sábado, 5 de abril de 2014

Razão Vs. Naturalidade

Acordo de manhã com uma chamada de um Call-Center. "Bom dia, o meu nome é X e venho falar em nome da Empresa Y, no intuito de Z e queria perguntar-lhe se é um momento oportuno para me ouvir." Isto tudo num ritmo tão alucinante como mecanizado. Questiono-me se me estão a ligar ou se é brincadeira de Voice-Mail.

Cansado de ofertas manhosas em vozes de máquina de escrever, vou almoçar a um restaurante. Peço o que pretendo comer e eis que surge a pergunta da praxe: "E para beber?" Respondo: água. E quase ainda antes de ter respondido já me estão a perguntar: "Fresca, natural, com ou sem gás?". A meio da refeição sou interrompido mil e uma vezes para me perguntarem se está tudo bem. O problema não é o interesse, é a forma. A questão é feita de forma tão excessivamente respeitosa que me faz sentir o último terrorista à face da Terra.

Saio à noite. O espectáculo já tinha começado. Peço desculpa ao entrar porque sinto-me a interromper a uma sessão de missa em vez de uma noite de loucura musical. Tudo sentado nas suas cadeiras, num silêncio inquietante interrompido pela música que parece não acordar. Só faltavam as mãos ao alto e alguém no palco proferir um "Oremos, irmãos!". Alguém levanta-se da cadeira e começa a dançar. "Mas o que é isto?", pensam os outros. Mais tarde, alguém se levanta e acompanha a dança. A certa altura, outro, outro e mais outro deixam as suas cadeiras e desfilam boa disposição. Acaba-se a noite como se de um concerto dos One Direction se tratasse.

E este é o exemplo de que é possível acabar com a racionalidade dos operadores de Call-Center, de soltar os empregados de mesa, de libertar o corpo e a mente ao som da música e de naturalizar muitas outras actividades que vivem sob o excesso de padrões rígidos e formatados que apenas cansam e oprimem.

Libertem-se, sejam felizes!

Música: Klingande - Jubel


1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Menino :)
Quando o assunto é "negócio" a postura capitalista sobrepõe ao belo, ao natural. E na ordem do dia, enquanto uns se divertem outros estão a trabalhar.
O que se vê, tudo é questão de oportunidade, tempo e abertura para que a felicidade encontre na liberdade o momento oportuno para se eclodir e, assim, o Capitalismo esbarrará no que é Humano e tudo mais será diferente. Possível? Impossível?A resposta à questão é pessoal mas se o desejo é libertar e ser feliz faz-se necessário uma reflexão e ação focada em tais objetivos.
*Desejo-lhe semana de sucessos :)
Beijo grande. Fique com Deus.

Flávia