As vicissitudes de um espectáculo musical!

Já há algum tempo que percebo que sou especial, não pelo facto de fazer uma introspecção ao meu imenso valor, mas por seguir variados concertos em que em todos eles o vocalista me diz “Eh pá, já fiz concertos em vários sítios, mas nunca como este, vocês são especiais...”, e eu acredito, até porque a minha mãe também já me tinha dito... Mas, afinal de contas, porque somos especiais? Será por causa das histéricas da primeira fila que soltam gritinhos capazes de acordar um morto? Será devido aqueles ganda malucos que passam o concerto impávidos e serenos, com o capacete no braço, e que sorriem apenas quando sofrem de espasmos musculares do riso? Ou estará relacionado com aqueles gajos enormes que se metem à frente de uma pessoa, mexendo-se que nem fantoches, enquanto deixam os outros de pescoço esticado de um lado para o outro durante o concerto? Se for por esta razão, começo a perceber porque sou especial!:)

Depois, há sempre uma intervenção política em cada espectáculo, o que fica sempre bem e exige uma grande salva de palmas, enquanto o cheiro a droga já tresanda e o casal ao lado se lambe até mais não...

Entretanto, chega o tema romântico da noite, altura em que os casais da noite intensificam a sua produção de saliva e alguns gajos se agarram ao isqueiro e descubrem que há mais gente como eles, que só se podem agarrar ao isqueiro...Felizmente, o final desse tema é a dica para os badalhocos irem para casa e deixarem de meter nojo aos gajos do isqueiro e do telemóvel na mão...Ufa!

A seguir, o cantor despede-se, volta para o camarim sabe-se lá para fazer o quê (será alguma diarreia inesperada?), e regressa de novo ao palco, independentemente de o terem chamado ou não...Mais duas ou três músicas, mais dois ou três saltos a pedido do público, e final do concerto, no preciso momento em que percebo que os meus sapatos de vela castanhos poderiam ser os sapatos do padeiro e que tenho uma bifana no pão a chamar por mim!