Crises: as que acabam ou que nunca começaram (Sporting), e as que se mantém (Arbitragem)
Para quem critica a 2ª linha do Sporting, refira-se também que bastam dois jogadores fundamentais da equipa portista estarem impedidos de jogar que a equipa ressente-se por falta de alternativas. Nem Fucile, nem Chech substituem o incansável Bosingwa, nem Leandro Lima é ainda reforço portista, ao ponto de fazer esquecer “El Comandante” Lucho González. Estas são apenas duas razões para os primeiros pontos perdidos da equipa portista, indo de encontro à tese que defendi há umas semanas atrás que o F.C. Porto começaria a ressentir-se quando fossem chamadas as segundas alternativas por lesão ou cansaço dos jogadores, após uma falta de rotatividade dos seus elementos. E podia ter sido pior se o golo do Porto fosse correctamente invalidado. De realçar também a atitude da equipa de Belém e a estratégia montada por Jorge Jesus que já deu mais que provas de que a organização é a base do sucesso, sendo um treinador a cheirar um “grande” a curto-médio prazos.
O Benfica soube sofrer e, num jogo em que esteve prestes a sofrer a segunda derrota consecutiva esta época, acabou por sair vitorioso fruto de um lance de bola parada inexistente. A equipa de Camacho ainda não convence, mas mesmo assim vai amealhando pontos que a mantém na luta à liderança, no entanto mais cedo ou mais tarde a falta de organização e planeamento desta época reproduzirá os seus efeitos perversos e a equipa ressentir-se-á.
No Sporting, com crise ou sem crise, há aspectos bons e menos bons que devem ser destacados e, neste jogo, os aspectos menos bons já começaram a ser rectificados, existindo mais jogo lateral e uma dissipação do losango que exige muito dos seus interiores centrocampistas, podendo-se verificar uma maior fixação de Izmailov na ala direita, de Vukcevic na esquerda, e de Romagnoli a deambular por ambas as alas criando as envolventes triangulações que deliciaram os adeptos no final da época passada, tendo ainda a ajuda de um jogador como Abel que está numa forma impressionante tanto a atacar como defender. Para confirmação desta ideia, Paulo Bento acaba o jogo numa espécie de 4-3-3, em que Miguel Veloso e Moutinho jogaram a par, Romagnoli aproximou-se de Liedson, e Izmailov e Vukcevic abriram nas alas, conduzindo ao crescimento da exibição e resultado final. Continuo a afirmar que a actual equipa leonina é mais forte que a do ano passado, sendo necessária paciência para que os novos jogadores se adaptem a uma nova realidade e provem o valor por que foram contratados, lembrando-nos que Anderson não provou o seu valor no seu primeiro ano como Dragão, tal como Celsinho também não o provará nos primeiros jogos, Derlei e Pedro Silva prometiam mas por lesão não deram sequência às expectativas criadas, Izmailov é um jogador em crescendo e cada vez mais interventivo na manobra leonina, Vukcevic tem um enorme potencial, entre outros que pela sua idade e diferença de cultura ainda não mostraram o seu real valor... No entanto, ainda custa perceber como Farnerud e Paredes ainda continuam a ser chamados quando há alternativas válidas que também merecem oportunidades, como Adrien Silva e Pereirinha, produtos da formação...
Nota final para a Académica que revela já dedo de Domingos no seu futebol, mostrando mais em 4/5 jogos do que Manuel Machado mostrou numa época inteira. Em Coimbra já se respira futebol em toda a sua amplitude, já há jogadas envolventes, os jogadores já sabem o que fazer à bola, necessitando de algumas rectificações na transição defensiva e na concretização, mas senti ontem que está no bom caminho e em breve subirá na classificação geral.