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Fim de Semana verdadeiramente fabuloso!
Além de concretizar o Encontro Nacional de Blogueiros, conhecer pessoas interessantes, rever velhos amigos, conduzir até me cansar, desviar-me para uma passagem por Fátima no regresso a Coimbra, estar com a família e tomar um chá quente de maçã e canela no final da noite de Domingo, faltava destacar o grande aperitivo do fim-de-semana, na Sexta-Feira: Pedro Abrunhosa no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra!
Para não variar, cheguei ao concerto com cinco minutos de atraso, obrigando-me a assistir atrás da porta de entrada a uma nova versão da música Halllelujah, de Leonard Cohen, para não interromper a interpretação de Pedro Abrunhosa com o ruído da minha entrada.
Entrei, fui para a plateia (frente ao palco) e Pedro Abrunhosa ali tão perto, com uma camisola justa e garrida, umas calças ainda mais justas até ao limite, umas botas de pele mas quase do tamanho das minhas e os inevitáveis óculos escuros. Por momentos, pareceu-me ver um “Alien” ao piano, mas não, era apenas Pedro Abrunhosa com uma careca brilhante tipo pele plástica e uns óculos tipo mosca…
A primeira parte do concerto versou sobre a interpretação de várias musicas originárias de referências artísticas de Abrunhosa, como Leonard Cohen, Bob Marley e Prince, até começar a cantar as músicas de um artista mais a leste da América. A primeira destas músicas foi “Se eu fosse um dia o teu olhar”, e todos percebemos que o verdadeiro artista estava presente!
As músicas foram-se sucedendo umas às outras, recordavam-se grandes clássicos do tempo dos Bandemónio, a apresentação do novo grupo de acompanhamento Comité Caviar integrava-se na perfeição, e Pedro Abrunhosa revelava duas características muito importantes num bom artista. Primeiro, intervalava as suas músicas com comentários hilariantes ao ponto de fazer esboçar um sorriso à malta da fila da frente e levar ao rubro a malta das traseiras. A propósito disto, não compreendo a inércia do pessoal das primeiras filas, será que os bilhetes deles são mais caros porque incluem algemas? Mas pronto, voltando aos intervalos das músicas, mais do que um espectáculo musical, assisti a um comício político anti-Rui Rio, porque “Só um gajo do Porto é que pode dizer isto…” tal como ele frisou, e por vários momentos a um espectáculo de stand-up comedy. Além disso, muitos de vocês estarão a duvidar do espectáculo musical, há mesmo pessoal que duvida que tenha ouvido música, mas quanto a isso deixo de seguida a minha opinião clara e reflectida. Pedro Abrunhosa é um compositor, um dos melhores compositores de música nacional, mas parece-me que possui uma voz curtinha nos seus registos graves que piora consideravelmente quando revela os seus tons mais graves, ao ponto de se tornar imperceptível. No entanto, considero-a como uma das vozes mais sensuais, quentes e intimistas da música portuguesa, talhada sobretudo para ambientes fechados. Já assisti a três concertos de Pedro Abrunhosa até ao momento, e dois deles foram dos melhores que já assisti, um deles num pavilhão fechado numa festa académica de fazer chorar as pedras da calçada e o outro na última sexta-feira. O concerto que menos gostei dele passou-se num palco ao ar livre, onde as palavras levava-as o vento e a sua voz se dissipava pelo universo.
A festa continuava, e Abrunhosa aproveitava a oportunidade para divulgar duas ou três músicas do seu próximo álbum, uma delas o seu novo single “Fazer o que ainda não foi feito” que promete chegar aos tops nacionais. Estejam atentos!
Sentia-se o final do concerto, na altura em que Abrunhosa começava a interpretar a música “Lua” e a descer o palco para cumprimentar os presentes. Pedro Abrunhosa ainda mais perto!
De seguida, falsa despedida do grupo, uma passagem pelos camarins sabe-se lá para fazer o quê (a minha eterna questão), e o regresso para duas grandes músicas ao piano “Eu Não Sei Quem Te Perdeu” e “Tudo O Que Eu Te Dou”. O pano escuro do auditório caiu sobre o palco, mas o público queria mais e não arredava pé, obrigando a novo regresso de Pedro Abrunhosa, isto quando os restantes elementos do grupo já se estariam a despir e a guardar as “armas de guerra” dada a forma desorientada como entraram de novo em palco passado mais de dez minutos depois da entrada do vocalista...Era o momento para discos pedidos, todos queriam uma música diferente para fechar com chave de ouro, eu próprio gritei “Beijo”, mas a escolha foi mais do que acertada, “Pontes Entre Nós”.
Com música, humor inteligente, proximidade física e dedicação pessoal, dificilmente cairão as pontes entre nós, meu caro Pedro Abrunhosa…És um senhor!