quarta-feira, 19 de julho de 2006

A Lei do Amor I


“Quando há ódio entre duas pessoas, a vida reuni-las-á tantas vezes quantas forem necessárias até este desaparecer. Nascerão uma vez e outra perto um do outro, até aprenderem a amar-se. E virá um dia, depois de catorze mil vidas, em que terão aprendido o suficiente sobre a Lei do Amor para que lhes seja permitido conhecer a sua alma gémea. Esta é a melhor recompensa que um ser humano pode esperar da vida. E podem ter a certeza que caberá a todos, mas a seu devido tempo.” Laura Esquivel In A Lei do Amor

Este é o primeiro de alguns excertos de uma obra sublime que pretenderei partilhar convosco nos próximos tempos, sempre que o destino assim o queira, como o próprio livro traduz...
Este excerto debate a importância do amor na descoberta da nossa alma gémea, como sendo o resultado do desaparecimento gradual do ódio, ao longo das diferentes vidas por que passamos...
Pelos vistos, a chave para abrir a porta da felicidade e do amor eterno passa pelo sofrimento que possamos passar até descobrir e partilhar o verdadeiro amor entre as pessoas, os animais, as plantas e os objectos...Muitos momentos serão dolorosos, simbolizando a adaptação da nossa alma à diminuição dos sentimentos de ódio e ao aumento dos sentimentos amorosos, mas a melhor recompensa que teremos será a celebração do amor eterno, indo de encontro à pessoa que nos completará...
Se o amor é a solução inevitável para esta questão, porque razão não aprendemos a amar mais cedo? Um grande abraço para todos e façam o favor de amar...

4 comentários:

Sofia Cunha disse...

És lindo, sabias?...;) e é também muito linda a forma como tratas ou abordas temas tão sensíveis como o amor.
Como te disse, não conheço este livro mas, de certo será um dos próximos que lerei. Conheço a autora e sei que nas suas obras existe como que um “despertar” para o tratamento de lições como a que aqui descreves. “Como água para chocolate” é mais uma obra do grande universo de Laura Esquivel e esta lição, como em quase todas as obras dela, está lá também patente. Ela consegue construir cenários únicos, consegue transportar-nos para outras épocas, consegue fazer-nos recuar até ao nosso passado e até nos consegue fazer vislumbrar traços das nossas vidas passadas. E, ao mesmo tempo, reporta-nos para um cenário futurista bastante plausível, cheio de surpresas e tecnologias estranhas com que nos custa a princípio familiarizar, mas que depressa se tornam conhecidos e previsíveis.
Quanto a este excerto, penso que demonstra a bela visão que em palavras ela sabe muito bem transmitir, ao ponto de fazer pensar e pensar muito o sujeito leitor. É típico de Laura Esquivel e das suas mensagens. Adriana del Moral Espinosa chamava-lhe “a alquimista do amor e da cozinha”. Ela quase que fazia uma espécie de tempero para o amor, e no amor, vendo-o como algo, talvez uma força arrebatadora que acaba sempre por rebater e ultrapassar todos os obstáculos. É assim que também eu vejo o Amor… capaz de ir contra tudo s todos.
Beijinho amigo…;)

Anónimo disse...

Meu querido Gonçalo,

A resposta e tão simples…. Primeiro não somos perfeitos e o tempo de aprendizagem depende de pessoa para pessoa. Depois como queres aprender a amar se não tens referencias nenhumas e as que temos são deturpadas pelas pessoas que nos rodeiam.
Estamos demasiado presos aos bens materiais que os bens mais subtis nos transcendem. O nosso ego nos impede muitas vezes de amarmos incondicionalmente. Toda a gente diz que ama, mas toda agente impõem condições.
Como se pode amar alguém e tentar constantemente alterar a personalidade dessa pessoa, tentar constantemente domina-la, exercer um certo poder sobre essa pessoa. Não estamos a amar o que ela é mas sim o que gostaríamos que ela fosse.
E tão fácil amar que essa simplicidade se torna assustadora que a grande maioria prefere confundi lá e adultera lá para tornar esse sentimento confuso e algo de complicado.
Quando um homem ama uma mulher e vice-versa, se este ou esta se da demais ninguém valoriza, o ser humano é demasiado imperfeito e conforma-se com essa imperfeição, dai o facto de a aprendizagem ser demasiado lenta. Ninguém ou pouca gente procura esse amor que tu fales e que eu de uma forma bem subtil, já tive a oportunidade de frisar.

Acredito que o ser que nos complementa existe. Por vezes mais novo ou mais velho, a aprendizagem dele ou dela pode também ser mais lenta que a nossa, dai a dificuldade em se encontrarem. Mas quando um encontra o outro, este saberá amar incondicionalmente e esperar pacientemente a evolução do ser amado e poderem finalmente se unir numa única força, a única que vale a pena o “Amor”. E verdade são necessárias várias vidas para podermos encontrar essa energia que sempre procuramos…e não sabemos porque não temos consciência de que ela existe.

Beijinhos

Anónimo disse...

Boa escolha Gonçalo, estamos a dar-te trabalho, mas pelo resultado, vale a pena.
São frases que me dizem muito e que se enquadram bem no ambiente onde vivo
Antes de mais desculpa não comentar, não me esqueci de ti,... Pelo contrário, tive de me afastar para me reencontrar e poder voltar a 100%! Mas estou de volta! Li atentamente o que escreveste, lindo como sempre...

Não sei se alguém sente o amor dessa forma tão sábia. Afinal, ainda estamos em fase de aprendizagem e por muito sensatos que possamos parecer, não somos perfeitos. Podemos não ser possessivos, mas egoístas; podemos amar de todo o coração, mas sempre temos medo de perder. Uma coisa é certa: é o Amor que dá todo o sentido à vida.
Os meus parabéns pelo post! Que venham muito mais.
Um beijo grande para ti....ADORO-TE

Anónimo disse...

Amigo Gonçalo é sempre com um enorme prazer que visito o seu blog, devo dizer que muito me apraz a leitura daquilo que escreve, hoje quero fazer um breve comentário ao texto que escreve sobre o Amor.Acontece que não é facil falar destas coisas, mas também não as devemos ocultar quando é aquilo que estamos a sentir, porque o amor é uma actividade, não um afecto passivo; é um acto de firmeza, não de fraqueza...é propriamente dar, e não receber.
A grande escola é o amor: as exigências do amor levam a grandes heroísmos. Quando a amor é verdadeiro, o sacrifício não dói; o amor faz estimar como bem próprio aquilo que é um dever.
Em assuntos de amor são os loucos quem tem mais experiência. Sobre o amor, não se deve perguntar nada aos sensatos: os sensatos amam sensatamente, o que equivale a dizer nunca ter amado. O amor, no seu conjunto, não se reduz à emoção nem ao sentimento, que não são senão alguns dos seus componentes. Um elemento mais profundo, e de longe o mais essencial de todos, é a vontade, que tem o papel de modelar o amor no homem. Na amizade - ao contrário do que sucede na simpatia - a participação da vontade é decisiva. Amor e desejo são também coisas diferentes. Nem tudo o que se ama se deseja e nem tudo o que se deseja se ama.
Não podemos nem devemos confundir o amor com a paixão dos primeiros momentos, que pode desaparecer. O verdadeiro carinho cresce na medida em que os dois estão mais unidos, porque partilham mais. Mas para partilhar é preciso dar. Dar é a chave do amor. Amor significa sempre entrega, dar-se ao outro. Só pelo sacrifício se conserva o amor mútuo, porque é preciso aprender a passar por alto os defeitos, a perdoar uma e outra vez, a não devolver mal por mal, a não dar importância a uma frase desagradável, etc. Por isso o amor também significa exceder-se, fazer mais do que é devido.
O amor é paciente, é bondoso; o amor não é invejoso, não é arrogante, não é ambicioso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda ressentimento pelo mal sofrido, não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. e ainda que tivessemos o dom da profecia e conhecesse-mos todos os mistérios e toda a ciência, e tivesse-mos toda a fé, até ao ponto de transportar montanhas, se não tivesse-mos amor, não seriamos nada. E, ainda que distribuísse-mos todos os nossos bens para sustento dos pobres, e entregasse-mos o nosso corpo se não tivesse-mos amor, nada se aproveitaria.
O amor verdadeiro não há-de ter "porquê" nem "para quê". Se amamos porque nos amam, é obrigação, fazemos o que devemos; se amamos para que nos amem, é negociação, buscamos o desejo. Então como há-de ser o amor para ser verdadeiro? Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Porque o verdadeiro amor não se conhece por aquilo que exige, mas por aquilo que oferece. Devemo-nos amar quando menos o merecer, porque será nessa altura que mais necessitaremos, porque o segredo para dar mais relevo às coisas mais humildes, mesmo às mais humilhantes, é amar.
Um grande abraço
luis