Ainda sou do tempo...em que a noite das bruxas era a noite mais especial do ano dos miúdos da minha terra a seguir ao Carnaval.
Noite de lençóis brancos à volta do corpo, uma abóbora na mão e uma vela dentro da abóbora. Muito Spooky! Depois muita farinha para espalhar pelas casas e carros por onde passávamos. À chegada às portas dos vizinhos, muita música e animação infantil, acompanhada de movimentos assustadores quando alguém aparecia à porta. Os habitantes ficavam com aquele ar enternecido enquanto viam os miúdos a divertirem-se e a cantarem os "Bolinhos e Bolinhós". No final perguntavam o que queríamos. Todos diziamos "o que puder dar...", mas no fundo o que nós queríamos era dinheiro. Malvados dos adultos que normalmente nos enchiam o saco de fruta da época (saudades daquelas romãs!), rebuçados e outras guloseimas. Dinheiro era uma raridade!
Mas os adultos tinham razão. Parece que adivinhavam o futuro que nos esperava. Hoje em dia as crianças crescem no mundo do Tio Patinhas e não atribuem significado às castanhas que os miúdos partilhavam no final da noite das bruxas, à animação que rodeava a confecção das abóboras assustadoras e ao sentido de grupo que as crianças revelavam de rua em rua. Hoje em dia o dinheiro move em grande parte as emoções das crianças e preferem passar uma noite ao computador ou a mandar SMS's do que a celebrar a noite das bruxas. Só não sei como ainda não inventaram o Facebook das Bruxas, venderia de certeza...