Depois da greve dos enfermeiros contra o desemprego, precariedade contratual, e remunerações injustas, deveria existir também a greve anti-estatuto!
Digam-me, qual o vírus que ataca a classe médica causando-lhes infecções estatutárias com manifestações num ambiente rico em enfermeiros?
Porque razão o enfermeiro tem a responsabilidade de manter um humor estável, trabalhar horas a fio sem remunerações compensatórias, sofrer grande desgaste físico e psicológico, e ainda por cima levar com o mau humor médico?
Mas, afinal de contas, o que é o estatuto?
Estatuto é uma corda invisível que aprisiona os enfermeiros, destitui-lhes da sua autonomia e torna-os meros profissionais de um trabalho de subserviência perante uma classe arrogante e autoritária. Só não percebo a criação deste laço opressor, eu próprio por vezes apercebo-me da desqualificação que faço à minha dignidade sem atribuir-lhe uma causa lógica, mas presumo que a desunião da enfermagem em contraponto com a cumplicidade reinante na classe médica, o poder económico num país onde o “Factor C” é critério de sucesso e a instabilidade profissional da enfermagem não sejam alheios a este problema.
Mesmo assim, afirmo convictamente que o estatuto é uma treta, um poder tão facilmente criado como destrutível, bastaria apenas uma classe de enfermagem mais unida e defensora da sua autonomia e dos seus direitos humanos e profissionais que a arrogância e insensibilidade deixariam de coabitar pelas unidades de saúde.
Basta de médicos que mal cumprimentam os enfermeiros, comunicam o mínimo indispensável ou nem isso, incitam-nos a fazer favores da sua área de competência, insurgem-se perante o mais pequeno erro mesmo que seja um erro de equipa, e no final abandonam os seus locais de trabalho como se fossemos invisíveis!
Felizmente há excepções, e tenho imenso prazer de trabalhar e ter trabalhado com médicos de elevada competência profissional, acrescida de uma humildade digna de registo, tornando o local de trabalho mais aprazível e recheado de uma mistura de boa disposição e responsabilidade, tal e qual como preconizo para a minha prática profissional.
Em suma, sejam médicos ou enfermeiros, professores ou alunos, patrões ou empregados, repensem sempre na dignidade de ambas as partes, combatam incessantemente os maus vícios, sempre com o princípio fundamental de que a liberdade de cada um acaba quando começa a liberdade do outro!
Enquanto isso, sempre que possível, continuarei a assar belos pares de chouriças nos turnos da noite, acompanhadas por uma deliciosa broa caseira e uma agradável companhia das auxiliares de serviço!
30 comentários:
A área hospital é constituída por diversos profissionais da saúde. Seja o biomédico, o médico, o enfermeiro, o nutricionista, enfim são tantos que entre eles sempre o médico sobressai ja que esta classe tem privilégios desde épocas remotas. São esteriótipos determinantes moldados de geração a geração os quais poderiam ser repensados uma vez que não é a única classe que possui méritos relevantes mas uma das que compõe o corpo hospitalar. Penso que se todos chegassem a este pensamento teu, poderíamos, sim,ser melhor valorizado dentro da vocação que optamos através da luta e união de todos em prol de um bem comum : realização plena profissional.
(Beijo, saudade...fica com Deus;) )
Olá Gonçalo, foi muito tempo sem trocar-mos umas meras palavritas, nem que fosse apenas para dizer OLÁ.
Adorei teres ido ao meu diário, ou seja ao meu caderno digital.
Pois não tenho ido ao teu, por imensos motivos:
1º- o meu "bichinho" caiu, e teve internado algum tempo para tratamento, e umas peças novas;
2º- o mês de Agosto é o pior, foram estadias na Figueira da Foz e em Tomar, se fossem férias até mesmo com um tempo mais de inverno que de verão ainda vá, mas foi mesmo em serviço. Torna-se cansativo, mas ao mesmo tempo é um desafio, conhecem-se novas pessoas, novos métodos de trabalho, melhores ou piores não importa, aprende-se sempre qualquer coisa, mas é muito cansativo, principalmente quando se fica sózinha à frente de um sitio tão polémico, e ter de tomar decisões por nossa conta e risco é complicado, mas infelizmente é assim há alguns anos;
3º- Alguns problemas de saúde, nada que não passe de problemas que alguns também tem;
4º- E por fim, e o pior, a volta ao ciclo normal de trabalho, cansada, sem motivação nenhuma, fazer um trabalho que nada tem ver comigo e com a minha maneira de ser e existir, e isso tem-me trazido muitos conflitos internos e alguns externos que em nada ajudam a que a vida ande. Antes pelo contrário, existem dias em que me apetece, pegar numa trouxa e enfiar-me num mosteiro e viver o resto dos meus dias em clausura. Sei que não era boa ideia, porque não sou religiosa, sou pobre e como tal não posso ir para o Tibet.
Enfim, Karmas e mais Karmas.
E Aveiro???????
A Éli???? É que perdi todos os meus favoritos e agora estou a começar do zero, se falares com ela dá-lhe um beijo meu e ela que me "visite".
Um abraço de luz e um beijo cheio de carinho por um ser tão puro.
Tua amiga
Ana
Certamente não é o seu caso, mas olhe que já assisti diversas vezes a enfermeiros a serem extremamente arrogantes com auxiliares de acção médica, provavelmente descarregam nestes as acções que sofreram dos médicos, enfim...
Fica uma história: recentemente fui a uma clínica fazer um exame, a certa altura em que uma enfermeira se dirigiu a mim a perguntar porque estava naquela sala e não numa outra, eu respondi "foi a sua colega que me disse para vir para aqui." ao que a Sra enfermeira responde muito indignada"-Minha colega não! Ela é uma auxiliar!"
Muito triste...
Oi garota:)
As ideias remotas estão sempre a tempo de serem contrariadas, para isso a causa deste problema seria a solução, ou seja, a enfermagem. Enfermagem mais unida seria uma classe mais respeitada!
Beijinhos grandes e até já:)
Olá Sra Dona Abelha:)
Desculpas aceites após uma enumeração de razões plausíveis:)
No entanto, em breve temos de nos desforrar e marcar um cházinho para Coimbra, talvez seja mais fácil assim, tenho saudades da tua energia positiva e da classe do teu amor:)
Aveiro está cada vez mais espectacular, iniciou-se novo ano académico e consigo sentir um cheiro a Academia acompanhado pela maresia que faltava em Coimbra, e gente gira pah...:P
A Eli está como o vinho do Porto, cada vez melhor e cheia de vontade de ser colocada em Ílhavo:)
Mas em breve darei-lhe o teu beijinho e saberás mais notícias da mulher misteriosa de Viseu:)
Beijocas fofas e até breve:)
Huma Senhora:
Em todas as profissões há bons e maus profissionais, e mesmo em Enfermagem há quem se esqueça rapidamente das humilhações provocadas pela classe médica e descarregue-as sobre a equipa de auxiliares que têm tanta importância como qualquer equipa, para mim são indispensáveis!
Com as auxiliares, o cumprimento com um sorriso é uma norma para mim, aprecio um bom convívio entre um grelhado e outro sempre que possível, ouço-as atentamente sobre os seus problemas em prol de um melhor ambiente no trabalho e sempre que posso lá ando abraçado a uma ou outra como sinal do meu apreço e carinho:)
Não pediria tanto aos médicos, apenas peço um ambiente mais saudável e igualitário!
Beijinhos e obrigado por mais uma partilha:)
Bravo! (ler com sotaque francês)
Bisous
Huma Senhora:
Com todo o gosto, sou um romântico e o Francês sempre foi considerada para mim uma língua romântica...hummm...palavras que ficam tão bem na boca:)
Beijinhos grandes**
É por estas e por outras que se devem ter calma e encarrar tudo com um sorrisos nos lábios, o respeito pelo proximo também não faz mal a ninguem!
abraço
Casemiro:
Infelizmente esse sorriso e calma são apenas traduzidos na enfermagem, enquanto isso a consciência fica tranquila!
Um abraço:)
Bem-vindo de volta, man!
Tanta conversa para se respeitar os outros e só dás a broa às meninas e esqueces-te do estatuto dos gajos auxiliares????
;o)
Abraço
Sorrisos em Alta:
Não me esqueci do estatuto dos gajos auxiliares, só que não há gajos auxiliares no meu trabalho. Tenho pena, sempre dava para comer mais chouriça e falar mais de futebol à segunda-feira :)
Um abraço:)
Como mero utente reparo na falta de humanização de muitos dos profissionais na relação com o utente/doente. E apercebo-me, quando frequento, as hierarquias estabelecidas no contacto humano entre si, quer entre profissionais do mesmo ramo, quer entre as categorias diferenciadas. Penso que não há necessidade, nem na tua área nem noutra qualquer. Mas já vi dar-se um dedo (salvo seja, óbviamente, estamos a falar de unidades hospitalares, não é) e quererem logo a mão,a seguir o pé e por ai fora. A complexidade das relações socias dá nisto. Daí que por vezes a hierarquia ou má educação, sirva de refúgio contra os abusos. Embora não concorde pessoalmente. Bom retorno à "blogos" Gonçalo, sobretudo porque este é um post de cariz político :-)) Ainda noutro dia deparei-me com um médico que respondia a determinadas perguntas que lhe fazia com um "eu não sou bruxo", embora sabendo eu de fonte segura que a medicina não é ciencia exacta, respondi-lhe que devia estar enganado, pois eu próprio sabia onde me dirigir caso precisa-se dos serviços de um charlatão. Ou seja não o mandei á merda directamente mas foi como se o tivesse mandado e ele percebeu muito bem. Como pessoa, quer como doente ou paciente gosto pouco de prepotentes sejam eles médicos, enfermeiros ou auxiliares. Nem eu próprio me suporto quando me vejo prepotente. O bom gosto, assim como a educação é algo que se pode aprender, se se quiser. Abraço dos coimbrinhas.
Sei de várias outras profissões que se enquadrariam nessas definições, tanto no lado dos médicos como dos enfermeiros. Veja-se o estatuto privilegiado dos juízes, por exemplo...
Abraço!
Prosas Vadias:
Conheço algumas pessoas que referem o uso de dureza/prepotência como forma preventiva de abusos, no entanto para mim isso também não serve de desculpa porque no meu caso relaciono-me humildemente com as auxiliares, a relação desenvoilve-se com harmonia e caso haja abuso, aí sim terei de tomar outras medidas, agora ser arrogante como prevenção seria na minha opinião um acto de insegurança.
As pessoas deviam relacionar-se em qualidade proporcional ao tempo de relação, mesmo sabendo que as personalidades são muitas das vezes divergentes.
Chamem-me utópico, no entanto a minha mensagem é esta e é assim que me sinto bem:)
Um abraço e até qualquer dia numa esplanada perto de si;)
Rafeiro Perfumado:
É verdade, este texto é representativo também para outras classes desde que haja uma relação hierárquica!
No caso dos juízes, agora beneficiam também do "processão" (vulgo nome atribuido no programa Contemporaneos) para o arquivo de casos mais delicados...que grande sátira!
Um abraço e bom final de semana:)
O estatuto vamos construindo... e essas pedras que nos vão atirando... irão ajudar-nos a construir o nosso castelo da profissão e enquanto pessoas.
Bem regressado às postagens..
ola goncalo agradeco a deus por haver no mundo pessoas como tu es uma pessoa mt bonita o teu coracao vale ouro respeito muito a tua profissao e a ti principalmente pelas palavras que me escreves te e pelo que falamos so te consigo ver como um grande homem obrigado por existires um beijo com muita ternura continua a ser a pessoa que es beijos
Rapaz,
não é que aqui no brasil temos o smesmos problemas???.....
rs...rs....rs....rs....
Gonçalo, eu acho que o sonho de alguns médicos era ser enfermeiro, mas como não conseguiram entrar foram para médicos...
Eu penso ainda, que nós, como seres superiores que somos, temos a capacidade de deixar os nossos problemas à porta do serviço, coisa que não acontece a boa parte dos "doitores".
Bjts
Vera:
O estatuto individual está ser criado mal ou bem, entristece-me é o estatuto alheio perante uma classe de enfermagem com um castelo sem muralhas (leia-se sem estatuto)!
Beijinhos e obrigado:)
Matilde:
Cheguei ao final do teu comentário com a respiração ofengante, uma vez que conseguiste juntar tanto elogio em tão poucas palavras.
Perante isto só tenho a agradecer e desejar estar sempre à altura do bem! Aparece:)
Beijinhos grandes e fica bem**
Sandra:
Foi com enorme prazer que li o teu comentário de estreia no meu blogue, em que juntaste uma pitada de humor com as verdades nuas e cruas!
Várias vezes ouvi dizer que o Sporting é um "clube diferente"...Apetece-me dizer que a enfermagem é uma "classe diferente", porque consegue na sua maioria deixar os problemas pessoais no seu devido lugar, no entanto o meu texto descreve também uma classe desunida e impotente face aos tais "doitores"...já no tempo da minha mãe era assim!
Quando quiseres uma discussão filosófica sobre a classe, procura-me!
:)
Beijinhos grandes e até breve:)
Anónimo:
Acredito, o mundo é uma aldeia global e o Brasil é o nosso país irmão, por alguma razão será, mais que não seja pelas assimetrias e hierarquias estabelecidas em comum!
Beijinhos e volta sempre:)
hmmm
Quem é que anda a fazer furor quem é?
O teu bloguinho.
Acho que antes de qualquer comparação, devemos sempre deixar os nossos problemas fora do (s) local (ais) de trabalho.
No entanto, nem sempre isso acontece e vermo-nos como iguais numa sociedade com ditadura hierárquica é algo que custa devido às raízes criadas pelos estatutos.
Cabe a cada um de nós manter o respeito sem recorrer ao desprezo.
:)
Eli:
Este blogue já teve melhores dias dada a maior disponibilidade e inspiração do autor, mas continuo a querer sempre mais e desejar cada vez mais furor!
Respondendo ao teu comentário, o problema neste caso passa pela criação de problemas dentro do seio profissional, independentemente da filtração dos problemas externos.
Mas também são estes problemas que nos aumentam a maturidade e com o tempo sinto que estou a crescer:)
Beijocas boas****
Oi Eli....
Até que enfim, eu já pensava que as "comadres" se tinham zangado, e eu já tava a ficar chateada e a pensar como teria que arranjar uma "desculpa" para ir ao GML de Viseu para ir ao Hospital para enfim te conhecer, tou em pulgas, mas vcs, os dois, nem me visitam virtualmente, agora tou amuada.
Beijinhos
Ana
Ana:
As "comadres" não se zangam, apenas estivemos com menos tempo disponível com reflexos também no teu blogue, mas lanço já o repto de um cházinho em Coimbra a três...que dizem?:)
E em breve o teu blogue terá a minha presença, deixa-me arranjar um tempinho:)
Beijinhos fofos****
"aprisiona os enfermeiros, destitui-lhes da sua autonomia e torna-os meros profissionais de um trabalho de subserviência perante uma classe arrogante e autoritária" = alguns(mas) chefes de enfermagem que ainda subsistem no SNS, que se deveriam reformar o mais rápido possível!
João Coimbra:
Seja bem-vindo ao meu blogue, e concordo contigo na parte, porque o todo inclui os chefes mas também o enfermeiro em geral que permite a destruição da classe e da sua autonomia e dignidade!
Um abraço e volta sempre:)
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