sábado, 25 de novembro de 2006

André Sardet espalha romantismo em Coimbra


Coimbra é conhecida como a cidade do conhecimento como o André Sardet destacou esta noite pelo facto de todos se conhecerem...Além da aldeia em ponto grande que constitui esta cidade repleta de mística académica, destaco-a como a “Cidade do Romantismo”...De facto, quem duvidava disto esclareceu hoje todas as dúvidas, num espectáculo mágico, proporcionado por um dos génios da música nacional que já aguardava pelo reconhecimento merecido há imenso tempo...

Sejam benvindos à magia...

Assim podia ter começado o concerto desta noite, o que não sucedeu, começando pela interpretação de uma das muitas músicas envolventes e apaixonantes que Sardet tão bem sabe interpretar, com a sua voz doce e encantadora...

A noite pedia para ficar e mesmo sem Mafalda Veiga, o tema “Hoje vou ficar” não foi esquecido, sendo interpretado num dueto romântico entre Sardet e uma das cantoras da sua banda que, por sinal, mostrou uma voz à sua imagem, poderosa e sensual...

A noite fria e chuvosa lá fora contrastava com o calor e conforto proporcionado pelo “Feitiço” de uma noite de ilusão, elevada ao máximo pelas vozes em uníssono de um público deliciado pelo encanto e inocência do momento...

Após ficarmos a saber que o grande amigo de Sardet, Luís Represas, apagou hoje 50 velas, impossibilitando-o de estar presente esta noite interpretando “Se eu disser”, mais uma surpresa abrilhantou a noite...Nada mais, nada menos que...Viviane, a vocalista dos Entre Aspas, subiu ao palco e aumentou a concentração de estrelas por metro quadrado...Mais um dueto romântico, mais uma partilha de sentimentos, mais um grande momento de emoções à flor da pele...

A despedida surgiu mas o público queria mais e sabia que o melhor ainda estava para vir, sendo recompensado numa nova subida ao palco de André Sardet, ainda a tempo de nos presentear com o apaixonante tema “Quando eu te falei em amor”...Uma letra lindíssima, uma melodia envolvente e uma voz encantadora, deixou-me convicto que não seria preciso mais para deixar o público em êxtase e a representar a voz de Sardet por momentos...

Para o final ficou guardado o “Feitiço” final, levando centenas de pessoas ao mundo dos sonhos, enfrentando o mundo das amarguras com um coração mais aquecido, e acreditando mais no amor em detrimento dos conflitos e discussões quotidianas...

Coimbra exigia há muito tempo um espectáculo destes...o sonho concretizou-se e André Sardet anunciou a repetição deste sonho para 8 de Janeiro, levando ao rubro o público conimbricense sedento de espectáculos desta dimensão, numa cidade em que a cultura tem de ser mais valorizada porque espaços e assistências não faltarão...

Obrigado André Sardet, obrigado Coimbra, quero mais...

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

A Intensidade dos Sentimentos


As homilias dos matrimónios são momentos ricos em lições de vida e as mensagens da Igreja abrilhantam ainda mais a celebração do amor aos olhos de DEUS. Senão vejamos, há uns tempos atrás citei um padre acerca do conceito do amor referido num dos casamentos que fui recentemente. Hoje estou disposto a falar de um tema referido numa homilia matrimonial que tanto se adequa ao amor como à amizade, ou seja, a intensidade dos sentimentos. Na altura o padre referia-se apenas ao amor, mas julgo que esta reflexão adequa-se a todo o género de relações humanas, entre as quais a amizade e o amor, por isso as palavras que proferir aqui relativas ao casal, podem ser aplicadas à relação entre dois amigos.

De facto, segundo a mensagem do padre, num casal há sempre um que ama mais que o outro, nunca há um equilíbrio coincidente, mas que o amor tem de superar essa diferença de intensidade. Isto porque o amor é partilhar, é dar, é preencher o espaço vazio, complementar e compensar a menor intensidade do outro, mesmo que esse outro ame e faça muito por esse amor mas com menor intensidade...

Desta forma, a diferença de intensidades sentimentais é uma realidade, mas não pode ser essa diferença que nos poderá causar medo de amar ou de ter um amigo, porque a vida é um risco repleto de desafios, de constantes diferenças, apenas temos de as saber respeitar e complementá-las para a harmonia e os sentimentos demonstrarem-se com o seu estilo próprio...

Porque quem ama sofre mesmo quando é amado, enfrentemos o risco de nos abrirmos para a humanidade para amarmos e sermos amados, mesmo que esse amor ou amizade seja de intensidades diferentes...

domingo, 5 de novembro de 2006

PELOS CAMINHOS DE PORTUGAL: Piódão

Vale a pena percorrer montes e vales para chegar lá ao fundo e ver este presépio natural...


Ai mãe, agarra-me que tenho vertigens:)


Vamos tomar um café?
Vamos...onde queres ir?
Damos um saltinho ao Piódão, que achas?;)

Igreja Matriz do Piódão...Digam lá que não é bonita;)


Viva o oportunismo comercial!!! Só faltavam os artigos do Noddy;)
Numa daquelas tardes aborrecidas em que não há nada para fazer, a loucura invadiu-me o espírito e propus à minha família conhecer o Piódão...a minha mãe toda entusiasmada convenceu o meu pai, e ainda convidou a minha irmã e afilhada, mal ela sabia onde se ia meter...

Era a nossa primeira vez no Piódão, e ainda por cima comigo ao leme do barco, ou como quem diz, ao volante da poderosa máquina do meu pai...Este ia ao meu lado, habitualmente ocupando a função de co-piloto proferindo as suas instruções “Gonçalo, encosta-te mais à direita...”, “Gonçalo, vai mais devagar, tem juízo...”, “Daqui a pouco vou para aí...”. Atrás de mim, a minha afilhada, indiferente à proximidade do abismo, e respondendo às criancices do padrinho, a minha irmã que sorria e tentava acalmar a minha mãe, e a minha mãe que só dizia para mim “Gonçalo, pára o carro...”, “Ai onde eu me vim meter, já estou mais que arrependida...”, “Mas isto nunca mais acaba?”.

É verdade, o caminho parecia uma constante interminável de perigos, estradas onde um carro passa apertado, cruzando-se por vezes dois, protecções laterais inexistentes, e o abismo ali tão perto...No meio disto tudo, lá ia eu ao volante, a sorrir para os receios de grande parte da minha família, acalmando a minha mãe com gracejos, e conduzindo com muita tranquilidade ou, como diz Paulo Bento, com muita dranquilidade...

Chegámos ao Piódão e senti que valeu a pena o caminho das tormentas, é um típico local de tradições, onde a beleza natural vale mais que mil caminhos tortuosos, como as fotos que tirei podem comprovar. Escusado será dizer que a minha família, nos próximos tempos, só conseguirá ver o Piódão por um canudo ou em fotos...

Espero poder regressar ao Piódão porque o escasso tempo que tinha não me permitiu explorar profundamente este espaço, e recomendo vivamente às pessoas para cometer esta loucura saudável e ultrapassar montes e vales para chegar a um destino proveitoso...Afinal de contas, a vida também é uma constante de montes e vales com destinos proveitosos:)

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Eu Não Sei Quem Te Perdeu...


Pedro Abrunhosa

Eu não sei quem te perdeu


Quando veio,
Mostrou-me as mãos vazias,
As mãos como os meus dias,
Tão leves e banais.

E pediu-me
Que lhe levasse o medo,
Eu disse-lhe um segredo:
"Não partas nunca mais".

E dançou,
Rodou no chão molhado,
Num beijo apertado
De barco contra o cais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.

Abraçou-me
Como se abraça o tempo,
A vida num momento
Em gestos nunca iguais.

E parou,
Cantou contra o meu peito,
Num beijo imperfeito
Roubado nos umbrais.

E partiu,
Sem me dizer o nome,
Levando-me o perfume
De tantas noites mais.

E uma asa voa
A cada beijo teu,
Esta noite
Sou dono do céu,
E eu não sei quem te perdeu.



Após uma noite das bruxas sensaborona, celebrou-se hoje o Dia de Todos os Santos, enchendo-se o cemitério de pessoas que recordaram os seus entes queridos já falecidos, em gestos a roçar o consumismo exacerbado, aproveitando os comerciantes de flores e velas para facturarem.

Nunca fui um frequentador assíduo dos cemitérios onde jazem os meus falecidos familiares, em pequeno acompanhava mais a minha mãe colocando um botão de rosa ou acendendo uma vela, no entanto esse hábito foi-se perdendo, ganhando no entanto uma maior consciência da importância dessas pessoas na minha vida. Acredito que peco por esta ausência, mas a crença nesta proximidade torna-se progressivamente maior, sentindo um apoio invisível que me tem sustentado durante estes anos de imensos desafios, como se mensageiros celestes da palavra de DEUS se tratassem, iluminando o meu caminho como os meus Anjos da Guarda Celestes.

Numa época especial em que a homenagem aos finados tem de ser complementada nos restantes dias, gostaria de deixar aqui a minha, e nada mais talhado do que esta letra de autoria de Pedro Abrunhosa, um dos génios da música nacional na arte da composição, criando num momento de grande iluminação a melhor letra e música de todos os tempos, na minha opinião. Uma letra que me faz recordar as pessoas que um dia mostraram as suas mãos para prestarem o seu apreço e carinho, fizeram dos seus braços a união e deixaram a sua marca no meu coração, mesmo que alguns deles nunca tenham partilhado a sua presença física comigo ou tenham partilhado numa altura inconsciente da minha vida.

Às vezes, quando fecho os olhos ainda sinto as vozes meigas, os sorrisos doces, e as brincadeiras envolventes das pessoas responsáveis pelo meu sorriso e motivação diária, por isso o meu eterno agradecimento por tudo o que têm feito por mim...

A vela já está acesa, retribuindo a luz que tem iluminado o meu caminho, porque eu não sei quem vos perdeu...