A publicidade é um meio de comunicação que provoca sentimentos contraditórios consoante a construção do anúncio, ora provocando tédio, ora presenteando-nos com momentos de boa disposição...Uns incentivam-me ao chamado zapping quando a banalidade e a falta de criatividade se revela em anúncios sensaborões...Outros são construídos de forma tão imaginativa e ao mesmo tempo com tanta simplicidade que nem nos importaríamos de ouvir “Agora vamos para um breve intervalo...” se todos os anúncios fossem como estes...
Desta forma, aceitando os “breves” intervalos de meia-hora da TVI, temos que gramar com muito anúncio fraquinho que nos leva a questionar a existência de publicidade na televisão, sendo entremeado com outro tipo de anúncios bem delineados como é o exemplo deste anúncio protagonizado pelo jovem pastor Nuno Filipe, de Soutelinho do Mesão. Para quem não se recorda, este jovem apareceu há uns tempos numa das fantásticas reportagens exclusivas da TVI, em que a pacata vida de um jovem pastor, perdido na sua aldeia no meio das suas cabras, foi motivo de destaque televisivo nacional, sendo agora aproveitado pela Netcabo (a isto chama-se publicidade gratuita...) para divulgar os seus produtos.
O aproveitamento da humildade e simplicidade de um jovem aldeão para facturar é talvez o ponto negativo deste anúncio, no entanto não deixa de ser algo que me prende a atenção quando o vejo, dada a boa disposição que o humor natural me proporciona...Só tenho pena que depois do único jovem da aldeia de Soutelinho do Mesão ter corrido o mundo enquanto não estava com as suas cabras, de ter conhecido novas culturas, trocado e-mails, ter enviado e recebido milhares de fotografias e músicas, vir dizer descaradamente que escreveu em blogs, sabendo bem que não se dignou a colocar uma palavra por pequenina que seja neste blog...Fico chateado, pois claro que fico chateado...
Independentemente disso, “Há coisas fantásticas, não há?”...este anúncio é uma delas:)
8 comentários:
Parabéns Gonçalo pela excelente denuncia que a brincar acabas de fazer neste teu blog cada vez mais preenchido pela grande riqueza dos temas que aqui escreves. Para comentar o texto que denuncias e muito bem só me surge o seguinte. A escravidão contemporânea é diferente da antiga, mas rouba a dignidade do ser humano da mesma maneira.
Um Abraço
Luis Santa
Há coisas fantásticas não há? e tu não és uma coisa , mas sim uma pessoa fantástica é só o que posso dizer de ti e deste teu post, cada vez gosto mais de viajar neste bocadinho do teu mundo... nunca páres tens muito talento.
beijinho.
Margarida
Mais um texto muito interessante. Um texto que marca pelo sentido verídico nele colocado, dado o tema tratado. Penso que de uma forma mais descontraída soubeste abordar e trabalhar muito bem um dos aspectos mais negativos da televisão portuguesa. A publicidade desperta em nós atitudes que por vezes “atacam” os nossos sentimentos. Não posso dizer que me mostro completamente indiferente a este aspecto, pois estaria a mentir e não o querendo fazer prefiro dizer que esta forma de ocupar os intervalos por vezes demasiado grandes das nossas instituições televisivas são por vezes, e para mim, o apelo ao “mudar de canal” ou mesmo ao “desligar do pequeno écran”. Depois existem aqueles casos como o que tratas aqui que me fazem negativar ainda mais o aspecto publicitário dominante.
“O aproveitamento da humildade e simplicidade de um jovem aldeão para facturar é talvez o ponto negativo deste anúncio…”.
Na verdade penso que isto está para durar. Cada vez mais assistimos a casos semelhantes a este e não vejo meio de se pôr fim a tal. Pelo menos, e sendo sincera não encontro sinais nem vestígios de que isto se possa alterar, mas tenho sempre aquela esperançazinha… ;)…
Pois eu tb tenho que concordar com o comentário ja feito por uma pessoa e vou tornar-me repetitiva: tu és fantastico, nao só pelos textos e pelas opiniões mas tambem pela pessoa que és, cada vez mais maravilhosa!!!Já agora a tua voz continua a ser igual e linda...beijos e obrigada por seres assim
Cátia
Meu caro amigo Luís:
Esta denúncia redigida de forma irónica só prova que as grandes entidades e indivíduos continuam a dominar os fracos e oprimidos, aproveitando-se do verdadeiro povo para servir os seus interesses. Não tenho tanta maturidade para afirmar que "A escravidão contemporânea é diferente da antiga, mas rouba a dignidade do ser humano da mesma maneira", mas acredito que estejas correcto porque a História sempre contou desta forma, apenas uns laivos de revolução reduziram mais estas diferenças.
Um abraço grande.
Gonçalo
Minha querida Margarida:
Obrigado pelos elogios, obrigado pela importância que me atribuis, obrigado pelo reconhecimento dado a este espaço de todos nós...
Talento?Talvez tenha algum, apesar de continuar a acreditar que o dom da escrita nasce com as pessoas, o que na minha opinião não nasceu ou então revelou-se mais tarde do que esperado..Mas vou continuar a esforçar-me por evoluir numa das actividades que tanto prazer me tem oferecido, esperando que a qualidade surja de forma progressiva e sustentada.
Beijinho grande.
Gonçalo
Minha querida Sofia:
O zapping vai sempre existir, o aproveitamento de interesses também, portanto só nos resta contemplar este e outro tipo de raros anúncios que ainda nos proprocionam boa disposição. Exemplos disso temos os anúncios com o elenco do Gato Fedorento, os anúncios da Coca-Cola, da Vodafone, entre outros...
Assim, não percas a esperançazinha e encara a monótona publicidade com algum optimismo e boa disposição:)
Beijinho grande.
Gonçalo
Minha querida Cátia:
Depois de limpar o queixo de tanta baba, quero agradecer o teu comentário elogioso e dizer que também continuas na mesma, com uma voz doce e meiga e com um carácter que me agrada imenso. Apenas algo de diferente que senti em ti desta vez..estás mais feliz:)
Beijinho grande.
Gonçalo
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