segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Onde estavas no 11 de Setembro?


Ainda me lembro como se fosse hoje...Um dia aparentemente normal, tinha chegado a casa à hora do almoço, depois de ter feito um exame de equivalência à frequência de Físico-Química, durante a manhã. Almocei em família como costumo fazer e, no final do almoço, fui assistir ao resto das notícias na sala de estar de minha casa...Era com muito prazer que atentava nas notícias desportivas quando, de repente, Júlio Magalhães interrompe a reportagem e anuncia um acontecimento de última hora...Na altura fiquei chateado, pois estava tão bem a ver as notícias desportivas e tinham de interromper a emissão, ainda por cima para falarem dos Estados Unidos...Na altura ainda não se falava em atentado, daí o facto de Júlio Magalhães uns minutos mais tarde referir “as explosões não param de suceder no World Trade Center...” quando na verdade era o embate do segundo avião...No entanto, aos poucos comecei a verificar a dimensão e importância da notícia, afinal de contas atentados sucessivos surgiam nos Estados Unidos, deixando o mundo horrorizado, aguardando pelo próximo alvo do terrorismo. O sofrimento naquele momento deve ter sido tão monstruoso que por mais que tente é impossível imaginar, deixando o meu pesar às vítimas inocentes desta tragédia.
11 de Setembro de 2001 marca o início de uma nova era, desde esse dia nada mais foi como dantes, deixando o mundo em sobressalto, impulsionando novas guerras, enfraquecendo a economia, aumentando o medo pelo futuro...A utopia do “Mundo Melhor” foi ainda mais desacreditada, deixando-nos à mercê de um mundo selvagem e fanático, em que a obsessão pelo genocídio tornou-se uma ideia comum...
Pessoalmente, acredito que a solução para a atenuação destes problemas passa pela compreensão das relações humanas, fazendo uma analogia entre o microgrupo dos nossos amigos e o macrogrupo da população mundial. Se no microgrupo existem naturais conflitos frutos da natureza humana que requerem uma gestão dos mesmos, num grupo ainda maior como o macrogrupo existirão ainda mais, dadas as maiores diferenças. Mas a melhor maneira para a gestão destes conflitos passa por algo que se presencia cada vez menos e que é um princípio fundamental na minha vida pessoal e no meu microgrupo, ou seja, a comunicação aberta e eficaz. Comunicação aberta talvez haja entre estes povos, no entanto a eficácia não surge devido à ausência de qualidades como a compreensão, humanismo, empatia, aceitação da diferença...Enquanto o ser humano não compreender o verdadeiro sentido da existência, continuará a manchar o mundo com nódoas de sangue inocentes...
Para finalizar, gostaria de saber a vossa opinião acerca deste tema que mudou as nossas vidas, mostrando como viveram o 11 de Setembro e o que este dia mudou nas vossas vidas...Cumprimentos de paz para vocês.

7 comentários:

Anónimo disse...

Gon, eu como milhares de pessoas no dia 11 de Novembro de 2001 assisti incrédula às imagens da tragédia.
O que ainda me deixou mais impressionada foi assistir em directo ao embate do 2º avião contra a torre nº 2, por vários minutos eu achei que o que estava a ver não era real.
Até me aperceber bem do que se estava realmente a passar, ainda levou algum tempo e aí sim, eu que só conhecia aqueles edifícios de ver em filmes vi que realmente era uma tragédia enorme, pois aqueles edifícios eram cidades na vertical, onde milhares de pessoas trabalhavam.
Chocou-me imenso ver corpos pelos ares de pessoas que se atiraram pelas janelas, quando vi as torres desmoronarem-se senti uma dor enorme, ao pensar naquelas pessoas que ali perderam a vida e no seu sofrimento pq muitas delas devem ter-se apercebido que não teriam tempo de fugir daquele horror.
O 11 de Setembro fez com que eu me apercebesse que realmente o terrorismo existia, pq até esse dia era algo que me passava ao lado, cheguei a ter medo que com este horrível atentado se desse inicio a uma guerra.
Agora só resta prestar as devidas homenagens aos milhares de vítimas, e que os responsáveis pela segurança dos países estejam bem atentos, para que não voltemos assistir a novas tragédias.
Infelizmente já assistimos a mais algumas, não sendo da dimensão do 11 de Setembro, mas onde tb houveram pessoas inocentes que morreram.

Anónimo disse...

owa, bm axo k tu tas a ser mt realista acerca do 11 de setembro nao ha duvidas k apartir do momento em k o primeiro aviao bateu na torre , parecia k o mundo tivesse parado ... e nk vamos poder superar ese acontecimento ...e digo isto pk eu tanto aki onde td aconteceu veijo k ano apos ano o sofrimento das pexoas k perderam os seus mais keridos e kada x maior ... agora simplesmente nos n pensamos em novos atentados mas sim k nk se podera voltar a ser o k era ... tentase de tds as maneira mas e um facto k o 11 de setembro fikou pa historia ... e axo k temos k fazer relembrar as pexoas k nk se podera eskecer o k mt bombeiros e entre outros tentaram fazer pa ajudar a salvar vidas e sem se aperceberem deram a sua propia vida ... por uma maneira isto td aconteu para k a amerika tivesse mais seguranca e mais organizacao ... ee sabemos k nk se vai poder eskecer este momento ... so espero k algo desta dimencao nao volte acontecer pk as pexoas inocentes n tem a culpa dos erros k otos cometem ... esta e simplesmente a minha opinao....

Gonçalo disse...

Andreia, os erros mesmo quando cometidos trazem sempre vantagens como a maior segurança que referiste que se vive aí na América e em geral maior atenção por todo o mundo. O que não posso conceber foi um facto que referiste, não podem existir vitimas inocentes e a sofrer pelos erros dos outros, como sao os entes queridos das vitimas mortais, de vitimas como os bombeiros que nem sabiam os perigos que passavam e que acabaram vitimas inocentes desta tragédia.
A solução que aponto passa um pouco pelas palavras que Papa Bento XVI proferiu ha dias e que foram mal interpretadas, ou seja, a solução passa pelo diálogo entre as partes como eu já tinha referido. A fé tem de estar aliada ao respeito e neste caso há muita fé e pouco respeito, sendo que a violência é algo incompreensivel nestas situações. Porque não lutaremos por um mundo melhor e de paz?Porque não criamos deste mundo uma família e compreenderemos melhor o próximo? Cada pessoa possui as suas diferenças, só as temos de respeitar...

Gonçalo

Anónimo disse...

Amigo Gonçalo, acredita que quando me propus comentar este tema hesitei também em o fazer porque o meu comentário pode ir contra aquilo que a maioria das pessoas pensam sobre este atentado. ( Devo dizer que sou um anti-americano acérrimo. mas ainda assim é evidente que não posso concordar e tenho a certeza que alguém com algum bom senso concordará com manifestações ou actos de (terrorismo), como os verificados no dia 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos da América.
Expresso como de resto o fiz na altura, a minha sincera solidariedade ao povo americano aos familiares das vitimas da catástrofe, entre os quais se encontravam trabalhadores portugueses, manifestando uma profunda preocupação com a crise internacional aberta na sequência destes lamentáveis acontecimentos.
Quero manifestar a defesa da paz, da liberdade, da democracia, dos direitos cívicos e humanos, da forma de (terrorismo), independentemente das suas formulas ou dimensões, seja de grupos ou seitas organizadas, seja de um estado sobre outros, seja ainda de uma parte da sociedade sobre a outra. Associo-me assim ao sentimento da generalidade do povo Português e do mundo em geral, condenando de uma forma inequívoca quaisquer actividades (terroristas) que atentem contra a paz e a vida humana.
O mundo inteiro ficou chocado e revoltado perante tanta brutalidade, que causaram profunda revolta e indignação a todos os homens e mulheres amantes da paz no mundo, que ceifou a vida a tantos milhares de pessoas inocentes, para além dos danos arquitectónicos causados as torres World Trade Center. Estamos em pleno Sec. XXI, vivemos num mundo em que os homens não sendo perfeitos, nem civilizados deveriam ao menos possuir menos ódio para o seu semelhante.
Fazer justiça parece-nos óbvio! por certo ninguém pensará o contrário. Creio que até o mais vulgar ou rude dos mortais, apela para que os malfeitores sejam capturados e sobre eles pese uma condenação severa, pois tais pessoas não poderão continuar a viver em liberdade, por não o merecerem, e porque representam perigos efectivos neste mundo já tão conturbado, onde cada vez existem mais ódios e vinganças pessoais.
Não tardou que os Estados Unidos da América atribuíssem a autoria do atentado a um pressuposto (terrorista) de origem Árabe multimilionário de nome Osama Bin Ladem radicado no Afeganistão onde supostamente treinará grupos terroristas da organização Alqueda que segundo os Estados Unidos, terão também sido os responsáveis por outros atentados anteriormente verificados contra este Estado.
Feridos no seu orgulho de super potência e Senhores do mundo, de imediato o Presidente dos Estados Unidos Senhor, W Buch anunciou ao mundo que seria preciso combater rapidamente o terrorismo, e que quem não estivesse com eles estaria contra eles. Por aquilo que estes Estados representam para o mundo inteiro, a reacção dos outros Países como este nosso pobre país não se fizeram esperar e de imediato se disponibilizaram para o combate ao suposto (terrorismo), apoio esse que seria mais acentuado por parte do seu fiel aliado a Inglaterra. Até aqui parece que todos concordamos; mas importa também também porque é importante lembrar para os que já estejam esquecidos ou dar a conhecer aqueles que não conhecem o real comportamento desse malfadado estado ao longo da nossa história. Quem não sabe ou não se lembra, do ataque praticado contra a Hiroshima e Nagasáqui, em 1945: onde os Estados Unidos praticaram o maior atentado terrorista à bomba, com 170 mil mortos e dezenas de milhares feridos. Irão, 1953: Golpe da CIA depõe o primeiro-ministro iraniano Mohamed Mossadegh, que nacionalizou
o complexo petrolífero anglo-americano e reinstala a sangrenta ditadura do xá Reza Palevi.
Guatemala, 1954: Golpe da CIA depõe o presidente Jacobo Arbenz, por ter nacionalizado a empresa
United Fruit e impulsionado a Reforma Agrária.
Cuba, 1961: a CIA treinou e armou cerca de 1.500 exilados políticos cubanos que viviam em Miami para
invadir a Baía dos Porcos. Fiasco total. Aplicaram também o bloqueio economico, colocando em prática
toda a sua experiência de “Democracia e Liberdade” controlando e punindo todos que se aventurarem a desobedecer as ordens do tio Sam. Brasil, 1964: A CIA participa activamente da conspiração que desembocou no golpe e instauração da
ditadura militar, 31 de março.
República Dominicana, 1965: a CIA conduz Joaquim Balaguer à presidência, consumando um golpe que depôs o presidente eleito Juan Bosh. Indonésia, 1966: com apoio da CIA, o general Suharto desfecha um golpe para depor o presidente Sukarno. Morrem 600 mil civis.
Vietnã, anos 60-70: os EUA despejam milhares de toneladas de bomba sobre as populações do Vietnãm e Indochina (2,5 milhões de mortos), Camboja (600 mil) e Laos (350 mil). Bangladesh, 1971: usando armas fornecidas pelos Estados Unidos, o general Lahia Khan derruba o governo eleito e massacra 500 mil civis.
Chile, 1973: golpe da CIA depõe Salvador Allende, assassinando o general René Schneider e o chanceler Orlando Latelier, empossa o general Augusto Pinochet.
Timor Leste, 1975: com a “benção” de Henry Kissinger, Suharto ocupa o país, recém independente de
Portugal. Morrem 200 mil civis.
Argentina, 1976: golpe desfechado pelo general Jorge Rafael Videla, com apoio da CIA, institui a ditadura responsável pelo “desaparecimento” de 30 mil pessoas. Nicarágua, anos 80: a CIA pratica sabotagem contra sandinistas, incluindo a instalação de minas em portos
marítimos. Em 1986, o “escândalo Irã-Contras” revela o vínculo entre a CIA, narcotraficantes e o Irão. América Central, anos 80: o Comando Sul do Exército dos EUA treina soldados e “agentes” especializados em espionagem e tortura para actuar em El Salvador, Guatemala, Honduras e Granada. Líbano, 1982-1984: protegidos por bombardeios da Marinha contra a população civil, tropas de elite (Marines) atacam a OLP. Líbia, 1986: EUA bombardeiam a residência do presidente Moamar Gadafi, matando sua filha caçula.
Panamá, 1989: EUA invadem o país, matam mais de 2 mil soldados e civis, depõem e prendem Noriega,
ex-colaborador da CIA.
Iraque, 1991: mais de 130 mil civis são assassinados na Guerra do Golfo. Sudão, 1998: EUA atacam planta farmacêutica; milhares de civis morrem. Iraque, 1998: EUA bombardeiam áreas industriais.
Iugoslávia, 1999: aviões da Otan bombardeiam áreas urbanas. Morrem milhares de civis. Aviões americanos bombardeiam embaixada da China. Colômbia, 2000: Marines e “assessores especiais” dos EUA iniciam o plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico (o “gás verde”). Afeganistão, 2001: .....Venezuela, 2002: Golpe da CIA colocando no poder Pedro Carmona, mas eles subestimaram a força do povo Venezuelano que após 24h, recolocou o Presidente Hugo Chávez no poder. Em 2004, o próprio Chávez convocou um referendo para legitimar o seu cargo de Presidente da República. Como não poderia
ser diferente, Hugo Chávez se manteve no poder. Iraque, 2003:
Após os atentados de 11 de setembro 2001, o presidente Bush ganhou o impulso necessário, com a alegação da “Guerra ao Terror”, para de facto intensificar as sua política imperialista.
Buscando satisfazer o interesse dos grandes empresários e garantir o controle economico e, principalmente,dos recursos naturais da América-Latina (Petróleo, Biodiversidade e ÁGUA), os EUA buscam a intensificação de bases militares no Equador, Colômbia, Peru, Aruba, Curaçao, El Salvador, Porto Rico
(Vieques), Cuba (Guantánamo), Honduras (Soto de Cano) e mais recentemente (2005) no Paraguai
(Onde se encontram 400 Marines, alegando estarem combatendo atividades terroristas na Tríplice Fronteira).
Para fechar o cerco, os estadunidenses ainda pretendem construir bases militares na Argentina e controlar a
base de Alcântara, no Brasil. por tudo isto impoe-se que tenhamos que ver com olhos de ver.
Um abraço
Luis Santa

Gonçalo disse...

Meu caro amigo Luís:
Depois de um comentário destes não tenho grandes comentários a fazer, apenas assinalar a tua brilhante cultura internacional que me deixou com um orgulho enorme de ser teu amigo. Continua assim a partilhar a tua cultura e a mostrares o respeito com que tratas os temas, este blog tem muito a ganhar com a tua mentalidade.
Um abraço.

Gonçalo

Sofia Cunha disse...

“Ainda me lembro como se fosse hoje...”
Eu também… recordo tudo como se tivesse acabado agora mesmo de acontecer.
Terça-feira, 11 de Setembro de 2001. “Um dia aparentemente normal”, também para mim. Estava a gozar os meus últimos dias de férias antes de enfrentar o meu 10º ano na área de Humanidades. Estava a preparar-me para a minha adaptação ao Ensino Secundário. Nesse dia acordei por volta das 9 Horas da manhã. Tomei o pequeno-almoço e decidi depois, como faço sempre durante as férias, dedicar-me um pouco ao desporto. Fui correr um pouco. Regressei depois a casa, tomei banho, almocei em família e depois voltei a sair. A minha mãe tinha ido para a eira (um pequeno espaço que temos por traz da casa). Eu disse-lhe que não ia para longe, que estaria perto de casa. Fui para um muro a 100 metros. Sentei-me e comecei a escrever, como fazia muito também durante as ferias. Passados alguns instantes senti um aperto no peito e a súbita sensação de ter mesmo de ir a casa, como se alguém puxasse por mim e me arrastasse. Fui, deixando o caderno e o lápis ali no muro. Quando entrei em casa os meus olhos foram rapidamente transportados para o pequeno écran que estava na cozinha. Era mesmo a televisão que estava ligada, na RTP1. A primeira imagem que vi foi precisamente a do segundo avião a embater já na Torre Sul do World Trade Center. No momento pensei que tudo aquilo não passava de uma mera reportagem de um filme. Não me tinha apercebido que aquela era uma notícia de última hora que estava no momento a passar. A televisão estava sem som e não me apercebi que por de traz daquelas imagens extremamente chocantes se encontrava a voz da Jornalista Andreia Neves. Depois, coloquei a televisão com som e aí sim: escutei a voz trémula da Jornalista dizendo “que aquele era já o segundo avião a embater nas torres”. Ainda não se falava em atentado e a imagem que até aí tinha passado era a de ter sido simplesmente um acidente aéreo, mas na verdade não teria sido assim. Passados minutos Andreia Neves falava já na possibilidade de se tratarem de atentados terroristas. No espaço deste tempo chamei a minha mãe. Contei-lhe aquilo que se estava a passar e também ela ficou chocada quando viu as imagens que se tornavam agora mais repetitivas, passando no écran. Acompanhamos por instantes os desenvolvimentos que a Jornalista nos ia dando. Na verdade, o Mundo tinha parado e milhares de pessoas encontravam-se agora em frente à televisão a questionar-se sobre tudo aquilo. A possibilidade de se tratar de atentados terroristas tornava-se cada vez mais evidente na voz da Jornalista e eu acompanhava sempre atentamente todos os desenvolvimentos. Várias vezes seguidas via as imagens que não paravam de se suceder. Era mesmo um choque enorme ver tudo aquilo. Eu olhava para as Torres e apenas queria imaginar que dentro delas não estava sequer uma pessoa. Mas não era bem assim. As Torres estavam repletas de pessoas. Pessoas essas que tinham ido até lá para mais um dia normal de trabalho como faziam diariamente. O dia acabava de começar para elas e mal sabiam que grande parte não voltariam sequer a ver as pessoas que mais amavam, como as esposas, os maridos e os filhos. Era o Mundo e muitas famílias a ficarem destruídas. Eu emocionava-me ao ver cada imagem, sempre que se repetia o embate dos aviões em cada uma das Torres. Eu ainda não queria acreditar em tudo aquilo, mas tudo se tornava cada vez mais real. As pessoas estavam agora horrorizadas. Queriam tentar perceber se existiria novo alvo, ou nova destruição ou se tudo se ficava pelo abatimento das duas Torres Gémeas e pela perda de muitas e muitas vidas. Muitas pessoas de várias nacionalidades perderam ali a vida. Pessoas inocentes que apenas estavam ali para exercer aquilo que diariamente e em circunstancias normais faziam: os seus trabalhos. Pais e mães que não voltariam a ver os filhos; homens que deixavam agora as suas esposas grávidas; crianças que acabavam de ficar órfãs. Enfim, era a destruição, o terrorismo e a hipocrisia a falar em nome dos terroristas e a acabar com vidas que nem tiveram praticamente a possibilidade de pensar que era possível sobreviver.
Lembro-me de ver várias imagens de pessoas a atirarem-se pelas janelas. Pessoas que a ter de morrer preferiram pelo menos não o fazer dentro das Torres. Tudo eram imagens bastantes chocantes e que sempre que me passavam frente ao meu olhar muito sensível o deixavam com marcas: marcas de sofrimento. Sofrimento esse que se tornou ainda mais devastador quando passados dias me disseram que uma das pessoas que tinha perdido a vida, naquele terrível dia, era familiar de um amigo meu que estava nos Estados Unidos. Ai, lembro-me que chorei muito e longe de todos. Eu não o conhecia pessoalmente e muito menos conhecia o familiar dele, mas na verdade era uma das pessoas que eu estava a ter a oportunidade de conhecer na altura. Uma pessoa que tal como eu se mostrava bastante sensível perante um Mundo de injustiças. Alguém que apesar de não conhecer há muito tempo se tinha tornado demasiado especial. No fundo, ele era amigo dos meus amigos e isso ainda me deixou pior. Eu sabia ai que a força entre todos nós teria de agora ser ainda maior. Força que entre todos tentamos transmitir ao nosso amigo. Mas, e falando por experiência própria, perder alguém que muito amamos e saber que esse alguém não estará mais entre nós não é nada fácil. Todas as forças são poucas para tentar superar. Todos os braços são escassos para nos segurarem em pé e nos abraçarem com força. Nestas alturas o Tudo é sempre muito pouco. Eu senti demasiado isto na altura sempre que existia a possibilidade de comunicar com o meu amigo. Na verdade, eu gostaria de ter estado mais perto dele. Gostaria de o poder abraçar com toda a força que ele precisava. Gostava de ter dito todas as palavras de solidariedade que disse olhando nos olhos dele. Mas na verdade isto não me foi possível, com muita pena minha. Sei que a minha presença e a dos restantes amigos dele não ajudariam na recuperação da pessoa que acabara de perder, mas pelo menos sei que poderia atenuar em parte o sofrimento dele, apesar de saber que seria difícil. Mas eu queria tentar… eu queria ter estado lá… eu queria abraçá-lo…
Depois disto apenas sei que a vida dele mudou em muito. Provavelmente hoje em dia ele já não vive nos Estados Unidos. Desde o que aconteceu nunca mais soubemos nada dele. Tentamos várias vezes entrar em contacto com ele mas do outro lado nunca surgiram sinais. Hoje em dia acredito que ainda terei a possibilidade de estar com ele pessoalmente e dizer-lhe tudo aquilo que na altura disse, mas à distância. Eu acredito que seja possível…


”11 de Setembro de 2001 marca o início de uma nova era, desde esse dia nada mais foi como dantes, deixando o mundo em sobressalto, impulsionando novas guerras, enfraquecendo a economia, aumentando o medo pelo futuro...A utopia do “Mundo Melhor” foi ainda mais desacreditada, deixando-nos à mercê de um mundo selvagem e fanático, em que a obsessão pelo genocídio tornou-se uma ideia comum...”

O Mundo mudou desde esse dia. Dava-se início a uma nova era: a do medo completamente presente, a das guerras cada vez mais impulsionadas, a era do enfraquecimento da economia. Tudo se estava a transformar e o de “antes” nunca mais será visto. Se até ai as pessoas pouco ou nada acreditavam na “Utopia do Mundo Melhor”, agora desacreditavam totalmente, estando nós entregues a um tratamento menos justo por parte dos “demónios”, hipócritas e ferozes do nosso mesmo Mundo.

Acho que devo dar-te os parabéns pela analogia (entre o microgupo e o macrogrupo) que tu de forma extraordinária e completamente compreensível colodaste neste texto sensível. De facto concordo contigo e já várias vezes pensei sobre isto. Tal como tu, acredito que a atenuação de problemas como os que são tratados no teu post, passe pela compreensão das relações humanas. Sabemos que podem existir conflitos entre o pequeno grupo e de forma mais fácil estes surgirão no grupo maior devido às notórias diferenças que se poderão verificar. Mas como tu dizes, “a melhor maneira para a gestão destes conflitos passa por algo que se presencia cada vez menos e que é a comunicação aberta e eficaz”. E neste sentido também eu coloco tal comunicação como princípio fundamental da minha vida e do meu grupo de amigos. Entre estes povos e tal como tu dizes, pode até existir essa tal comunicação aberta, mas isto não será suficiente, pois torna-se indispensável que aspectos como a compreensão, o humanismo, a empatia e aceitação da diferença (aspectos que tu referiste), também se façam notar e de forma qualitativa. Mas, “enquanto o Ser Humano não compreender o verdadeiro sentido da existência, continuará a manchar o mundo com nódoas de sangue inocentes...”.

Beijinhos Amigo…

Gonçalo disse...

Minha querida Sofia:

O teu comentário faz um retrato verdadeiro e triste do 11 de Setembro, não consegui retirar os olhos do ecrã dada a intensidade com que tratas estes temas, cada vez mais acredito na tua capacidade de expressão de sentimentos e na possibilidade de um dia essa actividade se torne mais séria na tua vida.
Agradeço-te a abertura que demonstraste em revelar a tua e a história infeliz do teu amigo, o teu pressentimento já eram um sinal de que algo tinha acontecido e magoado o mundo inocente.
Continua a partilhar as tuas ideias com a qualidade que te caracteriza, este espaço só ficará a ganhar com isso. Muito obrigado.
Beijinho grande.

Gonçalo