Não é habitual escrever sobre as minhas noites musicais mas a noite de ontem promete que quebre os hábitos e possivelmente comece a partilhá-los a partir de hoje.
Foi uma grande noite! Música, animação, o meu Porto, um ambiente intimista e excelente companhia foram ingredientes para um excelente serão.
Antes disso, um início atribulado, com uma chegada em cima da hora (o normal, portanto!) e a tentativa de vender ou, no limite, oferecer um bilhete a mais. Nas imediações do Coliseu do Porto tudo gente que tinha bilhete e descendo a rua conseguia encontrar gente sem bilhete mas que recusavam a minha oferta. Cheguei a sentir-me um "sem abrigo", mas desta vez a esmola era minha e os Santos desconfiaram. Recolhi para dentro com um bilhete a mais e uma vontade enorme de urinar. Alívio na bexiga, ufa! Estava pronto para a grande noite!
Primeira parte com um dueto que desconhecia. Ele com uma guitarra e ela com uma voz talentosa a lembrar Luísa Sobral ao qual só lhe faltavam os graves. Meia-hora tolera-se, mais do que isso seria um atentado aos ouvidos.
Segunda parte, o tão aguardado Jamie Cullum, ou "Jaime Calão" para os amigos. Superou as expectativas. Se já achava que era artista por aquilo que acompanhava à distância, presencialmente fiquei maravilhado com tamanha qualidade. Um homem dos sete instrumentos, um pianista que impressiona, com uma voz lindíssima valorizada por uma excelente acústica do Coliseu, uma energia que chega a cansar os olhos do público, uma naturalidade na movimentação em palco e acima de tudo a escolha da vocação certa. Por momentos cheguei a dizer que este homem não poderia ser enfermeiro. Nem enfermeiro nem outra profissão qualquer, só podia ser músico! Para as meninas que estão a ler, realço a sua telegenia em destaque no fundo do palco e sugiro-vos para uma próxima vez que precisem de colírio para os olhos. A acompanhá-lo, um excelente grupo de instrumentistas que tiveram o merecido destaque para além do anfitrião. E depois, a interacção que exijo sempre a um grande artista o Jamie teve!
Em suma, uma espectáculo de música que eleva e muito a fasquia dos espectáculos que já assisti, não sei se não terá sido a minha melhor noite musical mas uma coisa eu arrisco dizer: Jamie Cullum faz amar a música quem possivelmente não a amará!