Questionei-me há umas semanas sobre a distância existente entre as pessoas no evento TED no Porto, nomeadamente na sua faceta de Networking. Não seria preciso um evento TED para questionar-me sobre as relações mas nesta precisa situação foi alarmante a sua distãncia. Tudo porque este é um evento que apenas faz sentido com pessoas capazes de quebrar barreiras e iniciarem novas relações, sejam pessoais ou profissionais, e o que se viu foi um corredor de pessoas pregadas nas suas individualidades ou com os seus pequenos grupos, e apenas com a vontade do fim do intervalo, do contacto e dos olhares indiscretos. Eu próprio, que considero-me uma pessoa com um poder de iniciativa razoável, senti-me perturbado com a ideia de querer e não poder dentro de uma barreira invisível que impedia e inquietava.
Parei e pensei.
Haverá imensas razões para este desfecho, vocês saberão muitas mais, mas para mim há quatro boas razões para o afastamento das pessoas.
Primeiro, o medo da rejeição. O medo de receber um rotundo "Não!" O medo de receber apenas um sorriso tímido e um "Adeus, ó vai-te embora!" disfarçado por uma falsa simpatia. Ou mesmo receber umas costas voltadas na resposta em troca.
Segundo, o medo da suspeição. O medo de pressupor um interesse inexistente. A abordagem pela troca de favores sociais, profissionais, económicos ou sexuais que na realidade não existem. Isto porque o oportunismo dizimou as últimas gerações, fazendo crer que tudo pode ser uma oportunidade disfarçada e ignorando gente pura e apenas com o único prazer do estar e do ser.
Depois temos o medo do preconceito. O medo de se ser alto, baixo, gordo ou magro. Ter uma perna maior que a outra, uma borbulha na testa ou uma verruga peluda no queixo. O medo de se ser e de ter quando o principal é o saber estar. Mas este medo existe e impede muitas relações!
Por fim temos a razão do individualismo. Há mesmo gente que não tem medo da rejeição, da suspeição e do preconceito. Apenas tem medo de perder o seu ego e fecha-se apenas sobre si. Ou então tem todos os medos em si. Um caso de estudo que não me interessa!
E agora pensar como seria o mundo com menos razões e com mais emoções. Acolher e ser acolhido. Receber que nem criança carente e expressar que nem gente madura. Rir para cimentar. Ser fiável e confiar. Estar em provas cegas. E pensar que este poderia ser mais do que um texto com um final utópico. Real, bem real!
Música: Rihanna - Stay
3 comentários:
Creio que caberá a cada um de nós tornar este final real. Comportamento gera comportamento e alguém terá de dar o primeiro passo para que o outro também se sinta motivado a fazê-lo...
Que não nos falte "20 segundos de coragem" para dar esse pequeno passinho - o mais complicado, possivelmente, mas o mais importante também! A mudança não é mais do que o somatório de pequenos passos que se dão!
Se nos deixarmos ficar por aquilo que os nossos olhos vêem nunca saberemos se falam verdade ou nos mentem ;)
Existe também o cansaço de lidar com certas pessoas e aos pouquinhos nos vamos afastando... falo por mim
Os eventos TED vivem sobretudo da espontaneidade, da partilha vivenciada ao segundo, do entusiasmo solto. Mas talvez num outro país que não este.
Se reparares bem, quando sais em viagem, também te sentes mais tu, afinal, do que no teu próprio país...
Assim, poria, talvez, a última razão em primeiro e a 3ª em 2º lugares.
Vive-se num 'oásis' de solidão camuflado com muito fait-divers fora de portas. E quem sabe no seu mais íntimo.
Beijos, Gonçalo
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