Aproxima-se a época de novo referendo sobre a Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez e as consciências agitam-se em busca da melhor decisão.
Por um lado, os movimentos pelo Sim apregoam melhores condições sanitárias para uma prática que, segundo eles, é inevitável. Por outro lado, os movimentos pelo Não salientam o direito à vida e uma aposta clara nas práticas conscientes e preventivas.
Efectivamente, a solução terá de se cingir à raíz do problema, em vez de se debater nas suas consequências nefastas, porque não é com um erro que solucionaremos outro erro.
Na sociedade de informação em que vivemos, a educação e informação dos cidadãos tem sido um direito progressivamente negligenciado, sendo prova disso a deficiente divulgação e debate sobre este tema a menos de um mês do referendo e a crescente passividade do Planeamento Familiar em Portugal. Recordo-me dos estágios de enfermagem realizados nos Centros de Saúde em que analisei e declarei em equipa o crescente desinteresse pela Educação para a Saúde, nomeadamente na área do Planeamento Familiar, sobrevalorizando-se a entrega de métodos contraceptivos em detrimento da comunicação aberta sobre a sexualidade. Como prova destas instaladas limitações, a poucos dias do referendo, o debate informativo e esclarecedor promovido por entidades públicas de saúde escasseia ou não atinge a maioria da população, a divulgação dos encontros promovidos por ambos os Movimentos é deficiente, e os media continuam a destacar fait-divers em prejuízo de questões de vida ou de morte.
Além disso, na sociedade Cristã em que vivemos, teremos de saber respeitar e cumprir os Mandamentos de Deus, incluindo o seguinte mandamento: “Não matar, nem causar outro dano, no corpo ou na alma, a si mesmo ou ao próximo”. Como verdadeiros católicos, independentemente dos interesses pessoais ou sociais, destacaremos o valor da vida e do bem, abdicando da aceitação de um pecado consciente.
Assim, diagnosticada a raíz do problema, lanço como alternativa o planeamento e implementação de um Programa Nacional de Planeamento Familiar concretizável e mensurável junto do indivíduo, família e comunidade (instituições de saúde, escolas, associações, etc), e por um maior apoio estatal e social nas situações de falibilidade deste Programa. Com uma sociedade mais informada e apoiada, a sexualidade será mais consciente e a existência de “vidas indesejadas” será compensada pelo apoio estatal e comunitário.
Reafirmo o meu NÃO à aceitação da inevitabilidade do homicídio, o meu NÃO a um crime com melhoria de condições, o meu NÃO ao fim indiscriminado de uma vida, o meu NÃO ao sofrimento da mulher pós-aborto, e o meu rotundo NÃO à despenalização da interrupção voluntária da gravidez.
Independentemente das posições por mim tomadas, respeito a diferença de opiniões, e desejo a adesão significativa ao referendo e a decisão por um voto consciente e responsável, como o problema assim o exige.
Obrigado pela vossa atenção.
8 comentários:
Eu sou contra o aborto. No entanto não recrimino quem o faça. E este referendo apenas pergunta se concordamos ou não com a punição das mulheres que provocam o aborto.
Ao aborto digo não.
Á despenalização digo sim.
Porque o que é uma mulher (que desesperadamente procura este recurso para livrar-se de um drama tão grande que é ter um filho e ter condições para o criar) e que esta sujeita a apanhar 2-3 anos de cadeia a um jogador de futebol que circula pelas estrada com mais de 1,2 g de alcool e que apenas é submetido a 40h de serviço comunitario?
Dá que pensar...
No entanto este assunto ainda é um pau de 2 bicos.
Querida Cátia:
"Eu sou contra o aborto. No entanto não recrimino quem o faça." Eu sou contra o homicídio e recrimino quem o faça. Ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém, apenas Deus, e não vou aceitar de ânimo leve algo que discordo, estaria a ser incoerente e a aceitar ser cúmplice de um crime.
O exemplo que deste entre as mulheres que abortam ilegalmente e a situação do Luisão é incomparável, são situações diferentes e não são os erros de julgamento do Luisão que vão atenuar ou ilibar as penas das mulheres que cometem aborto ilegal.
Se o problema é a sustentação do filho com condições de qualidade, apelemos então por essas condições em vez de fugirmos do problema e tomarmos atitudes mais sangrentas.
Beijinhos grandes e vota conscientemente.
Falei no Luisao pk o assunto veio a baila... MAS e se ele (tal como mais gentinha) tivessem atropelado alg?
os 2 anos de prisao tem a mesma justificaçao para uma mulher que abortou?
Querida Cátia:
São dois crimes condenáveis, por isso não aceito a atenuação ou ilibação de algum crime em comparação com outro crime. A lei tem de ser justa e punir os crimes, na questão do referendo apela-se à aceitação de um crime sem punição, daí o facto de não concordar. Concordo que as mulheres tem de ser punidas tal como o Luisão também deverá ser punido consoante a lei justa e clara. Nunca ilibar uma das partes.
Beijinhos grandes.
Olá Gon, de todos os temas que tens abordado, este é talvez um dos mais polémicos e ao mesmo tempo muito delicado. Eu pessoalmente só concordo com o Interrupção Voluntária da Gravidez em 3 casos, que quanto a mim o justificam, que são: risco de vida para a mãe, violação ou mal formação do feto, dentro da 10 semanas, ou se possível antes, pois julgo que no caso da violação o possa ser, mesmo assim nestes 3 casos acho que quem deve tomar a ultima decisão será sempre a mãe, pois é dentro dela que uma nova vida está a ser gerada.
Quanto às outras situações sou realmente contra, porque nos dias de hoje é só tomar as devidas precauções, os métodos anticoncepcionais que existem são quase 100% eficazes podendo por isso ser evitado o Aborto, que muitas mulheres deixa marcadas para o resto da suas vidas.
Sabes Gon eu já li e reli várias vezes este teu tema no blog, mas tu sabes como eu sou para comentar tenho que ter aquele momento certo, foi o que hoje me aconteceu, à tarde no meu local de trabalho numas das casas de banho, encontrei vários papeis onde apelavam ao Não ao Aborto, juntamente outros papeis com uns versos que eu li e m emocionaram e que vou escreve-los aqui.
Não tem o nome do autor, mas julgo que devam ser de alguém conhecido, seja ou não, aqui estão eles.
Direito à Vida
Mãe! Porque assim me rejeitas
Se ainda não nasci?!
Já te quero tanto bem.
Vais-te desfazer de mim?!
Sou pequeno novelinho,
Sinto-me aqui tão bem,
Junto de ti, tão fofinho
Neste aconchego, oh Mãe…
Pensa só no que te digo:
Se não me querias ter,
Não era de tua vontade,
Para quê me conceber?
Não te posso ver chorar
Com o meu pobre sofrimento.
Vais-me ter na tua vida
P`ra sempre no pensamento.
Escuta este meu pedido,
Entenderás meu clamor.
É um grito de revolta…
Mas também grito de amor
Um beijo
Curioso na mesma altura em que escrevo sobre o aborto, entro no teu blog e deparo com o mesmo tema. Não tenho opinião formada sobre tão delicado assunto, por isso mesmo não me vou pronunciar acerca do mesmo. aliás basta ler o que dentro em breve vou publicar no meu blog para constatar isso mesmo. Um abraço e parabéns pelos textos maravilhosos com que nos brindas.
Luis
Antes da mulher, deveriam ser penalizados o Estado, os companheiros das mulheres e os profissionais de saúde…
Acredito muito que nenhuma mulher interrompe voluntariamente a gravidez por vontade própria ou leviandade.
Beijinhos desta tua amiguinha...
Vivemos durante estes dois primeiros meses do ano mergulhados entre opiniões e pensamentos relativos ao tema do Aborto. De facto, assistimos aos constantes e evidentes movimentos realizados tendo em conta o “Sim” e o “Não”. Foi evidente todo um querer de parte a parte em demonstrar e defender as opiniões divulgadas. No fundo, verificou-se a vontade e o querer de defender um “Sim” ou o “Não”.
Recordo de há alguns dias ter falado contigo, ter escutado a tua opinião e, no fundo, o teu voto. Recordo-me de me teres dito que a solução deveria cingir-se à raiz do problema em vez de se avaliar pelas consequências provocadas. De facto, faz sentido que assim seja, até porque como tu disseste: “não faz sentido corrigir um erro com um outro”.
Hoje em dia, e cada vez mais, vivemos numa sociedade em que se verifica que a educação e a informação aparecem numa vertente mais negligenciada. Isto justifica-se pela forma como de facto, se evidencia a deficiente divulgação ou a assistência a debates relacionados com este sensível tema. Por outro lado, também assistimos à cada vez mais acentuada passividade das sociedades no que diz respeito ao Planeamento Familiar. Acredito que se esta situação se alterasse, muito do que até hoje se disse ou fez em relação ao aborto poderia ter solução ou parte dela nesta questão. Assim, penso que a solução passa ou poderá passar por aqui e também pela implementação de um maior apoio por parte do Estado nos casos em que possam existir vidas não desejadas, entre outros.
Reitero o teu “Não” até porque como cidadã cristão que sou tenciono e tenho como objectivo vital na minha vida não praticar o mal (preferindo sempre o bem) e no fundo, respeitar cada Mandamento Da Lei De Deus.
Sou a favor da vida! Ninguém tem o direito de “tirar” a vida a quem quer que seja.
Obrigado por me deixares opinar sobre este tema demasiado sensivel...
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