as próprias células sabem pôr-se de lado, suicidam-se para que outras existam. Para que o lábio superior se possa separar do lábio inferior, tiveram de morrer as milhares de células que os uniam. Se não fosse assim, como poderia o homem falar, cantar, comer, beijar, suspirar de amor? Infelizmente, a alma não tem a mesma sabedoria que as células. É um diamante em bruto que, para ficar polido, precisa das pancadas que o sofrimento proporciona.” Laura Esquivel In A Lei do Amor


Sofrimento...dor...solidão...angústia...infelicidade...Palavras carregadas de intensa carga negativa, palavras que por si só nos transportam para um lugar longínquo do passado, fazendo-nos estremecer ao sentir o seu verdadeiro significado....
O texto anterior apresenta-as como o martelo e o escropo que a alma precisa para ser aperfeiçoada, como um meio necessário para a evolução humana, de forma a que a criação se desenvolva tanto física como espiritualmente...Se a criação física já possui os mecanismos necessários para crescer e desenvolver-se, a evolução espiritual exige uma aprendizagem auto-didacta, em que as maiores machadadas trespassadas pela alma proporcionam a abertura para um crescimento mais sustentado e sólido...Tal como as células que se põem de lado para que a criação física possa beijar, expressar, sentir e amar, as machadadas permitirão o aperfeiçoamento da alma, lembrando-nos que a vida é um caminho com montes e vales, e que são os vales que valorizam a chegada aos montes...
Infelizmente, o sofrimento nunca será benvindo, mas se for aceite com maior naturalidade e com um propósito favorável, de certeza que será melhor compreendido e nos colocará mais próximos do que desejamos...

quarta-feira, 19 de julho de 2006

A Lei do Amor I


“Quando há ódio entre duas pessoas, a vida reuni-las-á tantas vezes quantas forem necessárias até este desaparecer. Nascerão uma vez e outra perto um do outro, até aprenderem a amar-se. E virá um dia, depois de catorze mil vidas, em que terão aprendido o suficiente sobre a Lei do Amor para que lhes seja permitido conhecer a sua alma gémea. Esta é a melhor recompensa que um ser humano pode esperar da vida. E podem ter a certeza que caberá a todos, mas a seu devido tempo.” Laura Esquivel In A Lei do Amor

Este é o primeiro de alguns excertos de uma obra sublime que pretenderei partilhar convosco nos próximos tempos, sempre que o destino assim o queira, como o próprio livro traduz...
Este excerto debate a importância do amor na descoberta da nossa alma gémea, como sendo o resultado do desaparecimento gradual do ódio, ao longo das diferentes vidas por que passamos...
Pelos vistos, a chave para abrir a porta da felicidade e do amor eterno passa pelo sofrimento que possamos passar até descobrir e partilhar o verdadeiro amor entre as pessoas, os animais, as plantas e os objectos...Muitos momentos serão dolorosos, simbolizando a adaptação da nossa alma à diminuição dos sentimentos de ódio e ao aumento dos sentimentos amorosos, mas a melhor recompensa que teremos será a celebração do amor eterno, indo de encontro à pessoa que nos completará...
Se o amor é a solução inevitável para esta questão, porque razão não aprendemos a amar mais cedo? Um grande abraço para todos e façam o favor de amar...

terça-feira, 18 de julho de 2006

Lágrima em Enfermagem: sensibilidade ou mau profissionalismo?


Há uns dias atrás fui confrontado com a seguinte questão polémica: Será correcto o enfermeiro expressar as emoções pela morte de um doente, ao ponto de deixar cair as lágrimas perante a família desse doente?
Teoricamente, a formação que tive leva-me a negar este tipo de emoções, no sentido da relação de ajuda que se estabelece com a família exigir o controlo dos nossos sentimentos, mostrando a segurança e a confiança necessárias. Uma vez que o enfermeiro é a pessoa mais privilegiada e próxima da família, e sendo que esta precisa do apoio necessário para ultrapassar os infortúnios da doença, não será credível revelar uma imagem frágil e desmotivada...Senão, o que marcaria a diferença entre um enfermeiro e uma pessoa sem a formação em Enfermagem? Assim, qualquer um poderia prestar o tão exigido apoio emocional, sem necessitar de qualificações teóricas e práticas, qualquer um poderia ser enfermeiro nesta situação...
Contudo, os argumentos que obtive de uma pessoa experiente na área, fez-me pensar que esta expressão de emoções perante a família poderá ser vantajosa, reveladora de sensibilidade e pureza de sentimentos, em detrimento de uma imagem fria e calculista...Questionei-a acerca da reacção da família a esta postura do profissional de enfermagem, tendo sido revelado que, uns tempos mais tarde, a família agradeceu aquele tipo de apoio demonstrado entre um ombro amigo e a lágrima no olhar...Além disso, o enfermeiro cria laços fortes com o doente, tendo que ultrapassar esta separação sob pena de não conseguir processar a perda desse ente querido, iniciando um processo de luto patológico...Argumentos que me fizeram pensar, sendo reforçados no final pelo incentivo à expressão natural das emoções perante a família, sempre que o controlo de sentimentos e de conhecimentos que se exige na enfermagem forem praticamente impossíveis de realizar...A família sentirá essa nobreza e partilha de sentimentos e agradecerá eternamente...
Sendo esta uma das perguntas difíceis, ao qual ainda não obtive resposta conclusiva, por existirem argumentos lógicos dos dois quadrantes, peço a vossa ajuda para, com os vossos comentários, me ajudarem a efectuar um juízo final...Conto com a vossa experiência, tanto no papel de profissionais, como no papel de familiares...

quinta-feira, 13 de julho de 2006

Amor a quanto obrigas...


Há uns meses atrás tive o prazer de ser convidado para a celebração de um casamento numa das mais pequenas igrejas que já alguma vez estive...Mas como a dimensão das casas não traduz a força que poderá ser transmitida dentro delas, tive a felicidade de assistir a uma homilia de um padre relativamente jovem, que emitiu o seu sábio conceito de amor...Segundo ele, amor é dar ao companheiro aquilo que o poderá fazer feliz, mesmo que essa felicidade seja a tristeza para nós...Como exemplos, referiu o facto de uma esposa detestar futebol e ser a primeira a ir comprar os bilhetes para assistir a uma partida de futebol com o marido...ou o facto de um marido sentir imensas dificuldades em lavar a louça, mas ser o primeiro a levantar a louça da mesa e pôr as mãos à obra na cozinha...
No último sábado tive o prazer de assistir a um filme em que nos transmitia precisamente esta lição de vida...Com um final original para um filme daquele género, concluiu-se que o amor tem de ser uma troca recíproca de motivos de felicidade, o facto de abdicar de hábitos passados para fazer feliz alguém que amamos, uma adaptação mútua aos prazeres de cada um, mesmo que esse prazer seja o nosso maior obstáculo...
Pensem nisto e não repitam aquele filme de novo, em que a pouca demonstração de amor acabou por destruí-lo, mesmo sentindo-se que aquele casal tinha tudo para ser feliz...

O orgulho de ser português...


Durante um mês Portugal foi a palavra de ordem nas televisões, nos jornais, nas rádios, nas bocas dos portugueses...Uma palavra que incomodou uns, encantou outros, mas que conseguiu acima de tudo devolver o espírito patriótico que nos deve caracterizar...Bandeiras à varanda, “A Portuguesa” na ponta da língua, rostos pintados com as cores nacionais, cachecóis ao vento, tudo foi motivo para mostrar ao mundo que temos orgulho de ser portugueses...Portugal foi neste período sinónimo de união, força, fé, coragem e vitórias...Os portugueses saíam à rua com a alegria de dizer a palavra Portugal, mostrando um sorriso largo pela fantástica campanha futebolística que os nossos jogadores exibiam na Alemanha, com a esperança de repetir a História milenar em que o mundo seria reconquistado pela bravura lusitana...
Infelizmente, as bandeiras começam a desaparecer, “A Portuguesa” terá de ser relembrada em próximo campeonato de futebol internacional, os rostos só serão novamente pintados por motivo de vaidade ou de gala, e os cachecóis ficarão guardados no armário ansiando por nova época de Amor a Portugal...
Pensem nisto e não esperem por nova competição internacional para mostrarem ao mundo o orgulho e a emoção que é ser português, porque a beleza e força de um país não depende da conquista de uma taça do mundo, mas depende da união e nacionalismo das pessoas que o compõem...Amo-te Portugal:)

sábado, 8 de julho de 2006

Percepção da Individualidade Humana


Uma das premissas da minha existência é a caracterização da individualidade humana como um todo, enquadrando os aspectos físicos e mentais numa única abordagem, contrariando a visão física que se adopta preferencialmente...A falibilidade desta visão revela-se através da existência de pessoas fisicamente desprezáveis mas com qualidades humanas que nos deixam colados à sua presença, em oposição à existência de pessoas especialmente atraentes fisicamente mas vazias interiormente...A visão holística permite uma maior selectividade relacional, através de uma maior identificação e aproximação às designadas pessoas especiais, relegando para segundo plano as chamadas pessoas desprezíveis ou desinteressantes...
Um gesto...um sorriso...um olhar...uma palavra...factores que me despertaram a atenção precocemente e que têm sido progressivamente sujeitos a uma sensibilidade cada vez mais apurada...Sem constituir estereótipos, a energia transmitida pela imagem e pela palavra, mesmo à distância, poderá ser o argumento necessário para a caracterização humana dessa pessoa...Obviamente que há sentimentos que se estabelecem apenas pessoalmente, no entanto, tenho confirmado que uma percepção cuidada da expressão/imagem de uma pessoa poderá ser um factor primordial para a definição da sua personalidade...Prova disso, é o facto de conhecer bastante bem pessoas tão distantes e próximas ao mesmo tempo...Como se a energia que a sua imagem e palavras carregam me permitissem conhecer tanto e tão pouco, simultaneamente...Porém, o reconhecimento dos limites da nossa percepção à imagem e palavra, e/ou a abertura ao próximo sem preconceitos, contribuirão para uma visão mais realista e justa do ser humano...
Pensem nisto, sejam mais receptivos às energias transmitidas pelo próximo, mas acreditem que estas podem ser transmitidas de diferentes formas, e que a imagem é tão importante como falível...