terça-feira, 18 de julho de 2006

Lágrima em Enfermagem: sensibilidade ou mau profissionalismo?


Há uns dias atrás fui confrontado com a seguinte questão polémica: Será correcto o enfermeiro expressar as emoções pela morte de um doente, ao ponto de deixar cair as lágrimas perante a família desse doente?
Teoricamente, a formação que tive leva-me a negar este tipo de emoções, no sentido da relação de ajuda que se estabelece com a família exigir o controlo dos nossos sentimentos, mostrando a segurança e a confiança necessárias. Uma vez que o enfermeiro é a pessoa mais privilegiada e próxima da família, e sendo que esta precisa do apoio necessário para ultrapassar os infortúnios da doença, não será credível revelar uma imagem frágil e desmotivada...Senão, o que marcaria a diferença entre um enfermeiro e uma pessoa sem a formação em Enfermagem? Assim, qualquer um poderia prestar o tão exigido apoio emocional, sem necessitar de qualificações teóricas e práticas, qualquer um poderia ser enfermeiro nesta situação...
Contudo, os argumentos que obtive de uma pessoa experiente na área, fez-me pensar que esta expressão de emoções perante a família poderá ser vantajosa, reveladora de sensibilidade e pureza de sentimentos, em detrimento de uma imagem fria e calculista...Questionei-a acerca da reacção da família a esta postura do profissional de enfermagem, tendo sido revelado que, uns tempos mais tarde, a família agradeceu aquele tipo de apoio demonstrado entre um ombro amigo e a lágrima no olhar...Além disso, o enfermeiro cria laços fortes com o doente, tendo que ultrapassar esta separação sob pena de não conseguir processar a perda desse ente querido, iniciando um processo de luto patológico...Argumentos que me fizeram pensar, sendo reforçados no final pelo incentivo à expressão natural das emoções perante a família, sempre que o controlo de sentimentos e de conhecimentos que se exige na enfermagem forem praticamente impossíveis de realizar...A família sentirá essa nobreza e partilha de sentimentos e agradecerá eternamente...
Sendo esta uma das perguntas difíceis, ao qual ainda não obtive resposta conclusiva, por existirem argumentos lógicos dos dois quadrantes, peço a vossa ajuda para, com os vossos comentários, me ajudarem a efectuar um juízo final...Conto com a vossa experiência, tanto no papel de profissionais, como no papel de familiares...

8 comentários:

Anónimo disse...

Meu kerido Gonçalo (pq ja passaste a ser kerido),

Acima de tudo o que nos destingue dos outros seres vivos é que somos seres com SENTIMENTOS e como tal, sou defensora de que devemos manifestar os nossos sentimentos, claro com alguma descrição, neste caso porque é a tua profissão. Mas tambem es um ser com o minimo de sensibilidade... Acredito que devemos acima de tudo saber vicer com bom senso e tudo muito bem doseado (afinal não somos animais e ate esses alguns choram...e fazem luto...)Teoricamente ensinam nos que devemos nos portar de certa forma a nivel profissional porque é politicamente correcto, mas náo somos maquinas. Até podemos controlar e camuflar os nossos sentimentos mas ha sempre aquele dia com aquela pessoa em que relaxamos e deixamos transparecer todo o sentimento que existe dentro de nos. Isso inaltece o nosso ser e enriquece nossa alma ( aquela energia que faz de nos algo especial).
Chora Gonçalo...se tiveres de chorar... Costumo dizer que so se compadece quem algun dia ja sentiu a dor...Quem nunca a sentiu, não se compadece...E quem sente significa que esta vivo. E é tao bom viver... Acima de tudo se tu mesmo e juraria que tas no caminho certo.
Um Abraço,

Sofia Cunha disse...

Gonçalo, quando li este teu texto pela primeira vez (sim, porque li várias) recordei com saudade as minhas aulas de formação cívica no meu 10º ano. Lembro que o objectivo destas aulas era formar um aluno civicamente. As nossas aulas eram preenchidas com debates sobre diversos temas. Lembro que na área da saúde debatemos vários, nomeadamente, a “visão” que está patente neste texto. A professora fez-nos, embora por outras palavras, a questão que aqui colocas… lembro que me mostrei muito sensível à mesma e reagi dizendo que eu nunca poderia ser enfermeira ou médica. Sou demasiado sensível e de certo os sentimentos acabariam por se manifestar… não me saberia conter. Muito sinceramente penso que acima de tudo…e antes de ser enfermeiro, a pessoa é Ser Humano e como tal sente a eterna necessidade de se expressar, em cada momento e em cada situação que presencia. Ele sente a pura necessidade de o fazer… lembro que na altura surgiram várias visões: colegas meua afirmavam que esta questão teria de ser ultrapassada durante a licenciatura em enfermagem; outros defendiam que o enfermeiro é a pessoa que mais se deve conter no que diz respeito aos sentimentos e mais ainda perante a família de um provável doente dele. Recordo que as opiniões estavam bastante divididas e que com o meu pensamento apenas estava eu na sala. Ainda hoje tenho esta visão, apesar de me mostrar talvez um pouco, mas não muito defensora do facto que o enfermeiro deverá pelo menos tentar guardar para ele possíveis manifestações de sentimentos. Como te digo, antes de ter a profissão que tem, o enfermeiro é Ser Humano e como tal sente aquela necessidade que todos sentimos de nos libertarmos sentimentalmente…acho muito, mesmo muito sensível esta questão…esta “visão”…

Anónimo disse...

Gon, como d costume lá fui eu espreitar o teu blog pq é um lugar onde m sinto bem, gosto da tua maneira d ver o mundo e os posts k escreves são sempre muito interessantes, só k hoje fiz asneira em visitá-lo e acho k tu sabes bem o motivo.
Não vou entrar em detalhes teóricos pq esses nunca tive onde os expor, mas infelizmente tenho casos reais. Não kerendo falar muito disso sabes k m trás más recordações.
Eu até teria muitos exemplos para dar aki de enfermeiros, pq durante bastante tempo entrava no hospital desde as 12 horas e só d lá saía às 22horas.
Gon, realmente este tema é muito complexo e como em tudo cada pessoa é diferente e em situações mesmo iguais ninguém reage da mesma maneira, mas uma coisa te digo e te peço (não pq eu pense k tu não o farás ) mas deixa k a tua sensibilidade se sinta kuando tratas d um doente ,e ainda muito mais se ele for um doente terminal pq de uma coisa eu tenho a certeza , se tratares essa pessoa com carinho os seus familiares na hora d sair do hospital , e acredita k é a k mais dói, sairão pelo menos um pouco mais sossegados sabendo k deixam a pessoa k gostam com alguém k tem sentimentos.
Deus te ajude na tua caminhada, pq a tua profissão é linda mas tb difícil, mas sei k vais ser um óptimo enfermeiro, basta seres o ser humano lindo k és.
Um beijinho… Adoro-te
Margarida

Anónimo disse...

Gonçalo..
Nunca te esqueças que antes de sermos profissionais somos pessoas! E como pessoas que somos, fomos feitos de sentimentos e emoções e não de aço! Temos os nossos sentimentos nem sempre faceis de controlar! Porque a dor atinge-nos, a felicidade faz-se sentir e a tristeza toca-nos!
Porque nos havemos de esconder atras de uma mascara?!Para as pessoas um dia dizerem que nem os enfermeiros se importaram c a morte do seu ente querido?! Sim porque isso foi uma das coisas que muitas vezes ouvi..
Passei o ano passado por um serviço onde, infelizmente, tive vários contactos com esta realidade..E porquê não chorarmos se sentimos que precisamos?! A vida é tão efémera que se estivermos a tentar controlar os nossos sentimentos vemo-la passar num ápice..
Chorei quando senti necessidade, ri quando senti que era isso que queria..E se me perguntares se fui boa ou ma profissional digo-te apenas que fui eu própria..Porque antes de ser a enfermeira andreia (ja posso considerar assim ne?) sou a andreia e como tal as minhas acções vão de encontro à minha personalidade..
Beijo

Anónimo disse...

Todos nós somos seres humanos e, como tal, temos as nossas emoções. Mas creio que se um paciente morre, não é de todo uma boa opção chorar em frente aos familiares. É melhor transmitir a essas pessoas tranquilidade e serenidade. Depois, quando o enfermeiro ou médico em questão, se encontrar sozinho, aí sim deverá exteriorizar os seus verdadeiros sentimentos.

Eli disse...

Como estou cansada, resolvi não ler mais, mas passei para dar uma vista de olhos pelas imagens. Espero que não te importes... e descobri esta, cuja também está no meu blog, num post chamado "Tristeza".
Desculpa o trabalho que te estou a dar para leres todos os meus comentários...

Gonçalo disse...

Vou expolrar mais o teu blogue, mas enquanto isso se quiseres dá-me mais uma posta para o teu texto "Tristeza";)
Besitos***

Anónimo disse...

Sim, provavelmente por isso e