segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Decisão Tímida


Sim – 59,25%
Não – 40,75%
Abstenção – 56,4%

Perante estes resultados, admito que a vitória do “Sim” é clara dentro de uma minoria populacional, uma vez que 56,4% dos portugueses recenseados mostraram desinteresse pela alteração à lei vigente, exceptuando os casos de distância física significativa do local de recenseamento. Seja por falta de esclarecimento, indecisão ou desinteresse, os abstencionistas como grupo maioritário mostraram a indiferença à alteração da lei actual, aos quais acrescem os votantes do “Não”. Em suma, um referendo não vinculativo que infelizmente alterará a lei, apoiando-se num resultado minoritário mas que de qualquer das maneiras terá de ser aceite democraticamente, como pretendo fazê-lo.

No entanto, a minha aceitação democrática será aliada a uma desconfiança moral e humana nos efeitos perversos que esta mudança poderá acarretar. Continuo a defender um maior investimento num Planeamento Familiar precoce e contínuo na sociedade portuguesa e um maior apoio estatal e social à família, aguardando que o aborto não seja transformado num negócio oportunista, que sejam estabelecidos critérios precisos e claros no consentimento médico para a interrupção voluntária da gravidez, e que haja um maior controlo sobre o aborto clandestino tendo em vista a sua penalização.

No fundo, é um dia triste para mim como defensor da vida e da prevenção primária, aceitando os resultados eleitorais mas ficando atento às suas consequências. Fica o meu desejo, se é que ainda será possível: que seja defendida sempre a vida humana.

12 comentários:

Anónimo disse...

A maneira como um determinado assunto é tratado na sociedade implicará em efeitos benéficos ou maléficos a própria natureza humana. Sendo assim, com referência ao aborto, a campanha divulgada a favor ou contra este ato resultou em uma maioria a favor. A opinião da população se mostra determinada pelas propagandas manipulativas que atenuam a capacidade de cada ser mostrar sua própria opinião e aumentam a divulgação daquilo que o sistema quer determinar a bem de uma classe favorecista, capitalista e desumana. Quem detem o poder quer dominar ... dominar pensamentos fragmentados. E infelizmente o resultado alcançado revela esta verdade . A partir do momento que o ser humano tiver empatia ao outro, começará a olhar para a humanidade de forma diferente e ja não mais terá como referência em suas decisões às políticas intervencionistas que tolhem a cada dia a capacidade do ser humano em ser livre.
Nossa passagem por este mundo é tão rápida... é preciso agir com caridade, amor e fé. Conhecedores somos destes gestos sublimes mas poucos são os que o utilizam nas tomadas de decisões do dia-a-dia.

Anónimo disse...

Como eu te entendo isto é um grito que te sai do fundo da alma.
A impotência de querer fazer mas por onde começar?
Eu não tenho respostas para ti, Desculpa.
Gostei muito de ler este teu post, muito embora me tenha deixado triste, mas infelizmente na maioria das vezes na vida quando enfrentamos a realidade de uma forma crua, a tristeza é aquele sentimento que mais nos acompanha.
Beijos.

Anónimo disse...

Pois eu sou a favor do sim. Creio ser esta a opção mais democrática, uma vez que o sim proporciona uma visão mais eclética do assunto. Quem for a favor do sim, óptimo! Tem aqui a sua oportuinidade. Quem for a favor do não, terá apenas que aceitar a decisão que outras pessoas tomam. Fiquei contente com o resultado final.

Gonçalo disse...

Cristina Guerra:

Presumo que seja a participante regular do blog do Luis Santa, parece-me que já vi o seu nome lá;)

De facto não partilho da sua opinião, fiquei triste com os resultados mas aceito democraticamente e ficarei a aguardar pelas suas consequências, só espero que continue a ser defendida a vida humana, se é que isso ainda é possivel.

Um beijo para si e apareça que será sempre bem recebida:)

Anónimo disse...

Sim, sou amiga da filha do Luis Santa e uma das maiores apreciadoras da sua escrita e, como tal, do seu blog!
Vi o seu nome do blog dele e resolvi dar uma vista de olhos.
Apesar da minha opinião relativamente ao aborto, creio que o seu desejo não se irá concretizar. A vida humana não será salvaguardada. Viu-se em todos os telejornais, as sondagens feitas acerca de outros países que legalizaram o aborto; o número de abortos duplicou ou até mesmo, triplicou.
Eu quando digo que sou a favor, é mesmo só por achar que o sim é o caminho mais democrático. Porque eu, por exemplo, não sei se o faria. É uma decisão que certamente marca a vida de uma mulher para sempre e acarreta grandes problemas psicológicos.
Viu-se também nos telejornais, que a maioria das pessoas que votaram no SIM, eram jovens. Isso também é muito compreensível. Os jovens, no geral, pertencem á classe estudantil e, como é óbivo, tendo ainda a vida toda pela frente, nenhum deles desejará ser mãe ou pai, com tão tenra idade. Confesso que sou suspeita para fazer tal afirmação, uma vez que também eu pertenço a esse grupo. Tenho apenas 18 anos. Por isso sei que nenhum jovem quer cuidar de uma criança sendo que nós mesmos, até á pouco tempo atrás, também eramos umas crianças.

Gonçalo disse...

Cristina Guerra:

Desconhecia a tua idade e tendo tu 18 anos podes-me tratar por tu porque tenho 22 anos, não há muita diferença.

Eu acredito que a tua intenção de voto foi tendo em conta a democracia e a autonomia que os cidadãos terão com esta nova lei.
Mas já pensaste nos abortos que se vão cometer por incosciência ou falta de informação prévia sobre sexualidade? A despenalização que aceitaste também prevê estes casos, por isso não foi essa a minha intenção de voto.
Os jovens têm uma vida pela frente mas terão de ser melhor informados e estar mais conscientes para estes problemas, fazendo uso de métodos preventivos, o que por ventura não fazem.

Beijinho grande para ti e obrigado pela discussão saudável que tens proporcionado neste blog;)

Anónimo disse...

Obrigada eu, que assim como tu, acho o debate algo muito interessante e produtivo.
Eu sei que a lei em Portugal comtemplava algumas excepções em relação ao aborto e também concordo contigo, quando dizes que os jovens nem sempre tomam as devidas precauções no que toca á sua vida sexual. Os jovens hoje em dia, na sua maioria, são muito irresponsáveis e são adeptos da ideologia: VIVE O MOMENTO! Creio que por vezes esses momentos são suficientes para se sofrer uma vida inteira.
Eu tenho a certeza que a partir do momento em que neste referendo ganhou o sim, o número de abortos irá duplicar ou até mais, tratando-se o aborto como um anticonceptivo, de uma forma muito banal e vulgar, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Mas mais uma vez repito: os jovens não querem assumir essa responsabilidade sendo tão jovens, sendo natural que recorram ao aborto. Tudo bem que a gravidez é fruto da irresponsabilidade deles, mas mesmo assim, ser pais quando ainda têm um futuro pela frente...é complicado!

PS: agora, mudando de assunto, devo dizer-te que visitei o teu perfil de hi5 e verifiquei que és de Coimbra. Eu este ano por acaso vou concorrer a Coimbra para a Universidade (que tem uma biblioteca lindísima, diga-se de passagem!). Adoro a tua terra. Tive á muitos anos aí, quando era criança, no Portugal dos Pequeninos. Adorei! lol

beijos e fica bem

Gonçalo disse...

Cristina Guerra:

Desculpa a minha insistência em discordar da tua opinião, mas é um motivo para alimentar a discussão saudável que temos tido e, além disso, não posso concordar com o aborto ainda por cima para solucionar a inconsciência da juventude como tu quiseste mostrar. Sou uma pessoa com os olhos postos na Prevenção e é difícil compreender que os erros serão solucionados através do fim da vida de alguém.
De qualquer das maneiras, mesmo assim vou continuar a lutar contra isto e peço-te para usares da tua consciência para evitar este tipo de soluções, se cada um de nós pensar assim menos erros serão cometidos e, consequentemente, menos abortos serão realizados.

É verdade, sou de Coimbra e passei a minha formação académica aqui também, e acredito que esta é uma das cidades com maior mística académica e com um espírito romântico que encontro em poucas grandes cidades de Portugal. Julgo que é uma boa opção estudar em Coimbra, por isso apoio-te nessa decisão e acredito que não te arrependerás;) Verás que há mais atractivos turísticos do que o Portugal dos Pequenitos e a Biblioteca:) Já agora, qual o curso que pretendes ingressar?
Se tiveres hi5 podes-me adicionar, estás à vontade.

Beijinhos e fica bem;)

Anónimo disse...

Concordo plenamente contigo na medida em que disseste que o aborto não pode ser utilizado para emendar os erros dos jovens. Mas creio que não há nada que possamos fazer. Por mais informação e facilidades de acesso a certo tipo de coisas que os jovens têm, haverá sempre a "irresponsabilidade", que se pensares bem, já é uma caracteristica da adolescencia e juventude. Os jovens passão por aquela fase em que tudo querem experimentar; novas experiências, que tanto podem ser sexuais, como a nivel de drogas e alcool...
Todos nós sabemos isso e acredito seriamente que é algo que nunca irá mudar. Claro que estas experiências podem ser feitas de forma responsável e ponderada, max os jovens só pensam no divertimento sem limites e nunca pensam nas consequencias.
Por isso o aborto será sempre visto como uma forma de solucionar um problema. Mas mais preocupante ainda é o facto de o aborto, possivelmente, começar a ser visto como anticonceptivo. De certo será isso que irá acontecer.
Estou mesmo a ver o que vai acontecer em Portugal: fecham-se as maternidades e abrem-se as clinicas especializadas em abortos.
Será muito triste, mas creio que em breve será uma realidade!


Relativamente ao meu curso, desde criança que tenho o sonho de ser arqueóloga, mas em Portugal essa é uma área que se encontra apagada da realidade. O Estado nunca ajuda quando se trata de descobrir o passado e o emprego é algo que não existe. Neste âmbito deveria escolher outra coisa, mas também não quero tirar um curso qualquer que não goste, só para dizer que andei na universidade. Pretendo ir á mesma para a área da história. Vou para História e depois, daqui a três anos quando chegar a altura de escolher a especialidade é que já não sei...ou me formo em património cultural e restauração ou me formo em história da arte. Também é um dos meus sonhos trabalhar numa galeria rodeada de grandes obras. Como vês tenho uns gostos muito pouco comuns para um rapariga de 18 anos. Em vez de fazer como os outroa jovens que de falamos á pouco, que se dedicam ao alcool, ás drogas e ao sexo (nem todos, claro!), adoro literatura, historia, arte...
Mas também pretendo concorrer, além de Coimbra, a Évora que, provalvelmente, devido á proximidade e áquela questão da "preferência regional", deverá ser aí que irei ficar. Não sei de nada, mas será provavel que Évora seja o meu destino. Mas de qualquer forma irei concorrer a Coimbra. Também tenho grandes aspirações de me esforçar muito nos estudos para, no segundo ano, conseguir participar no erasmus, para ir para Itália. Em termos de históris da arte, Itália é o expoente máximo!

Irei adicionar-te no hi5! ;)

beijos

Gonçalo disse...

Cristina Guerra:

De facto acredito que neste momento precisamos de ponderar sobre o nosso futuro profissional, já no tempo em que entrei em Enfermagem foi assim, mesmo tendo como primeira opção outro curso optei ppela alternativa Enfermagem porque me seduzia pelo que a minha mãe me transmitia e pelas saídas profissionais. Infelizmente, sofri com o primeiro ano de grandes dificuldades no emprego em Enfermagem e continuo a sofrer por aindas estar no desemprego.
Também gostava de te incentivar a seguires os teus sonhos profissionais pelo menos, mas a vida profissional neste momento está complicada e para isso aconselho-te uma opção equilibrada na perspectiva prazerosa e de acessibilidade profissional.
Se não for Coimbra será outra cidade bonita de certeza que ter acolherá e fará sentir o inesquecível espírito académico, Évora talvez seja uma boa opção, mas não posso falar muito porque é das poucas grandes cidades portuguesas que ainda não conheço..Upssss;)
Acredito que será uma experiência muito enriquecedora que terás em Erasmus, a experiência pelo que ouvia dos meus colegas é muito agradável, não concorri porque não domino muito bem mais línguas além do português, arranho o Inglês ainda assim:)
Beijinho grande e fica em paz.

Anónimo disse...

Esse é o meu maior medo!! O de estudar anos e anos e depois ficar parada, inactiva, esperando que a vida melhore. Infelizmente, o desemprego é uma das pragas do século XXI, pois com tanta tecnologia e a chamada globalização, as máquinas vão cada vez mais ocupando o lugar que anteriormente pertencia ao Homem. Creio que a tendência será piorar, infelizmente!
História é das áreas mais afectadas pelo desemprego e tenho muito medo do que eventualmente me possa acontecer. Mas enfim...como deves ter visto no meu hi5, eu só me interesso por coisas que não dão dinheiro a ninguém. Posso até ser inteligente e, como um dia o nosso amigo Luis Santa me disse, escrever bem e ter gostos requintados, mas neste país de nada me servem! Tenho medo mas vou arriscar! Não me parece bem tirar um curso que tenha mais saída, como informática ou algo relacionado com tecnologias, e depois estar a vida inteira a trabalhar em algo que detesto. Um dia uma personalidade do século passado disse (desculpa, mas não me recordo quem foi): "Escolhe um trabalho de que gostes e não terás de trabalhar um único dia da tua vida"! E é desta forma que penso.

Gonçalo disse...

Cristina Guerra:

Eu compreendo o que queres dizer com essa frase e concordo com ela, no entanto, se não te derem essa oportunidade para trabalhares no que gostas, ou andares numa situação instável com a profissão que escolheste para a tua vida, também não ficarás inteiramente feliz e descansada.
Posso-te dizer que escolhi a Enfermagem e neste momento ainda não obtive o prazer profissionalmente, uma vez que a oportunidade não surgiu ainda, apesar de muitas tentativas minhas. É uma sensação de frustração e vazio que me incomoda deixando-me numa situação de inutilidade por momentos.
Por isso o meu conselho passa pelo encontro que possas ter com o equilíbrio entre o prazer e a saída profissional, se não encontrares esse equilíbrio talvez seja preferível optares pelo teu sonho e aguardares pela tua oportunidade. A enfermagem tornou-se um desejo meu nos últimos anos e mesmo no desemprego, continuo a aguardar pela oportunidade que sei que vai aparecer mais cedo ou mais tarde.
Um beijinho grande para ti e obrigado pela partilha de ideias.