Gonçalo
Cardoso: Que expectativas tens para esta entrevista?
Raven: Que
vai resultar muito bem, conheces de forma especial o interior humano e acho que
saberás conduzir tudo de forma inteligente e emocional.
GC: O
que achas deste tipo de iniciativas, entrevistas a bloguistas?
R: Acho
que é uma ideia inovadora, pelo menos nunca a vi ser colocada em prática
noutros espaços deste género e acho que ajuda a conhecer muito melhor quem está
do outro lado. Muitos de nós, como eu, usamos pseudónimos e por vezes nem
falamos de tudo, há sempre coisas que magoam ou que nos envergonham, que
deixamos para nós. Ou então, justamente, cobertos pelo anonimato, falamos de
tudo, abrimos o livro, não temos tabus e inevitavelmente, quem nos lê,
imagina-nos, altos, baixos, morenos. O leitor dá-nos cara mas creio que há uma
necessidade de saber mais sobre a personalidade de quem dedicamos um pedaço dos
nossos dias a ler.
GC: Por
falar em pseudónimos, porquê Raven?
R: Sou
fã, mas muito fã, louquíssima pela série ONE TREE HILL, e quando criei o blog
andava a dedicar-me a maratonas dessa série onde a equipa de Basquet do
protagonista se designada Ravens. Há
falta de criatividade, porque sou muito pouco imaginativa, copiei de lá o nome.
GC: E
que características retiras dos Ravens para a Raven?
R: A
força. Com altos e baixos, claro, que ninguém se mantém firme todos os dias.
GC: E
qual a relação com o título do blogue "What Have Under The Clothes"?
R: Mais
uma vez, (vão me achar tonta, mas a imaginação não nasceu de mãos dadas comigo,
é evidente), tem a ver com a pergunta que uma personagem faz a uma das
protagonistas, moça muito dedicada a exibir-se para evitar mostrar-se em
realidade. Acho que é uma pergunta interessante que assenta que nem uma luva no
mundo da blogosfera. Cada um mostra e escreve o que quer, mas será que exibem
realmente a sua pele? Será que mesmo com o anonimato nos mostramos? Ou
continuamos a mostrar sorrisos tapando preocupações como acontece quase sempre?
Por
exemplo já tive comentários no meu blog a criticarem e a chamarem-me brejeira e
promiscua por falar de sexo, sobretudo da minha primeira vez. Mas vejamos: não
é algo comum a todos? Ou não é algo que se deva falar? A vida é comum a todos
nós, tropeçamos todos nas mesmas pedras, porquê ignorá-las?
GC: Portanto,
depreendo que te consideras uma mulher desnudada na blogosfera, verdade?
R: Sem
dúvida. Acho que o meu blog é um pouco uma revista cor-de-rosa, não escapa nada.
GC: E
a blogosfera em geral, como a vês?
R: Como a
sociedade, tem de tudo um pouco. Também tem mentirosos, maldosos e bons
corações. Há gente que acha que este poderá ser um mundo à parte, de partilha e
diversão. Não sejam ingénuos. Como em todo o lado tem de tudo.
Mas claro
que, bem administrada, pode ser uma fonte de conhecimento e ajuda incríveis.
GC: O que tens aprendido com a blogosfera?
R: Que a
maldade não pode ser excluída de espaço algum e que há gente muito sozinha e
com vontade de partilhar, que apenas necessita de um espaço, de um sorriso e de
uma troca de emails. Tenho conhecido pessoas muito interessantes, por vezes com
problemas semelhantes aos meus e é óptimo poder ter um conselho de quem vem de
fora.
GC: Esse
conhecimento já se tornou real alguma vez?
R: Sim. E
adorei! Já conheci 3 bloggers, contando contigo. Foram sempre em situações
diferentes, pessoas que nada têm a ver umas com as outras, mas nunca tive uma
má experiencia. E lá está! Há certas coisas que lemos, que pensamos que o autor
se está a referir a um certo episódio, a uma chatice (porque há quem escreva
metaforicamente com medo de se abrir ao desconhecido), e no fim aquelas 3
linhas que interpretamos até têm uma longa história de luta por trás. Estes
encontros permitem assim dar um rosto e uma vida ao que vamos lendo e que,
inconscientemente, vai fazendo parte de nós. Quem nunca leu um blogger dizer
que ia ter um dia difícil amanhã e ficou a pensar "Deus queira que corra
tudo bem"?
GC: Além
de mim, quem foram os outros dois bloguistas da tua vida real?
R: A rm
do blog "sentir-(se) é mais que saber” e a Ritinha do "Diário de uma
Ritinha".
GC: E
já alguma vez tinhas tido o chamado "blind date"?
R: Não. Na minha adolescência,
cometi daquelas pequenas grandes irresponsabilidades de utilizar redes sociais
para falar com desconhecidos. Mas nunca aceitei encontros. Sempre tive real
noção dos perigos da internet e nunca aceitei participar nisso.
GC: E
encontros de bloguistas em grupo, já alguma vez tiveste?
R: Não.
Gostava imenso mas nunca se proporcionou. São encontros elaborados sempre em
pontos distantes de mim e torna-se dispendioso ir.
GC: Nesses
encontros há vários destinos que se cruzam. Acreditas no destino das coisas e
pessoas?
R: Sem
dúvida! Por vezes sou criticada e vista como uma menina ingénua por esse tipo
de pensamentos. Acho que a vida é cíclica, acabamos sempre por cometer os
mesmos erros, a história repete-se, tudo tem um significado. Sempre notei que
todas as coisas más da minha vida, por maiores e mais graves que fossem, me
levavam a um patamar melhor. Mais difícil, mais sofrido mas melhor, mais
independente, que formasse o meu caracter, algo que sempre tive dificuldade por
ser tão inconstante. E acredito que estamos todos ligados, uma coisa má pode-me
acontecer para que tu aprendas através de mim e evoluas como pessoa. Ninguém
está só.
GC: Sendo
assim, qual a razão para seres a primeira entrevistada nesta rubrica? Porquê
esta entrevista na tua vida actual?
R: Porque
tive a sorte de me cruzar contigo! E porque acho que tenho uma vida construída
à base de quedas que pode ajudar ou incentivar alguém.
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