quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bolinhos e Bolinhós Século XXI

Ainda sou do tempo...em que a noite das bruxas era a noite mais especial do ano dos miúdos da minha terra a seguir ao Carnaval. 

Noite de lençóis brancos à volta do corpo, uma abóbora na mão e uma vela dentro da abóbora. Muito Spooky! Depois muita farinha para espalhar pelas casas e carros por onde passávamos. À chegada às portas dos vizinhos, muita música e animação infantil, acompanhada de movimentos assustadores quando alguém aparecia à porta. Os habitantes ficavam com aquele ar enternecido enquanto viam os miúdos a divertirem-se e a cantarem os "Bolinhos e Bolinhós". No final perguntavam o que queríamos. Todos diziamos "o que puder dar...", mas no fundo o que nós queríamos era dinheiro. Malvados dos adultos que normalmente nos enchiam o saco de fruta da época (saudades daquelas romãs!), rebuçados e outras guloseimas. Dinheiro era uma raridade!

Mas os adultos tinham razão. Parece que adivinhavam o futuro que nos esperava. Hoje em dia as crianças crescem no mundo do Tio Patinhas e não atribuem significado às castanhas que os miúdos partilhavam no final da noite das bruxas, à animação que rodeava a confecção das abóboras assustadoras e ao sentido de grupo que as crianças revelavam de rua em rua. Hoje em dia o dinheiro move em grande parte as emoções das crianças e preferem passar uma noite ao computador ou a mandar SMS's do que a celebrar a noite das bruxas. Só não sei como ainda não inventaram o Facebook das Bruxas, venderia de certeza...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Apresentação de um livro!

No Sábado fui a mais uma apresentação de um livro. Mais do mesmo, diria eu! Uma primeira parte de intervenção política e social e uma segunda parte a viver da surpreendente chamada dos co-autores para se apresentarem em público. Do livro propriamente dito, nada! Como querem que compre um livro se nem o apresentam? E se esperavam que os co-autores o fizessem de uma maneira inesperada e muito menos sem o livro na mão, estavam muito enganados. Além disso, os escritores são tudo menos gente extrovertida em público. As melhores manifestações de um escritor são no papel e compreende-se que não sejam obrigados a brilhar oralmente. Para a próxima repensem a forma de divulgação da obra. E pelos vistos será dedicada ao amor, de certeza que não faltará imaginação. Assim o desejo...Sobre certezas, apenas sei que será mais um passo no caminho de um sonho de uma amiga muito especial. Para mim será chapa 5!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A Teia


Era uma vez um insecto chamado Jici. E, como qualquer insecto, pousa onde gosta à distância de um voo. São asas, senhor, são asas. Mas um dia Jici é empurrado por uma rabanada de vento forte e cai na teia de uma aranha, a Mãozinhas. Bicho patudo, peludo e mudo. Com a Mãozinhas as palavras não existem, a democracia é uma miragem e a ditadura do parasitismo impera. Jici treme, barafusta, mas adapta-se ao seu novo casulo. Mãozinhas mantém-se impávida e serena, afinal de contas, o importante é o alimento.

O tempo consome Jici.

Mas certo dia, a teia negra e fria de Mãozinhas torna-se um pesadelo ainda maior. Polvinho, o primo mais afastado de Mãozinhas, surge como o novo parasita. Mas desta vez com mais pêlos, mais patas e sem qualquer tipo de expressão. Parece que veio para ficar e consumir o resto das asas.

No entanto, Jici não se conforma. Jici conhece o doce sabor da mudança. Mas não pode. Ou não sabe. Mas de uma coisa sabe. Por cada fio da teia de Mãozinhas e do Polvinho há diversas derivações. E ao longe o sol brilha e reflecte-se sobre a teia. O caminho faz-se caminhando...

(Capítulo em aberto!)

Imagem: http://www.universohq.com/quadrinhos/2010/n20052010_02.cfm
Música: The Gift - Meaning of Life